Brasil já tem contratadas 23 milhões de toneladas de soja para exportar entre março e abril
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Fechamento de Mercado da Soja - Entrevista com Luiz Fernando Gutierrez Roque - Analista da Consultoria Safras & Mercado
DownloadO mercado brasileiro da soja atuou de forma um pouco mais tímida nesta terça-feira (24) e encerra o dia com suas referências, praticamente, inalteradas diante de uma estabilidade na conclusão dos negócios na Bolsa de Chicago e da baixa do dólar frente ao real.
Na conclusão do dia, o produto no disponível fechou com R$ 101,50 por saca, de referência, no porto de Paranaguá e R$ 101,00 em Rio Grande. Para abril, R$ 100,50 e R$ 100,00 por saca, respectivamente. No porto de São Francisco, o último indicativo também foi de R$ 100,00.
No interior, apesar do recuo no câmbio, algumas praças marcaram ganhos superiores a 1%, como foi o caso de Não-Me-Toque e Panambi, no Rio Grande do Sul, com os preços chegando a R$ 88,00 e R$ 89,04 por saca, ou de 2,15% em Castro, no Paranám para R$ 95,00.
O mercado nacional não sobe motivado apenas pela vantagem cambial, mas também pela demanda intensa pela soja brasileira, tanto internamente, quanto para exportação.
"O dólar acima dos R$ 5,00 favorece as negociações e há uma corrida de vendas, com os preços batendo recordes essa semana. Foi negociada soja acima dos R$ 102,00 e o mercado segue muito comprador. E as projeções para abril são de recordes também em abril e maio", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Com isso, a comercialização chega a quase 70% da safra atual e indo para 30% para a safra nova, liderada pelo Mato Grosso, que tem 45% de comprometimento - e alguns produtores do estado já tendo vendido até 50% da safra 2020/21, ainda como explica Brandalizze.
"E nos melhores momentos, a soja da safra nova foi negociada até a R$ 100,00, R$ 101,00 por saca. Nessa semana, os indicativos variam de R$ 96,00 a R$ 98,00. Nesses níveis, as relações de troca estavam bastante favoráveis com insumos e o ritmo dos negócios seguem fortes, mesmo com o coronavírus. O mercado não pode parar, o produtor tem que se preparar para a safra, e vem aí uma safra de grande potencial pela frente, devemos plantar mais, o mundo precisa de mais soja para 2021", diz o consultor.
Mais do que isso, Vlamir Brandalizze afirma que o mercado está ainda mais atento ao consumo mundial de alimentos. "Com a pandemia, as pessoas estão comendo mais, e o mundo vai precisar de mais alimento", diz.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja terminaram o pregão com pequenas altas de 1,75 a 3 pontos nos principais vencimentos, com o o maio valendo US$ 8,86 e o julho, US$ 8,87 por bushel.
Quarentena em cidade de MT poderia afetar escoamento da safra de soja
SÃO PAULO (Reuters) - O município de Canarana (MT) publicou decreto que suspende o escoamento de grãos para fora da cidade, uma medida para conter a disseminação do coronavírus mas que poderia interromper o fluxo de mercadorias e operações de tradings globais que atuam no região.
A determinação, de 22 de março, impede a movimentação de grãos por armazéns da cidade mato-grossense, no estado que é o maior produtor brasileiro de soja e milho.
Canarana é a segunda cidade do coração agrícola do Brasil a promover medidas restritivas contra o coronavírus que poderiam afetar tradings internacionais, seguindo o exemplo de Rondonópolis, também em Mato Grosso, cujo decreto ameaça fechar instalações de processamento de soja.
Em um termo de compromisso visto pela Reuters, o prefeito de Canarana, Fábio de Faria, negocia um período de dez dias para que as companhias se adaptem à determinação.
O documento contempla empresas como Cargill, Louis Dreyfus e Cofco.
Por telefone, Faria disse à Reuters que os termos do acordo foram propostos pelas próprias tradings, uma vez que seus armazéns estão cheios e é necessário espaço para que se receba e estoque os cerca de 10% ainda não colhidos da safra de soja na área.
Segundo informações do termo de compromisso, ainda não assinado, a Louis Dreyfus poderia escoar cerca de 15 mil toneladas de Canarana, a Cofco 5 mil toneladas e a Cargil 3 mil toneladas.
Canarana está finalizando a colheita de soja, e cerca de 2 mil caminhões devem chegar à cidade para transportar a produção, disse o prefeito.
O decreto visa proteger todos os envolvidos no comércio agrícola de contaminação pelo vírus, e dez dias devem ser suficientes para que a maior parte da safra possa deixar a cidade, acrescentou Faria.
"Eles (empresas de trading) me disseram que escoando os volumes (atualmente nos armazéns), não tem tanta pressa de tirar o que restou de lá", disse o prefeito. Segundo ele, o acordo será assinado após a avaliação dos advogados das tradings.
As companhias envolvidas não responderam de imediato a pedidos por comentários.
Já a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) afirmou que, por decreto presidencial, "insumos para alimentação e combustíveis são produtos essenciais e, portanto, precisam continuar sendo movimentados, armazenados e produzidos".
Segundo a Abiove, todos os seus associados estão operando normalmente.
Um produtor local disse à Reuters nesta terça-feira que armazéns da região estão recebendo grãos normalmente, apesar do decreto municipal. Ele pediu para não ser identificado, pois negociações do setor com o prefeito a respeito do decreto ocorrerão na quarta-feira.
O produtor afirmou ainda que se os embarques pararem, o lobby agrícola local poderá recorrer à Justiça.
Os produtores estão preocupados por terem vendido grãos nos mercados futuros. Os produtos precisam ser movimentados entre as áreas de plantio e os armazéns pelas tradings antes do embarque para exportação.
"Se eles não carregarem, eles não vão querer nos pagar... Pelo ponto de vista comercial, não tem como deixar os navios parados", disse o produtor.
Abiove mantém estimativa de embarque de soja do país, mas monitora impactos de vírus
SÃO PAULO (Reuters) - As estimativas de exportações de soja e farelo de soja do Brasil neste ano seguem sem alterações apesar de preocupações relacionadas a movimentos para controlar o coronavírus, disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), entidade que representa as principais tradings e processadoras no país.
A associação estimou em fevereiro a exportação de soja do Brasil neste ano em 73,5 milhões de toneladas, leve queda ante 2019 (74 milhões). A Abiove ainda previu a exportação de farelo de soja do país em 16,2 milhões de toneladas.
Mas os impactos no setor decorrentes de ações para conter a doença estão sendo monitorados de perto pela Abiove, acrescentou o dirigente André Nassar, em entrevista à Reuters, citando situações que, se mal gerenciadas, podem trazer problemas para as exportações no país, líder global em soja.
"Tem várias coisas que temos de monitorar e são preocupantes. Uma delas são as decisões de prefeituras que podem levar a fechamento de fábricas, ou mesmo restringir transportes", afirmou Nassar.
Decretos de municípios de Canarana e Rondonópolis, ambos em Mato Grosso (maior produtor de soja), definiram restrições para operações de fábricas e transporte de mercadorias agrícolas.
Embora as medidas não tenham, ainda, causado problemas para as operações nessas localidades, o setor tem conclamando os municípios a permitirem o fluxo e o funcionamento das fábricas e armazéns, seguindo decreto federal que estabelece tais atividades, incluindo transporte, como algo essencial, conforme notas da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) --esta última prometeu acionar judicialmente os municípios que descumprirem a norma.
"A gente tem uma outra preocupação, mesmo que o município não feche, aumentou fiscalização, vão querer olhar se as fábricas tomaram medidas para mitigar risco", comentou ele, ressaltando que as companhias estão seguindo os protocolos sanitários, mas a atuação dos fiscais poderia eventualmente atrasar processos.
Os trabalhadores precisam usar máscaras e adotar higienização com álcool gel, de acordo com os protocolos de saúde pública. Mas isso não é algo que possa atrapalhar o funcionamento das processadoras de soja, segundo Nassar.
Ele ressaltou também que uma fábrica de farelo e óleo de soja não gera muita aglomeração, "e a implementação de protocolos não deve gerar redução de produção".
O presidente da Abiove citou ainda temas relacionados aos caminhoneiros, uma peça chave na cadeia de transporte de soja no Brasil.
"Com o fechamento de ponto de paradas, restaurantes, para o caminhoneiro, isso é um problema, para identificar em determinadas estradas onde os pontos estão abertos para ele se alimentar", disse Nassar, admitindo que o motorista agora vai procurar evitar trechos longos, o que poderia interferir no tempo de transporte da mercadoria.
"Se não tiver lugar para o caminhoneiro parar, pode sim afetar o transporte para os portos."
Além da rodovia, outra forma de transporte de grãos é pelas ferrovias, que também adotaram protocolos para evitar aglomerações, lembrou Nassar.
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Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Fernando Pinheiro e João Batista, houve algum tempo no Brasil em que o STF foi oposição ao governo como está acontecendo agora?