Com colheita se aproximando, coronavírus começa a preocupar o setor cafeeiro
O aumento de casos no Brasil e a pandemia do Coronavírus começam a preocupar também as cadeias produtivas do país para os próximos meses.
Após o anúncio do Ministério da Saúde afirmar que o pico da crise deve acontecer ente os meses de abril e junho, produtores de café começam a se preocupar em como será feita a colheita dos grãos nas principais regiões produtoras do país, considerando que a maior parte dos trabalhos nas lavouras são feitos manualmente e com trabalhadores que chegam de outros estados.
Cooperativas e produtores já buscam soluções e o Notícias Agrícolas acompanha de perto toda a situação para ajudar a apontar alternativas que não prejudiquem o produtor diante desse cenário .
Dados da Conab apontam que safra 2020/21 de café brasileiro deve ser de aproximadamente 62 milhões de sacas de 60kg. Nas princpais regiões produtoras como Sul de Minas , Zona da Mata Mineira , Espírito Santo e Bahia, a previsão é de que a colheita comece entre abril e maio com expectativa de chegada dos trabalhadores nas primeiras semanas de abril.
De acordo com Júliana Paulino, presidente Associação dos Cafeicultores do Sul de Minas, na região a mão de obra vinda de fora representa mais de 50% do trabalho.
Neste primeiro momento, Juliana explica que os produtores e trabalhadores já estão sendo orientados, inclusive sobre as questões do transporte usado para chegar até a lavoura, já que muitos agricultores possuem os próprios ônibus.
Além disso, férias de funcionários estão sendo antecipadas para que a maioria possa ficar em casa neste momento de contenção da proliferação do vírus. De acordo com Juliana, além da colheita, caso seja tomada uma medida mais severa dos Governos, além do problema com o café, muitos trabalhadores podem ficar sem a renda de um ano todo.
"São trabalhadores que costumam vir todos anos, vêm em família, então o impacto financeiro pra eles também será muito grande", comenta a presidente.
Destaca ainda que a situação é mais grave para médios e grandes produtores, já que o produtor familiar na maioria dos anos consegue fazer a colheita sem ajuda extra, mas que médios e grandes produtores enfrentarão problemas porque a colheita mecanizada não é uma opção para a região, já que as máquinas não funcionam em terrenos acidentados.
"Se é um ano de baixa (produção), a situação é mais fácil porque não vem tanto trabalhador, mas esse ano é de alta o que traz mais preocupações", destaca.
Na região da Zona da Mata Mineira, onde se concentra em sua maioria médios e grandes produtores de café, caso a mão de obra não seja possível, a perda de café pode ficar próxima de 400 mil sacas de 60kg.
De acordo com Pedro Araújo, Diretor de Produção e Comercialização da Coocafé, para minimizar os impactos a cooperativa já começa a fazer estratégias de curto e médio prazo.
Neste momento, segundo Pedro, é manter produtores e trabalhadores em segurança, respeitando o isolamento social para que a situação não seja ainda mais grave na região. Para debater os próximos passos foi criado um comitê dentro da Coocafé voltado especialmente ao Coronavírus e os impactos no café.
"Estamos orientando para vacinação contra a gripe e seguir as recomendações. A cooperativa também adota novas medidas, não indo à campo, fechando lojas e fazendo atendimento online. Dependemos dessa curva (de evolução da doença) para saber como será", explica.
A insegurança de receber os trabalhadores, segundo Pedro, parte especialmente dos produtores que seguem esperando por notícias para decidir qual a melhor saída para todos os problemas do vírus, que podem impactar ainda preços e consequentemente vendas nos próximos meses. "
Se não puder carregar os ônibus, será um grande problema. Nós precisamos dessa mão de obra e não colher seria um prejuízo muito grande", afirma.
O Notícias Agrícolas também tentou contato com cooperativas de outras regiões produtoras e tão logo tenha retorno, a matéria será atualizada.
Após semana intensa, café encerra com altas e aguarda por notícias da pandemia
O mercado futuro do café arábica encerrou a semana com altas expressivas na Bolsa de Nova York (ICE Future US) e os principais contratos tiveram altas de mais de 500 pontos nesta sexta-feira (20).
Maio/20 teve valorização de 700 pontos, valendo 119,70 cent/lbp, julho/20 subiu 630 pontos, negociado por 119,75 cents/lbp, setembro/20 teve alta de 565 pontos, valendo 120,10 cents/lbp e dezembro/20 encerrou com valorização de 525 pontos, valendo 120,95 cents/lbp.
Apesar da semana intensa, o mercado do café em especial registrou várias sessões de altas, indo contra as demais commodities que mais uma vez registraram quebras expressivas nas bolsas. "A gente pode citar o balanço entre oferta e demanda, o café árabica está enfrentando um período apertado", destaca.
Fernando explica ainda que as exportações brasileiras apresentaram baixas em comparação com o ano passado e os estoques americanos de café registraram baixa de mais de 370 mil sacas de café. "Então os estoques certificados da ICE e os demais fatores mostram que está mais difícil originar o café no mercado", comenta. As baixas, segundo o analista, ficaram acima do que era esperado pelo setor cafeeiro.
>>> Café: Apesar de altas, cenário é preocupante para exportações e consumo mundial
O site internacional Barchart também destacou as preocupações com embarques em sua análise diária. "Os preços do café na sexta-feira subiram depois que o comerciante de café Volcafe disse aos clientes que a pandemia de coronavírus está causando atrasos logísticos que se tornarão "mais generalizados" nos principais países produtores de café, o que pode causar atrasos nos embarques de café para portos e outras operações de transporte", afirmou.
O dólar encerrou a semana com queda de 1,5% e cotado a R$ 5,027 na venda. O dólar valorizado tende a encorajar as exportações brasileiras. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo.
O analista destaca ainda que o produtor aproveitou os bons preços da semana, movimentando também o mercado físico brasileiro. Vale lembrar que os negócios no mercado interno estavam abaixo do esperado pelo setor, devido aos preços baixos que o produtor de café enfrentou nos dois primeiros meses de 2020.
O tipo 6 duro teve alta de 1,77% em Guaxupé, valendo R$ 575,00. Poços de Caldas/MG registrou alta de 1,75%, negociado por R$ 580,00. Patrocínio/MG teve aumento de 1,79%, valendo R$ 570,00. Franca/SP teve a alta mais expressiva, com 5,36%, valendo R$ 590,00.
O tipo cereja descascado teve alta de 1,65% em Guaxupé/MG, valendo R$ 615,00. Poços de Caldas/MG registrou aumento de 1,56%, valendo R$ 650,00 e Patrocínio/MG teve valorização de 1,64%, valendo R$ 620,00.
O tipo 4/5 teve valorização de 5,26% em Franca/SP, valendo R$ 600,00. Poços de Caldas/MG subiu 0,89%, valendo R$ 565,00 e Poços de Caldas/MG teve valorização de 1,72%, valendo R$ 590,00.
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