Bolsa brasileira retoma negócios após queda de 10% e circuit breaker

Publicado em 09/03/2020 09:16

Bolsa brasileira retoma negócios após queda de 10% e circuit breaker

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Os negócios na B3, a Bolsa de Valores brasileira, foram retomados às 11h08, depois de terem sido suspensos por pouco mais de meia hora, durante a adoção do circuit breaker. O mecanismo foi acionado quando o Ibovespa caiu 10,02%, chegando aos 88.178,33 pontos, às 10h30. Os preços das ações estão sendo afetados fortemente pela queda no preço do petróleo no mercado internacional - a maior em um único dia desde a Guerra do Golfo, em 1991.

Ibovespa cai 10% e aciona circuit breaker com nervosismo global; Petrobras derrete

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista começava a semana com fortes perdas, acionando o mecanismo de circuit breaker nesta segunda-feira pela primeira vez em três anos, após o Ibovespa cair 10%, em meio ao nervosismo global.

A correria de venda entre os investidores fazia Petrobras desabar mais de 20% e perder 81 bilhões de reais em valor de mercado, na esteira do tombo dos preços do petróleo no exterior.

Às 12:20, o Ibovespa caía 9,17 %, a 89.011,31 pontos. O volume financeiro somava 12,2 bilhões de reais.

Por volta de 10:30, a bolsa acionou o circuit breaker, quando o Ibovespa tocou 88.178,33 pontos, uma queda de 10,25%. Os negócios foram paralisados por 30 minutos. Na volta, o Ibovespa renovou mínima em 87.954,79 pontos, tocando patamares de dezembro de 2018.

A última vez que o circuit breaker foi acionado foi em 18 de maio de 2017, no que ficou conhecido no mercado como "Joesley Day", um dia após vir a público gravação de conversa entre o então presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, bem como sua delação relacionada a atos de corrupção envolvendo políticos.

Nesta segunda-feira, o gatilho para as fortes vendas na bolsa veio do Oriente Médio, após a Arábia Saudita ter sinalizado que elevará a produção para ganhar participação no mercado, bem como cortado preços oficiais de venda de petróleo, o que fez os preços da commodity caírem mais de 30% no pior momento, o maior recuo diário desde a Guerra do Golfo, em 1991.

O Goldman Sachs cortou previsão para os preços do petróleo Brent para o segundo e terceiro trimestres de 2020 para 30 dólares o barril, "com possíveis quedas de preços para níveis de estresse operacional e custos de caixa bem próximos de 20 dólares o barril", conforme relatório a clientes.

As ações dos sauditas eram mais um componente negativo a um mercado já avesso a risco pelas preocupações relacionadas ao novo coronavírus. Wall Street tinha quedas ao redor de 6%.

"Ainda estamos passando por um momento perigoso, com extrema volatilidade...não bastasse a piora no quadro da epidemia de coronavírus ameaçar estancar todo o crescimento econômico previsto, neste final de semana tivemos a guerra aberta pela Arábia Saudita no front da produção de petróleo contra a Rússia", chamou a atenção a equipe do BTG Pactual.

Isso "pegou uma mercado fragilizado, ainda muito comprado levando os investidores ao pânico", destacou em nota a clientes, ressaltando que, neste momento, é necessário muita cautela, enquanto agentes estão ainda na fase de descoberta de quais os preços estarão corretos para as novas condições de PIB global.

De acordo com o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, muitos investidores reagem em situação de pânico, mas ainda não se pode dizer nada sobre a duração ou intensidade do estresse experimentado pelos mercados. "Cada dia surge um fato novo. Pode sair um fato novo positivo que reverte tudo, ou outro que piora mais ainda."

DESTAQUES

- PETROBRAS PN afundava 24,3% e PETROBRAS ON derretia 23,2%, afastando-se das mínimas, contudo, quando o declínio chegou a representar uma perda de quase 81 bilhões de reais em valor de mercado. A Petrobras disse que está monitorando o mercado de petróleo, mas considera que é cedo para falar de impactos sobre suas operações. No exterior, os preços do petróleo também reduziram a queda e o Brent caía 'apenas' 19%.

- VALE ON mostrava declínio de 9,3%, contaminada pela onda de vendas generalizadas, com o minério de ferro na China também fechando em baixa. A Vale também divulgou nesta segunda-feira que o talude norte da cava de sua mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), "continua deslizando para dentro da estrutura".

- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 6,2% e BRADESCO PN caía 6,6%, também afetados pelo clima negativo no mercado como um todo. BTG PACTUAL UNIT liderava as perdas entre os bancos do Ibovespa, com queda de 12%.

- VIA VAREJO ON despencava 16%, também entre as maiores quedas, tendo de pano de fundo forte valorização do papel em 2019 e no começo do ano. A rival MAGAZINE LUIZA ON perdia 8%.

- HYPERA ON caía 8%, tendo no radar resultado divulgado após o fechamento do mercado na sexta-feira, com queda de 22,9% no lucro líquido do quarto trimestre, para 238,8 milhões de reais no quarto trimestre de 2019. A empresa afirmou em teleconferência sobre o resultado que deve reduzir promoções e descontos em 2020 e contratar hedge para aquisição de parte de ativos latino-americanos da Takeda.

 

Bolsa interrompe negócios após queda de 10% e pânico nos mercados

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A forte onda de aversão a risco que contamina os mercados internacionais, em decorrência das preocupações com o coronavírus e a crise no preço do petróleo, atinge também a Bolsa brasileira, que, depois de cair mais de 10% na manhã desta segunda-feira, 9, teve de acionar o circuit breaker.

O circuit breaker ocorre quando o índice atinge movimentos bruscos e o mecanismo é acionado para rebalancear as ordens de compra e de venda.

A última vez que o sistema foi acionado foi em 18 de maio de 2017, no dia em que foi divulgada uma gravação em que o ex-presidente Michel Temer conversa com Joesley Batista.

A Bolsa brasileira já começou o dia em queda. As ações ON da Petrobras já abriram com baixa de 21,11% e as PN com recuo de 20,76%. Às 10h30, o Ibovespa caía 10,02, aos 88.178,33 pontos, e os negócios foram interrompidos.

O dólar começou a semana batendo mais um recorde nominal - descontando a inflação - desde o Plano Real, atingindo a casa de R$ 4,79, na manhã desta segunda-feira, 9. De acordo com levantamento do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a moeda americana chegou a ser negociada por mais de R$ 5 nas casas de câmbio.

Para tentar conter a disparada do dólar, o Banco Central vendeu US$ 3 bilhões à vista das reservas internacionais. No início da manhã, o BC cancelou o leilão de US$ 1 bilhão que faria e aumentou o valor para US$ 3 bilhões. A decisão se deu por "condições do mercado", de acordo com a assessoria de imprensa do BC.

Às, 9h53, a moeda americana era cotada a R$ 4,7482, com aumento de 2,47%, depois de ter atingido a máxima de R$ 4,7927.

O dia é marcado por quedas em Bolsas ao redor do mundo por medo sobre o novo coronavírus e como consequência da disputa de preços de petróleo entre Arábia Saudita e Rússia - petróleo do tipo Brent chegou a recuar 31%, no maior tombo desde a Guerra do Golfo.

Na Ásia, as Bolsas da China, seguindo o mau humor generalizado dos mercados financeiros, fecharam em queda. O principal índice acionário do país, o Xangai Composite, teve recuo de 3,01%.

Na Europa, os mercados abriram a manhã desta segunda com queda generalizada. Tudo sob os mesmos motivos - petróleo e coronavírus.

Queda do petróleo

A Arábia Saudita reduziu os preços do petróleo, abrindo o caminho para um forte aumento de sua produção em abril. A decisão dos sauditas, anunciada no fim de semana, veio após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os aliados da Opep+ não conseguirem fechar um acordo na última sexta, 6, para cortar ainda mais a produção do grupo, como parte de uma estratégia para amenizar o impacto econômico do coronavírus.

A Rússia, líder informal da Opep+, não aceitou uma proposta da Opep de reduzir a oferta coletiva em mais 1,5 milhão de barris por dia.

Dólar chega perto de R$ 4,8 na abertura em meio a aversão a risco apesar de atuação do BC

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O dólar começava a semana em disparada acentuada contra o real, chegando a superar 4,79 reais na máxima em meio à onda de aversão a risco global, apesar das tentativas do Banco Central de frear a disparada recente da moeda norte-americana.

Às 9:13, o dólar avançava 3,33%, a 4,7886 reais na venda, e chegou a tocar a máxima recorde de 4,7931 logo após a abertura. Enquanto isso, o dólar futuro saltava 3,5%, a 4,796 reais.

O BC anunciou nesta segunda-feira leilão de venda de dólar à vista de até 3 bilhões de dólares, cancelando o anúncio de venda de até 1 bilhão feito na sexta-feira.

Além disso, nesta segunda-feira, o diretor de política monetária da autarquia, Bruno Serra, indicou que as intervenções cambiais do Banco Central podem durar o tempo que for necessário e que não tem preconceito ou preferência por uso de nenhum dos instrumentos à sua disposição. Serra ainda falará em evento da Bloomberg a partir das 9h10.

O dólar interbancário caiu 0,36% na última sessão, a 4,6344 reais na venda, primeira queda em 12 pregões.

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O dólar opera em forte alta nesta segunda-feira, 9, perto dos R$ 4,80, a despeito do BC ter triplicado a oferta de dólar em leilão à vista para US$ 3 bilhões mais cedo. Investidores reagem à deterioração no sentimento global por causa do coronavírus e da crise na aliança da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

"Essa venda de US$ 3 bi do BC é insuficiente para acalmar o dólar diante da deterioração dos preços do petróleo e dos mercados internacionais", diz Mauriciano Cavalcante, diretor da Ourominas. "O BC precisa vir com um oferta bem maior à vista, de pelo menos US$ 10 bilhões, com vendas graduais para tentar conter a volatilidade do dólar", calcula Cavalcante.

Mais cedo, o diretor do BC, Bruno Serra, ressaltou que o câmbio passa a funcionar como canal mais relevante de transmissão da política monetária e que a conjuntura permite dispor de todos os instrumentos no volume que entender apropriado para promover o funcionamento do mercado de câmbio. Serra também disse que "é importante reforçar que atual estágio segue recomendando cautela na política monetária".

No fim de semana, a Arábia Saudita aumentou a produção da commodity e anunciou descontos aos compradores, em retaliação à Rússia que se negou, na semana passada, a fazer um acordo para cortar mais a produção, em meio aos impactos do coronavírus. O Danske Bank prevê que "os choques negativos na demanda, devido à epidemia, e um possível choque de fornecimento de petróleo podem derrubar o Brent para menos que US$ 30". A expectativa é que outros Bancos Centrais anunciem elevação de estímulos e liquidez nos mercados.

Às 9h30, após o leilão, o dólar à vista subia 2,99%, a R$ 4,7722. O dólar para abril avançava a R$ 4,7775 (+3,10).

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Fonte:
Reuters

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