Caso Marielle: Também Bolsonaro quer saber o conteúdo do celular do ex-policial assassinado na Bahia
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Caso Marielle: Também Bolsonaro quer saber o conteúdo do celular do ex-policial assassinado na Bahia
DownloadBolsonaro pede perícia independente sobre a morte de Adriano Nóbrega
Por Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (18) que vai pedir uma perícia independente sobre a morte do ex-policial militar Adriano Nóbrega, morto em confronto com a polícia no interior da Bahia. De acordo com Bolsonaro, o Ministério Público Federal na Bahia também deve cobrar uma perícia independente “para começar a desvendar as circunstâncias em que ele morreu, e porque poderia interessar para alguém a queima de arquivo”.
O ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro foi morto no dia 9 deste mês, no município de Esplanada, na Bahia. Nóbrega era investigado por diversos crimes, e procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele também era procurado pelo envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Franco, em março de 2018.
“Já tomei as providências legais para que seja feita uma perícia independente. Sem isso vocês não têm como buscar até, quem sabe, quem matou a Marielle. A quem interessa não desvendar a morte da Marielle?”, questionou. “Uma perícia independente vai dizer se ele foi torturado, se não foi, a que distância foram os tiros, e tinham dezenas de pessoas cercando a casa. A conduta não é essa, a conduta é cercar e buscar negociação para se render”, acrescentou o presidente.
Bolsonaro citou matéria da revista Veja, divulgada esta semana, que traz fotos da autópsia que indicam que os tiros que mataram Adriano Nóbrega foram disparados a curta distância.
O presidente também levantou suspeita sobre a perícia que será feita nos telefones apreendidos com Adriano Nóbrega e a possibilidade de mensagens serem plantadas para incriminá-lo. “Será que essa perícia poderá ser insuspeita? Eu quero uma perícia insuspeita. Não queremos que sejam inseridos áudios no telefone dele ou conversações de Whatsapp. Depois que se faz uma perícia que porventura a pessoa atingida pode ser eu, apesar de ser presidente da República, quanto tempo levaria uma nova perícia?”, argumentou.
Investigação
Questionado se vai pedir a federalização do caso, Bolsonaro disse que essa é uma decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. “Alguns podem achar que ao federalizar, trazer para a Polícia Federal, eu teria alguma participação, influência, no destino da investigação. Se o Moro achar que deve federalizar a decisão é dele”, destacou. A morte de Nóbrega é investigada pela Polícia Civil da Bahia.
Em janeiro do ano passado, Adriano foi considerado foragido durante a Operação Intocáveis, desencadeada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e as polícias Militar e Civil para prender integrantes de uma organização criminosa que agia na zona oeste do Rio de Janeiro. Na época, as investigações apontavam que os integrantes de uma milícia atuavam nas comunidades de Rio das Pedras, da Muzema, da Tijuquinha e adjacências.
Após a Operação Intocáveis, a promotora de Justiça do MPRJ Simone Síbilio considerou que não era possível fazer a relação entre os integrantes da organização criminosa e as mortes de Marielle e Anderson, mas apontou, que, se no futuro fosse comprovado o envolvimento, seria incluído nas investigações desse crime.
Nóbrega morreu após ser ferido durante uma operação conjunta das forças de segurança do Rio de Janeiro e da Bahia. Segundo a secretaria de Segurança da Bahia, no momento do cumprimento de mandado de prisão, Adriano Nóbrega “resistiu com disparos de arma de fogo e terminou ferido”. Ainda conforme o órgão, o ex-policial chegou a ser socorrido em um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.
Tuite de Bolsonaro:
- A quem interessa não haver uma perícia independente? Sua possível execução foi "queima de arquivo"?
- Sem uma perícia isenta os verdadeiros criminosos continuam livres até para acusar inocentes do caso Marielle. pic.twitter.com/cmBP23V7e4
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 18, 2020.
Secretário de Segurança da Bahia rebate Flávio Bolsonaro sobre vídeo mostrando tortura
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, rebateu o vídeo e as acusações do senador Flávio Bolsonaro pelas redes sociais. Mais cedo, o filho do Presidente publicou vídeo de suposto corpo do ex-capitão do Bope e suspeito de integrar milícia Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em operação policial na cidade de Esmeralda, a 170 quilômetros de Salvador.
Segundo Barbosa, o vídeo divulgado pelo senador não teve a autenticidade reconhecida pela perícia da Bahia e nem pela perícia do Rio de Janeiro. Nesta tarde, a reportagem buscou o Departamento de Polícia Técnica do Rio, que informou que o vídeo não havia sido gravado no local.
"As imagens não foram feitas nas instalações oficiais do Instituto Médico-Legal. Então nós temos a clara convicção de que isso é para trazer algum tipo de dúvida, de questionamento, a um trabalho que ainda não foi concluído", disse Barbosa. Segundo o secretário, o governo foi ‘instado’ a comentar o resultado de uma perícia, divulgada na semana passada, e que há outros exames a serem realizados.
A única perícia oficial do corpo do miliciano aponta que ele foi morto por dois tiros de fuzil, disparados a, no mínimo, um metro e meio de distância. São mencionados "seis fraturas nas costelas", "dois pulmões destruídos" e o "coração dilacerado".
Diferente do que alegou Flávio, não há menção a coronhada ou queimadura. Os ferimentos, segundo os peritos, seriam compatíveis com o impacto no corpo causado por tiros de fuzil, em razão da alta energia cinética dos projéteis.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que o diretor do Instituto Médico Legal (IML) da Bahia, Mário Câmara, afirma que não é possível confirmar onde o vídeo foi gravado e se o corpo é realmente do capitão Adriano da Nóbrega.
"Não sabemos se foi adulterado, onde foi feito, não sabemos se o corpo é realmente do senhor Adriano. Então não faremos comentários sobre o vídeo", afirma.
Nesta tarde, Flávio Bolsonaro publicou um vídeo de 21 segundos, sem áudio e com imagens fortes, no qual é exibido um corpo etiquetado com o nome de Adriano Magalhães.
"Perícia da Bahia (governo PT), diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões", afirmou Flávio Bolsonaro.
Além de ser acusado de integrar o Escritório do Crime, milícia envolvida no assassinato da vereadora Marielle Franco, Adriano da Nóbrega era investigado pelo Ministério Público do Rio por participação em suposto esquema de rachadinha conduzido no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O filho do presidente empregou a ex-esposa e a mãe de Adriano da Nóbrega. Ao deflagrar operação contra endereços ligados ao ex-assessor Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro em novembro do ano passado, o Ministério Público detalhou conversas entre Nóbrega e sua ex-esposa Danielle que era funcionária de Flávio.
Após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelar movimentações atípicas de Queiroz, Danielle foi exonerada do cargo e cobrou explicações do miliciano em mensagens obtidas pela promotoria. Nelas, a ex-esposa de Adriano da Nóbrega afirma que ele também se beneficiava do suposto esquema de 'rachadinhas'.
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