Coronavírus: Pesquisador da USP fala ao NA sobre os cuidados para quando o vírus chegar
Nesta quinta-feira (6) o Notícias Agrícolas conversou com Luiz Gustavo Bentim Góes - Pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, para debater sobre o Coronavírus, que atingiu a China de maneira agressiva nos últimos dias e já tem casos confirmados em outros países. No Brasil, nenhum caso foi confirmado até o início da tarde desta quinta-feira e o Governo já busca medidos para trazer de volta ao país brasileiros que estão isolados no país asiático.
Entendendo o vírus
Segundo Luiz Gustavo, há um tempo existe circulando na população mundial Coronavírus que são considerados endemicos, ou seja, que são responsáveis por resfriados comuns. A preocupação com o novo vírus é por ele ser um Coronavírus considerado novo e ainda não há muitas informações sobre o potencial do vírus. Ainda de acordo com o especilista, esse é o terceiro tipo de Coronavírus capaz de infectar humanos.
O primeiro Coronavírus teve uma taxa de mortalidade de 10%, infectando cerca de oito mil pessoas e também teve os primeiros casos registrados na China. "Foi uma grande surpresa um Coronavírus registrar uma síndrome respiratória grave, uma vez que a gente só conhecia desde a década de 60 só causavam resfriado comum", explica.
Em seguida, foi descoberto um Coronavírus com uma relação genética muito próxima em morcegos e depois foram achados em alguns mamíferos nos "mercados molhados", que são feiras comuns na China para comércio de legumes e animais silvestres.
No ano de 2012 foi descoberto um novo Coronavírus, desta vez no Oriente Médio, causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio, que teve uma taxa de mortalidade mais alta, de 35% e as pessoas foram infectadas em momentos diferentes através de camelos. Neste caso, o porcentual de transmissão entre humanos, é muito mais baixo.
Em relação ao Coronavírus novo, Luiz afirma que apesar dos números chamarem atenção, o mês foi descrito pela primeira vez no dia 7 de janeiro e a ciência ainda não teve tempo suficiente para obter todas as informações sobre ele. "A questão é que esse vírus novo aparentemente tem uma taxa de mortalidade de 3% e uma taxa de transmissão mais efetiva", afirma. Segundo ele, a preocupação mundial é com os dados iniciais, principalmente com as taxas de transmissão, sobretudo sobre a transmissão de humanos para humanos que vem mostrando números expressivos de contaminados.
Transmissão
O especialista destaca que no momento é importante que os governos façam ações para combater a chegada do vírus em outros lugares, agindo de maneira rápida para conter o número de transmissão. Cita ainda a quarentena implementada pelo governo Chinês. "A ideia de isolar as pessoas para que elas não iniciem a transmissão é o ponto mais importante para o sucesso", afirma.
As informações, segundo o analista, ainda não são suficientes para falar com 100% certeza de como é feita a transmissão entre humanos. Normalmente, afirma Luiz, a transmissão ocorre com contato direto, ou seja pode acontecer através de tosse e espirros, além da possibilidade de transmissão aérea. Afirma ainda que a transmissão fecal-oral que foram noticiadas nos últimos dias, ainda precisam de mais estudos para confirmar as possibilidades de transmissão."É necessário ter um pouco mais de calma e esperar dados científicos para análises", comenta.
Outro fator que chamou atenção nos últimos dias é a possibilidade de contaminação da mamãe para o bebê. Luiz explica que na teoria essa contaminação pode ocorrer por três vias: antes do parto (através da placenta), no momento do nascimento ou através do contato após o nascimento. Geralmente, segundo o analista, a contaminação na gravidez acontece pelo sangue, porém o Coronavírus ainda não tem relatos de ser encontrado no sangue. Para Luiz, é mais provável que a criança tenha sido infectada após o nascimento. As primeiras informações sugerem que os sintomas começam a aparecer três dias após o paciente ser infectado.
Confira medidas de proteção:
FAB aguarda vaga no espaço aéreo chinês para resgatar brasileiros
Aeronaves estão em Varsóvia e devem chegar em Wuhan amanhã (Agencia Brasil)
O Ministério da Defesa informou hoje (6) que os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) destacadas para repatriar os brasileiros que estão em Wuhan, China, epicentro do surto do novo coronavírus, já estão em Varsóvia, na Polônia, onde estava prevista uma das escalas.
As duas aeronaves VC-2 aguardam a alocação de um horário para pouso do controle aéreo chinês. De acordo com o ministério, a espera é devido ao alto fluxo de tráfego aéreo no país e das missões internacionais de repatriação, que estão saindo e chegando da região afetada.
A previsão é que as aeronaves brasileiras cheguem na China no final da sexta-feira (7). Já a chegada ao Brasil deve acontecer no sábado (8).
Os aviões da FAB partiram ontem (5) de Brasília para buscar ao menos 34 pessoas (brasileiros e parentes) que requisitaram resgate ao governo. A previsão é que as aeronaves levem 62 horas no processo de ida e volta, sendo 47 horas de voo.
Antes de chegar à cidade destino, as aeronaves fizeram escala em Fortaleza (CE), Las Palmas (Espanha) e Varsóvia (Polônia). Também está prevista uma escala em Ürümqi, já na China. No retorno, as aeronaves passarão pelas mesmas cidades.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Quarentena
Para agilizar o processo de repatriação dos brasileiros, o governo enviou, na terça-feira (4), um projeto de lei (PL) ao Congresso estabelecendo regras e medidas para controle, no território brasileiro, da epidemia do coronavírus. A matéria já passou pela Câmara e nesta quarta-feira também foi aprovada no Senado.
Ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que até amanhã o projeto será sancionado, antes que os aviões da FAB retornem ao país.
O projeto aprovado prevê, entre outros pontos, o isolamento para portadores do vírus ou quarentena para os que tiverem suspeitas de contaminação. Os cidadãos isolados terão tratamento gratuito e o direito de serem informados permanentemente sobre seu estado de saúde. O projeto prevê ainda o fechamento de fronteiras, portos e aeroportos para entrada e saída do país e a autorização excepcional e temporária da entrada de produtos sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária ,caso sejam necessários.
Assim que chegarem em território brasileiro, todos os integrantes das aeronaves passarão por uma quarentena de 18 dias na Base Aérea de Anápolis (GO), incluindo os tripulantes.
No dia 30 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto de coronavírus como emergência em saúde pública de importância internacional. Mais de 550 pessoas já morreram na China e 28 mil foram infectadas pelo novo vírus. No Brasil, 11 pacientes são monitorados por suspeita de terem sido infectados, até agora nenhum caso foi confirmado.
Coronavírus: ministro e secretários discutem plano de contingência
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reiterou hoje (6) a importância de as pessoas se vacinarem contra gripe, de forma a evitar um número maior de casos suspeitos do novo coronavírus no país. Segundo o ministro, como não há, até o momento, nenhum caso confirmado da doença, não há como justificar campanhas preventivas ao coronavírus, no lugar de campanhas de maior utilidade para o público brasileiro.
"Ontem me perguntaram se não vamos fazer uma campanha agora. Fazer uma campanha agora sem ter um caso confirmado, concorrendo com campanhas que estão ocorrendo. No sábado, lançamos [campanha] das infecções sexualmente transmissíveis. A gente achou que isso seria um gasto de uma situação que ainda não se põe", disse o ministro durante reunião com secretários de Saúde dos estados e capitais, na Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O encontro com os secretários de Saúde tem por objetivo discutir detalhes de planos de contingência, de forma a contemplar medidas de prevenção, vigilância e assistência para lidar com um possível caso do novo coronavírus. “A vacinação contra outros tipos de gripe é importante porque evita a ocorrência de casos suspeitos [nos quais o coronavírus não venham a ser confirmados]”, disse o ministro.
Os secretários solicitaram ao ministro que dê atenção especial à vacinação contra gripe nos estados da Região Sul, onde o outono tem aspectos de inverno, o que facilita a propagação de outras gripes.
Cenários
Na reunião, Mandetta apresentou alguns cenários possíveis para o enfrentamento ao coronavírus. O atual cenário, com o qual o Ministério da Saúde trabalha, é o intermediário, por uma questão de cautela. “A ideia é que hoje tenhamos o início do plano de contingência de vocês [estados e municípios]”, disse.
“Temos [projeções de] cenários totalmente assimétricos. Tem o que não apresenta nenhum caso; tem o cenário em que vai ter um número ínfimo de casos; tem o cenário intermediário, em que se replicaria mais ou menos aquela situação da China; e tem o cenário de risco elevadíssimo, de megaepidemia. A gente tem trabalhado, no Ministério Saúde, basicamente com o intermediário. Acho que esse deve ser o tom da cautela”, acrescentou.
O ministro Mandetta chamou a atenção para algumas diferenças relativas à forma como a questão da saúde é enxergada por Brasil e China, o que poderia acarretar em alguma diferença no trâmite de enfrentamento à doença. “Uma coisa importante de se notar é que a China trabalha saúde sob a ótica de defesa. Nós, como uma questão sanitária”.
Alinhamento
Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde e secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, os estados estão “absolutamente alinhados, conformes e prontos, fazendo dessa unidade uma resposta robusta do Brasil”, no caso de uma eventual chegada da doença no país.
“Os estados estão absolutamente preparados para esse evento. Todos estados têm planos de contingência já montados, envolvendo não só as secretarias mas setores como o da vigilância sanitária e o setor privado, que não pode ser ignorado e precisa ter unidade e comunicação de casos suspeitos”, disse.
Segundo ele, essa articulação será o “ponto chave” para o enfrentamento do coronavírus, bem como a experiência adquirida para o enfrentamento do H1N1, em 2009.
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