Mesmo com crise sanitária, China pode não aumentar ritmo de importação de frango
A crise sanitária vivida atualmente pela China, com surtos de Peste Suína Africana (PSA), coronavírus e, agora, gripe aviária, e que vem impactando a economia global pode trazer consequências também para as relações comerciais com o Brasil, no que diz respeito a importação de proteínas animais. Apesar de uma empolgação inicial de alguns setores, especialistas no setor recordam o acordo comercial entre China e Estados Unidos como algo que pode influenciar nessa possível janela de oportunidade para o Brasil
Segundo Érico Pozzer, presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), no caso do Brasil, ele acredita que os volumes exportados para o país asiático não devem ter grande alteração, assim como os valores pagos pelo frango brasileiro. Entretanto, as exportações que a China faz de cortes de frango menos prestigiados no país devem ser afetadas.
Já para Ariovaldo Zani, vice-presidente do Sindirações, há duas possibilidades: a do retorno das importações pela China com mais tração, ou da continuidade dos volumes lentos por causa do recrudescimento devido às questões sanitárias, que causaram a restrição de entradas e saídas de produtos.
Conforme Pozzer explica, a situação da crise sanitária da China ainda é imprevisível, e o surgimento de um caso de gripe aviária só piora a situação. "É preciso observar qual será a atitude das autoridades sanitárias, porque a China exporta, por exemplo, peito de frango, e isso pode ser afetado", explica.
Quanto à possibilidade de o país asiático precisar recompor o estoque de proteínas animais, para Pozzer a importação será controlada, com volumes e preços semelhantes aos que já são praticados.
"Daqui cerca de dois meses, quando esse alvoroço por causa do coronavírus passar, a vida vai seguir normal. E sobre esse único caso detectado de gripe aviária, não é algo que vá impactar a produção em toda a China, mas pode mexer com as exportações deles", afirma.
Segundo Zani, é preciso observar como essas doenças devem se desenvolver nas próximas semanas, e ele cita o exemplo da PSA, que alterou a pauta comercial entre Brasil e China a respeito das proteínas animais no ano passado.
Apesar da expectativa de alguns em aumentarem as exportações para a China, Zani pondera que é possível que o país precise recompor o estoque de produtos que não consegue produzir, mas também há de se considerar as problemáticas com a logística. Isso também perpassa a questão da soja e do milho, que estão com preços atrativos no mercado externo, devido à alta do dólar, mas as restrições em fronteiras podem ser um desafio.
"Todo mundo vai contintuar comendo, mas provavelmente vão alterar toda a rotina, porque estão sob um perigo avassalador, e isso acaba atrapalhando a dinâmica comercial", explica.
ACORDO COMERCIAL
Ariovaldo Zani relembra ainda a assinatura da Fase 1 do acordo comercial entre China e Estados Unidos, no qual o país asiático se comprometeu a comprar US$ 32 bi em produtos agrícolas americanos.
"É quase uma fábula em questão de números, para cumprir isso, principalmente agora com essa situação sanitária que a China está passando. A China não vai ter condição de já cumprir com esse compromisso de imediato".
Para Zani, há dois lados na questão; um deles é que o acordo comercial possa reduzir as negociações da China com o Brasil, e outro ponto de vista é que, como negociadores milenares, a China pode dar um jeito de não ficar refém apenas de um fornecedor, no caso, os Estados Unidos. Além disso, para ele, essa diminuição de ritmo de crescimento econômico na China e redução da demanda também podem impactar o Brasil
De acordo com Pozzer, também é preciso olhar com atenção para esta relação comercial entre a China e Estados Unidos. Para ele, o Brasil tem, sim, condições de ampliar a produção para atender a um possível aumento de demanda da China, mas é preciso que o avicultor brasileiro não se empolgue "porque esse problema sanitário é algo que eventualmente será resolvido".
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