Soja: Mercado fecha em alta na Bolsa de Chicago e estável nos portos do Brasil
O mercado da soja inverteu o sinal do início do dia e fechou o pregão desta segunda-feira (3) com leves altas na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa subiram pouco mais de 4 pontos nos principais contratos. O março ficou em US$ 8,77, o maio em US$ 8,90 e o maio encerrou os negócios cotado a US$ 9,04 por bushel.
No Brasil, em contrapartida, os indicativos mantiveram estabilidade em boa parte das praças de comercialização do interior do país e nos principais portos. As pequenas altas em Chicago foram ofuscadas, afinal, pelas perda de quase 1% do dólar, que terminou a sessão desta segunda valendo R$ 4,24.
Assim como a soja em Chicago - que perdeu quase 8% em janeiro e buscou um certo reajuste neste início de semana - a moeda americana também passou por uma correção depois de ter alcançado sua máxima histórica na última sexta-feira (31).
Em Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 85,20 e em Rio Grande, com R$ 84,50 por saca, enquanto isso, as referências para março/2020 permaneceram em, respectivamente, R$ 84,30 e R$ 83,50.
No interior, foram identificadas algumas exceções, como Jataí e Rio Verde, ambas em Goiás, onde o preço cedeu 2,7% para R$ 72,00/saca, ou Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, onde a perda foi de 1,96% para R$ 75,00.
O mercado se pautou pela movimentação tímida na CBOT, mas também acompanhando suas realidades regionais, principalmente a evolução da colheita no Brasil e a demanda ainda forte pelo produto nacional. A soja do Brasil se mantém como a mais competitiva e, por isso, atraindo os compradores.
BOLSA DE CHICAGO
Em Chicago, o mercado encontrou espaço para essa ligeira retomada depois das perdas intensas de janeiro. Os traders, aos poucos, se voltam aos seus fundamentos e espera por novas notícias relacionadas ao surto do coronavírus e também pelas próximas reações dos mercados financeiros internacionais.
Além disso, o mercado da soja ainda foi beneficiado pelos bons números dos embarques semanais norte-americanos divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Na semana encerrada em 30 de janeiro, os EUA embarcaram 1.355,627 milhão de toneladas, enquanto o mercado esperava algo entre 550 mil e 1,2 milhão de toneladas. No acumulado da temporada, o total dos embarques chega a 26.594,745 milhões de toneladas, 53% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
Entretanto, mais do que isso, o mercado também se atenta aos efeitos que este quadro pode ter sobre o futuro da fase um do acordo comercial entre China e Estados Unidos.
"Boatos nos bastidores aqui do mercado já sugerem que o governo chinês deverá usar a “desculpa” de uma nova crise para descumprir parte da Fase 1 do Acordo Comercial com os Estados Unidos. Enquanto a novela perdura, o Brasil
continuará sendo um forte exportador de soja, principalmente com a oferta crescendo nas próximas semanas no decorrer da colheita no país", explicam os especialistas da consultoria ARC Mercosul.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Roberto Dumas Damas, economista e professor do INSPER, especializado em economia internacional, explica que a fragilidade do acordo já era conhecida e só se intensificou com a questão do coronavírus.
"Essa fase um foi uma bobagem, um acordo absolutamente frágil para reeleger Trump", acredita o economista. "Financistas, bancos, gostam e sabem administrar risco, mas não sabem administrar incerteza, e não temos a mínima ideia do que vai acontecer".
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