Bolsonaro enviará projeto para mudar ICMS de combustíveis; governadores reagem
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro anunciou que o governo enviará ao Congresso um projeto para mudar a cobrança do ICMS, imposto estadual, sobre a gasolina e o diesel, alegando que as reduções recentes anunciadas pela Petrobras nas refinarias não têm se refletido nas bombas.
"Pela 3ª vez consecutiva baixamos os preços da gasolina e diesel nas refinarias, mas os preços não diminuem nos postos, por quê? Porque os governadores cobram, em média, 30% de ICMS sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos e atualizam apenas de 15 em 15 dias, prejudicando o consumidor", escreveu o presidente na noite de domingo em sua conta no Twitter.
"O que o presidente da República pode fazer, para diminuir então o preço do diesel/gasolina para o consumidor? Mudar a legislação por lei complementar de modo que o ICMS seja um valor fixo por litro, e não mais pela média dos postos (além de outras medidas). O presidente da República encaminhará proposta ao Legislativo e lutará pela sua aprovação", acrescentou.
Bolsonaro não deu mais detalhes sobre a proposta que pretende encaminhar ao Legislativo. O preço do diesel é um tema sensível para os caminhoneiros, categoria que realizou uma greve nacional em 2018 que gerou desabastecimento e impacto econômico. O presidente teve apoio de lideranças dos caminhoneiros na eleição de 2018.
Hoje o ICMS sobre combustíveis é cobrado sobre o valor da mercadoria, no modelo "ad valorem". Por isso, quando os preços da gasolina e do diesel ficam mais caros --seja pelo aumento do dólar ou pelo avanço dos preços internacionais do petróleo-- os Estados arrecadam mais.
Em nota, 21 governadores reagiram à mensagem do presidente, clamando por "um debate responsável acerca do tema" e reiterando a disponibilidade para, "nos fóruns apropriados, debater e construir soluções".
"Diante da forma como o tema foi lançado pelo Presidente da República, exclusivamente por intermédio de redes sociais", os governadores afirmaram que o "ICMS está previsto na Constituição Federal como a principal receita dos Estados para a manutenção de serviços essenciais à população, a exemplo de segurança, saúde e educação".
Anteriormente, Estados já haviam apresentado restrições a uma sugestão do presidente de usar o ICMS como forma de aliviar pressões sobre os preços dos combustíveis, argumentando que o tributo é fonte importante de receita.
Os governadores disseram ainda que o ICMS sobre combustíveis deriva da autonomia dos Estados na definição de alíquotas e responde por, em média, 20% do total da arrecadação deste imposto nas unidades da Federação. Eles lembraram também que 25% do ICMS é repassado aos municípios.
"Segundo o pacto federativo constante da Constituição Federal, não cabe à esfera federal estabelecer tributação sobre consumo. Diante do impacto de cerca de 15% no preço final do combustível ao consumidor, consideramos que o governo federal pode e deve imediatamente abrir mão das receitas de PIS, Cofins e Cide, advindas de operações com combustíveis."
Na nota, os Estados defenderam ainda a realização de uma reforma tributária que "beneficie a sociedade e respeite o pacto federativo".
(Por Eduardo Simões, em São Paulo; com reportagem adicional de Ricardo Brito em Brasília)
Governadores se unem contra proposta de Bolsonaro sobre cobrança de ICMS
Em comunicado conjunto, 22 governadores reagiram à proposta do presidente da República, Jair Bolsonaro, de encaminhar um projeto ao Congresso para alterar a forma de cobrança do ICMS que incide sobre a gasolina e o diesel. Os governadores afirmam que o ICMS é a principal receita dos Estados para a manutenção de serviços essenciais à população, como segurança, saúde e educação. Eles reclamam que esse debate tem de ser feito de forma responsável e no fórum adequado.
"Os governadores têm enorme interesse em viabilizar a diminuição do preço dos combustíveis. No entanto, o debate acerca de medidas possíveis deve ser feito nos fóruns institucionais adequados e com os estudos técnicos apropriados", diz a carta, que foi divulgada pelo governo de São Paulo.
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a divulgação da carta começou a ser preparada ontem mesmo pelos governadores como resposta ao presidente.
A ideia do presidente é acelerar a chegada dos cortes feitos nas refinarias, pela Petrobras, ao consumidor.
O presidente anunciou a proposta ontem na sua conta no Twitter, o que causou grande desconforto nos governadores, já que o ICMS é um tributo dos Estados.
Há uma avaliação entre os governadores de que o presidente adota uma postura populista ao tentar colocar no colo dos Estados uma responsabilidade dos preços altos para enfraquecê-los nas próximas eleições. Eles avaliam que Bolsonaro deveria trabalhar para reduzir a tributação federal.
No post, o presidente propõe a incidência de um valor fixo de ICMS por litro, e não mais sobre a média de preço cobrado nos postos.
"Os governadores cobram, em média, 30% de ICMS sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos e atualizam apenas de 15 em 15 dias, prejudicando o consumidor", escreveu Bolsonaro.
A expectativa é que outros governadores integrem a lista nas próximas horas. Até a publicação deste texto, participam do comunicado conjunto os governadores de: SP, RJ, MA, AP, PI, SE, ES, BA, RS, MT, PA, SC, PR, AL, MS, RN, PE, RR, CE, AM, MG, PB.
Veja a íntegra da carta.
"Posicionamento de vinte e dois governadores em relação ao ICMS sobre combustíveis
Os Governadores dos Estados têm enorme interesse em viabilizar a diminuição do preço dos combustíveis. No entanto, o debate acerca de medidas possíveis para o atingimento deste objetivo deve ser feito nos fóruns institucionais adequados e com os estudos técnicos apropriados.
Diante da forma como o tema foi lançado pelo Presidente da República, exclusivamente por intermédio de redes sociais, cumpre aos Governadores esclarecer que:
1 - O ICMS está previsto na Constituição Federal como a principal receita dos Estados para a manutenção de serviços essenciais à população, a exemplo de segurança, saúde e educação.
2 - O ICMS sobre combustíveis deriva da autonomia dos Estados na definição de alíquotas e responde por, em média, 20% do total da arrecadação deste imposto nas unidades da Federação. Lembramos que 25% do ICMS é repassado aos municípios.
3 - Segundo o pacto federativo constante da Constituição Federal, não cabe à esfera federal estabelecer tributação sobre consumo. Diante do impacto de cerca de 15% no preço final do combustível ao consumidor, consideramos que o governo federal pode e deve imediatamente abrir mão das receitas de PIS, COFINS e CIDE, advindas de operações com combustíveis.
4 - O governo federal controla os preços nas refinarias e obtém dividendos com sua participação indireta no mercado de petróleo - motivo pelo qual se faz necessário que o governo federal explique e reveja a política de preços praticada pela Petrobras.
5 - Os Estados defendem a realização de uma reforma tributária que beneficie a sociedade e respeite o pacto federativo. No âmbito da reforma tributária, o ICMS pode e deve ser debatido, a exemplo dos demais tributos.
6 - Nos últimos anos, a União vem ampliando sua participação frente aos Estados no total da arrecadação nacional de impostos e impondo novas despesas, comprimindo qualquer margem fiscal nos entes federativos.
Os Governadores dos Estados clamam por um debate responsável acerca do tema e reiteram a disponibilidade para, nos fóruns apropriados, debater e construir soluções.
Brasília, 3 de fevereiro de 2019."
2 comentários
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Elvio Zanini Sinop - MT
Bem colocado sr. Paulo Rensi; Está na hora dos estados enxugarem a máquina pública porque a força de trabalho dos miseráveis está cada dia menor; e a proxima geração vai trabalhar menos; O nosso Brasil vai sofrer os desmandos dos políticos que na maioria trabalham para seu bem???
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Os sujeitos dizem assim, a solução deve vir por via institucional, mas diacho, não são as instituições que garantem a permanencia no poder desses que nos roubam noite e dia? Essas nulidades, esses politicos e funcionários publicos mequetrefes pensam e acreditam que são grandes coisas quando, na verdade, não passam de um peso no lombo do pobre.
Sr. Rodrigo, se me permite ... Vou dar um "pitaco"... Onde você cita "instituições", no meu vocabulário cito "corporações". Pois, são classes que se apoderaram daquele espaço na sociedade. .Num relatório de 2019, contatou-se que 60% da "classe média alta" são de indivíduos do setor público. ... A renda mensal da "classe média alta" segundo o IBGE é de 10 a 20 salários mínimos. Hoje seria uma renda mensal de R$ 10.390,00 a R$ 20.780,00 por mês. Com um detalhe ...COM ESTABILIDADE VITALÍCIA !!!
Meu amigo, como um Promotor ou Juiz aqui no RS vai ganhar de R$ 20.000 a 40.000 p/mes ou um Escrivão de Policia vai se aposentar com R$ 15.000 a 18.000 p/mes??!!! Logo, o imposto tem de ser alto.
O funcionalismo público necessita de uma boa reforma, em especial o judiciário, mas vamos lembrar que a maior dos servidores públicos estaduais, policiais militares, professores do ensino básico, profissionais da saúde, recebem um salário bem enxuto. Essa do ICMs é demagogia e populismo do presidente, sempre responsabilizando os outros...
Normalmente o contribuinte conhece pouco sobre o funcionalismo do país. Não é uma questão só de formação acadêmica, e sim basicamente de informação. Como, normalmente, é um assunto complexo e extenso, não interessa o seu conhecimento aprofundado por grande parte da população. Estabilidade, salário e demais benefícios do funcionalismo só deveriam existir para garantir bons serviços em prol do contribuinte. Tudo com base na lei na ética e moral.