Citricultura já perdeu 80 e pode perder 100 milhões de caixas de laranjas se não chover na época certa
Este ano a safra de laranjas de São Paulo e Triângulo MIneiro (região responsável pela maior produção de citros do mundo) está padecendo. As frutas que ainda permanecem no pé resistem graças à irrigação. Ano passado, ao contrário, com chuvas na época certa, a região citrícola de S. Paulo e MInas obteve a maior safra de todos os tempos, 380 milhões de caixas.
Agora a situação passa dos limites. A estiagem de setembro/outubro derrubou os chumbinhos e a produção já não é a mesma. Calcula-se um prejuízo de 80 milhões de caixas. E se não chover mais à frente, durante a floração, a safra (19/20), está condenada a perder mais de 100 milhões de caixas, estima o produtor Emílio Cesar Fávaro, de familita tradicional na citricultura, diretor da empresa Alfacitrus.
--"Tem muita fruta no chão, um prejuízo incalculável". Para escapar das crises, sua empresa já há muito tempo prioriza as frutas de mesa, vendidas no mercado interno. Para tanto investiu num sistema de irrigação que garante o compromisso assumido com os revendedores.
-- "Vamos cumprir o que foi vendido", diz Emilio. Mas ele e seus parceiros produtores de laranja de mesa sabem que vão enfrentar a concorrencia das grandes empresas produtoras de suco (o Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo), que deverá disputar caixa-a-caixa o que sair dos pomares atingidos pela estiagem.
Sujeito calmo e afável, Emílio não se abala com mais essa dificuldade na citricultura. Acostumado com altos e baixos (causados por ataques constantes de pragas e doenças nos pomares), os Fáveros partiram para uma alternativa mais rentável e duradoura: colocar as laranjas nas mesas das famílias brasileiras, priorizando o mercado interno, e não esmagando sua produção nas extrusoras de suco concentrado.
Foi uma opção que deu certo. A Alfacitrus investiu em rastreabilidade e ganhou, em consequencia, o selo do GlobalGAP. Com isso, conquistou as melhores gondolas de fruta de importantes supermercados e aliou-se aos "Produtores do Bem", grupo de produtores de alimentos que se preocupam em fornecer produtos seguros e saudáveis.
Agora esses produtores estão em campanha para segurar a fruta aqui dentro do País, e colocá-las na mesa das famílias brasileiras.
-- "Precisamos trocar a idéia de que a laranja é para beber, que tem de ser servida no copo. Ao contrário, ela é um alimento que tem de ser comido".
COMER A LARANJA, COM OS OLHOS BRILHANDO...
Fávero brilha os olhos ao contar da transformação que acontece no seio das famílias, quando, na hora das refeições, os pais descascam a laranja para os filhos:
-- "Lembra, quando éramos criança, quando nossos pais colocavam a tampinha da fruta para ser disputada? lembra a fuzarca que fazíamos?, pois é, é esse momento que queremos resgatar".
Emílio tem a convicção que esta opção mercadológica vai dar um novo impulso para a citricultura brasileira. "A indústria de suco concentrado é importante, mas temos o grande mercado doméstico para alimentar.
-- "Através do conceito de comer laranjas, ingerir fibras, vamos sair das dificuldades das safras boas/safras ruins"...
(veja entrevista acima).
"Sabemos de qual pomar saiu e para qual cliente foi a nossa laranja", diz Emílio
A Alfacitrus é uma empresa familiar há 25 anos no mercado de citrus, e que já ganhou premio de rastreabilidade (da Paripassu), e fornece laranja lima para a "Turma da Mônica" (parceria com a Mauricio de Souza), e, também é a fornecedora das laranjas da marca Carrefour - Sabor & Qualidade e um dos fornecedores da Produtores do Bem (no caso, fornecedores de laranja e citrus em geral).
A empresa recebe visitas de produtores de outros países na empresa, como ocorreu no final de 2019, com produtores de laranja da Espanha, para demonstrar o cultivo e a produção rural brasileira. Neste ano, já recebeu estudantes do Texas - EUA com as mesmas finalidades.
A AlfaCitrus é uma das cinco maiores beneficiadoras de laranjas e tangerinas do Brasil. A empresa tem 1.600 hectares de pomares em fazendas em Botucatu, Engenheiro Coelho e Mogi Mirim. Com packinghouse de laranjas e tangerinas, a AlfaCitrus investe em plantações que unem tecnologia e trabalho manual. A empresa é certificada no padrão GLOBAL G.A.P.
Precursora na adoção da rastreabilidade, há nove anos a AlfaCitrus ampliou o investimento em rastreabilidade, que hoje é utilizada em 100% dos produtos comercializados pela empresa.
--"Através de uma solução, fazemos a gestão do packing house, controlando a produção e o destino de todos os lotes de frutas".
-- "Temos condições de informar para qual cliente foram enviadas determinadas frutas e também saber, a partir de um código de rastreabilidade informado nas caixas e pacotes, de qual fazenda elas vieram. Isso é importante no caso de haver um recall ou de algum problema que seja encontrado na fruta", explica o diretor da AlfaCitrus.
Favero acrescenta que, utilizando soluções em tecnologia da informação, a AlfaCitrus coleta todas as informações do manejo das frutas, o que possibilita a empresa ter acesso a dados sobre colheitas e tratamentos realizados, contribuindo para que o consumidor tenha frutas de ótima qualidade.
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