China e Estados Unidos assinam acordo considerado frágil

Publicado em 15/01/2020 08:42

A China e os Estados Unidos (EUA) assinam nesta quarta-feira (15) um acordo parcial para ultrapassar as disputas comerciais entre os dois países, mas que analistas consideram uma trégua frágil, após meses de uma crise que abalou a economia mundial.

O documento, chamado de "acordo de primeira fase", deverá ser assinado durante cerimônia na Casa Branca e é o resultado de um compromisso limitado entre Washington e Pequim, no momento em que os dois países temem as consequências econômicas e financeiras de uma prolongada guerra comercial.

Segundo o acordo, a China se compromete a importar um total de US$ 200 bilhões (180 bilhões de euros) em bens dos Estados Unidos, incluindo produtos agrícolas, para reduzir o déficit comercial entre os dois países.

Ao mesmo tempo, Pequim se compromete a não manipular o valor da moeda ou a proteger a propriedade intelectual das empresas norte-americanas, em troca de uma suspensão parcial das taxas alfandegárias impostas por Washington sobre bens importados da China.

No entanto, o acordo não anula a maior parte das taxas punitivas impostas pelos EUA sobre US$ 360 bilhões (323 bilhões de euros) de produtos importados da China e exclui reformas profundas no sistema econômico chinês, incluindo a atribuição de subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Os Estados Unidos vão assim manter taxas alfandegárias adicionais de 25% sobre US$ 250 bilhões (quase 225 bilhões de euros) de bens importados da China e de 7,5% sobre mais US$ 120 bilhões (quase 110 bilhões de euros).

Também é improvável que a assinatura do documento suspenda a rivalidade estratégica entre as duas potências, que aumentou durante a presidência de Donald Trump e se estendeu a assuntos de defesa e de alta tecnologia, incluindo redes de telecomunicações de quinta geração (5G) ou a inteligência artificial.

"A assinatura dessa trégua, apesar de ser bem-vinda, não muda a realidade de que os dois países estão em posições cada vez mais antagônicas", observou a analista da unidade de investigação Rand Corporation Ali Wyne, citada pelo jornal Financial Times.

"Washington considera a ascensão econômica de Pequim uma ameaça à segurança do país e à dos aliados e parceiros. Enquanto isso, Pequim considera como fundamentais a aceleração da inovação local e a abertura de mercados de exportação alternativos", afirmou.

Na pauta está o plano "Made in China 2025", que visa a transformar as empresas estatais chinesas em potências tecnológicas, com capacidade em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos. Washington considera que o plano viola os compromissos assumidos por Pequim na abertura do mercado.

O governo chinês quer uma eliminação mais rápida das taxas alfandegárias após o acordo, mas a administração norte-americana resistiu, numa tentativa de garantir que a China respeitará os compromissos. Trump sugeriu que uma segunda fase das negociações seja deixada para depois das eleições presidenciais nos EUA, em novembro de 2020.

Na véspera da assinatura do acordo, o Departamento do Tesouro norte-americano retirou a designação da China como país manipulador de moeda, implementada quando as tensões aumentaram em agosto passado.

O anúncio foi feito exatamente quando o vice-primeiro-ministro, chinês Liu He, encarregado dos assuntos econômicos, desembarcou em Washington.

As autoridades norte-americanas têm ainda alterado a retórica sobre a China, adotando um tom mais conciliador.

O encarregado de negociar o acordo com a China, Robert Lighthizer, disse, em entrevista, que o objetivo não é dissociar as duas economias, mas reescrever "as regras", para que funcionem para ambos os países.

"As pessoas podem falar à vontade, que não me incomodam. Eu acho que o presidente tem uma visão. Ele nos fez trabalhar arduamente e demos um grande passo", garantiu.

EUA vão manter tarifas sobre importações da China por enquanto, diz Mnuchin

WASHINGTON (Reuters) - O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse nesta terça-feira que os EUA vão manter tarifas sobre produtos da China até a conclusão de uma segunda fase do acordo comercial entre os países.

"Essas tarifas permanecerão em vigor até que haja a fase 2. Se o presidente conseguir a fase 2 rapidamente, ele considerará liberar tarifas como parte da fase 2", disse Mnuchin a repórteres.

EUA e China não têm acordo para futuras reduções de tarifas, dizem Lighthizer e Mnuchi

WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos e a China não têm acordo para reduções adicionais de tarifas, disseram o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em comunicado conjunto nesta terça-feira.

Eles afirmaram que todos os aspectos da fase 1 de um acordo comercial com a China serão divulgados na quarta-feira, quando deve ser assinado na Casa Branca, exceto um anexo confidencial que detalha os produtos e serviços dos EUA a serem comprados pela China.

"Não há outros acordos orais ou escritos entre os Estados Unidos e a China sobre esses assuntos, e não há acordo para redução futura de tarifas. Quaisquer rumores do contrário são categoricamente falsos", disseram.

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Fonte:
Agência Brasil/Reuters

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