Queimadas afetam agronegócio, abastecimento de serviços básicos e qualidade de vida na Austrália
Em um desastre ambiental sem precedentes, as queimadas na Austrália já mataram cerca de meio bilhão de animais, além de já ter atingido milhões de hectares. O fogo é considerado pelas autoridades como "praticamente incontrolável" e tomou a vida de 27 pessoas até o momento, além de dezenas de desaparecidos.
Diversas regiões estão sendo afetadas pela falta de abastecimento e serviços básicos, cidades inteiras estão sendo evacuadas e o trabalho dos bombeiros ocorre em meio às chamas, um verdadeiro "inferno na Terra".
O agronegócio também foi afetado, com produtores rurais tendo suas propriedades tomadas pelo fogo ou sendo obrigados à abater animais que não possuem condições de escapar das chamas. Os alertas de evacuação são de nível máximo e quem fica para trás corre o risco de ser deixado à propria sorte.
Abaixo um mapa com os alertas de focos de incêndio, mostrando as regiões mais afetadas pelas chamas:
Austrália ordena nova retirada em massa por aumento de incêndios florestais
Por Martin Petty e Colin Packham
MERIMBULA, Austrália/SYDNEY (Reuters) - Autoridades da Austrália ordenaram uma nova retirada de moradores no sudeste do país nesta quinta-feira, uma vez que a volta do clima quente aumentou incêndios florestais gigantescos que ameaçam várias cidades e comunidades.
O premiê do Estado de Vitória, Daniel Andrews, exortou as comunidades a ficarem em alerta antes da chegada das condições climáticas extremas.
"Se vocês receberem instruções para partir, têm que partir", disse Andrews em um briefing televisionado. "Essa é a única maneira de garantir sua segurança".
Partes da Ilha Canguru, destino turístico do litoral sudeste rico em vida selvagem em que o primeiro-ministro, Scott Morrison, pediu na quarta-feira que os turistas estrangeiros não se intimidem com os incêndios, voltaram a ser esvaziadas nesta quinta-feira.
"Peço a todos que ouçam os alertas, sigam os conselhos e rumem para a parte leste da ilha, que é considerada segura a esta altura", disse o chefe dos bombeiros da Austrália do Sul, Mark Jones, em outro briefing em Adelaide.
Um terço da ilha foi destruído.
Os incêndios já deixaram 27 mortos na atual temporada de calor, de acordo com o governo federal, e as chamas monstruosas já consumiram mais de 10,3 milhões de hectares de terras.
Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e outras milhares tiveram que ser retiradas várias vezes por causa da volatilidade dos incêndios.
Os moradores da cidade litorânea de Mallacoota, onde milhares de pessoas ficaram presas em uma praia durante dias até uma retirada militar que só terminou na quarta-feira, estão entre os que foram aconselhados novamente a fugir.
"Se sairmos, para onde vamos?", disse Mark Tregellas, que passou a véspera de Ano Novo em uma rampa de barcos enquanto o fogo destruía a maior parte de sua cidade e uma de cerca de 1 mil pessoas que decidiram ficar.
"A eletricidade está voltando lentamente, mas todos dependem de geradores, e o combustível para eles é muito limitado", disse ele à Reuters por telefone de sua casa. "Agora as pessoas ficaram sem combustível, então a maioria da cidade está andando de bicicleta".
(Por Colin Packham, Martin Petty, Sonali Paul, Paulina Duran, Swati Pandey e Praveen Menon)
Fumaça dos incêndios da Austrália alcança a América do Sul, alerta agência
GENEBRA (Reuters) - A fumaça dos incêndios florestais da Austrália está se espalhando pelo Pacífico e afetando cidades da América do Sul, e pode ter chegado à Antártida, alertou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta terça-feira.
A fumaça dos incêndios já havia deixado o céu laranja em Auckland, na Nova Zelândia. Mas até os céus distantes do Chile ficaram cinza por causa da fumaça, e a OMM citou relatos de que o pôr do sol da capital da Argentina, Buenos Aires, ficou vermelho.
"Os incêndios geraram uma qualidade de ar perigosa, que afeta a saúde humana, em grandes cidades da Austrália, espalhando-se para a Nova Zelândia, e lançaram fumaça a milhares de quilômetros através do Pacífico até a América do Sul", disse a porta-voz da OMM, Clare Nullis, a repórteres em Genebra.
A fumaça "provavelmente" também alcançou a Antártida, acrescentou.
As chamas, que ardem há meses na Austrália, já emitiram 400 megatoneladas de dióxido de carbono na atmosfera e produziram poluentes nocivos, informou o Copernicus, um programa de monitoramento da União Europeia, na segunda-feira.
Depósitos de fuligem já foram detectados em geleiras neo-zelandesas, o que pode acelerar o ritmo no qual estão derretendo, disse o programa.
(Por Emma Farge e Stephanie Nebehay)
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