Consórcio Pesquisa Café executa projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação
O Brasil é o maior produtor, exportador e segundo consumidor de café em nível mundial. Apenas em relação à produção, vale destacar que no ano-safra 2019, a produção brasileira atingiu 49,31 milhões de sacas de 60kg, com produtividade de 27,20 sacas por hectare numa área de produção de 1,81 milhão de hectares.
Tal performance dos Cafés do Brasil pode ser também atribuída direta e indiretamente aos resultados dos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação executados em atendimento às demandas do setor cafeeiro, nas últimas duas décadas, no âmbito do Consórcio Pesquisa Café.
O Consórcio foi criado em 1997 pelos Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa e (ex) Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo – MDIC para promover a conjugação de recursos humanos, materiais e financeiros das instituições consorciadas e viabilizar o desenvolvimento dos projetos de pesquisa de interesse do setor produtivo, no âmbito do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café – PNP&D/Café. O ato de criação do Consórcio também estabeleceu que recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé seriam destinados para a execução do citado Programa.
A Embrapa Café foi criada em 1999 para coordenar o Consórcio e respectivo PNP&D/Café. Esse modelo de gestão do Consórcio tem permitido a prospecção de tendências do setor, além de identificar cenários que permitam à cafeicultura brasileira se preparar para melhor se posicionar diante de potenciais desafios e oportunidades, mediante a execução de projetos de PD&I no âmbito do Consórcio. Esses projetos, antes de serem implementados, são aprovados pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), do Mapa, com a respectiva alocação dos recursos do Funcafé.
O CDPC, atualmente regulamentado pelo Decreto 10.071, de 17 de outubro de 2019, é composto por sete representantes do governo e sete da iniciativa privada, sendo três do Ministério da Agricultura, três do Ministério da Economia e um do Ministério das Relações Exteriores. Da iniciativa privada, fazem parte o Conselho Nacional do Café – CNC e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, com dois representantes cada, e a Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel – ABICs e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – Cecafé, com um representante de cada instituição.
O Consórcio a partir de 2019 passou a ser composto por 36 instituições líderes na execução dos projetos de PD&I nos dezesseis estados da Federação produtores de café, das quais destacamos apenas as dez fundadoras: Embrapa; Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG; Instituto Agronômico de Campinas – IAC; Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR; Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – INCAPER; MAPA; Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio; Universidade Federal de Lavras – UFLA; Universidade Federal de Viçosa – UFV; e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, e como a EBDA foi extinta em 2014, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, a partir de 2018, passou a integrar o Consórcio. O Conselho Diretor do Consórcio - CDC é composto pelos dirigentes das dez instituições, cuja presidência é exercida pela Embrapa.
Assim, tanto o CDC como o CDPC discutiram e aprovaram 11 desafios de inovação para orientar a nova carteira de projetos a partir de 2019, os quais foram objeto da Chamada Embrapa/Consórcio Pesquisa Café Nº 20/2018 – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Cafeicultura. Tais desafios contemplam temas como melhoramento genético, bancos ativos de germoplasma, racionalização e otimização do uso da água, desenvolvimento de novos produtos à base de café, mecanização, detecção de impurezas, serviços ambientais, cafeicultura de precisão e nanotecnologia, entre outros.
Dessa forma, foram contratados, ou ainda encontram-se em fase de formalização dos respectivos instrumentos jurídicos com as entidades integrantes e parceiras do Consórcio, 95 projetos para compor o PNP&D/Café no período de 2019-2023. Para tanto, a Embrapa Café captou recursos suficientes do Funcafé em 2019, por meio de autorização do CDPC, para custear esses projetos no período de 2019–2023. Referida carteira de projetos congrega atualmente nove unidades da Embrapa, 17 Universidades, seis Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária - Oepas, três entidades privadas (duas Fundações e o SENAI) e o Mapa/SFA-PR.
Como o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, existe há pouco mais de duas décadas, se for realizada uma retrospectiva dos avanços da cafeicultura brasileira, a partir da sua criação, verifica-se que essas parcerias que envolvem a iniciativa privada e o setor público, por meio de instituições de pesquisa, ensino e extensão, são bastante exitosas, haja vista os números que retratam a Evolução do setor cafeeiro no período.
Em 1997, a área produtiva era de 2,4 milhões de hectares e a produção de 18,9 milhões de sacas de 60 kg, com produtividade de 8,0 sacas/hectare. Após duas décadas, num comparativo com a safra de 2018, verifica-se que houve redução da área para 1,86 milhão de hectares, e o País produziu 61,66 milhões de sacas de 60 kg em 2018, com produtividade de 33,07 sacas/ha. Em complemento, na safra 2019, apesar do efeito ocorrido da bienalidade negativa (fenômeno que alterna uma safra maior, seguida de outra menor, cuja produção teve redução de 20% em relação à anterior), a produção brasileira foi de 49,31 milhões de sacas, com produtividade de 27,20 sacas por hectare, numa área de produção de 1,81 milhão de hectares. Com relação às exportações, em 1997, o Brasil vendeu para o exterior 16,7 milhões de sacas e, em 2018, como houve um aumento de 112% nas exportações nesse período, atingiu-se um volume físico de 35,53 milhões de sacas. E, em 2019, o País deverá contabilizar por volta de 40 milhões de sacas exportadas. Por fim, com relação ao crescimento do consumo interno, nessas duas décadas, nosso País passou de 11,5 milhões para 21 milhões de sacas.
No panorama global, no ano-safra 2018-2019, a produção mundial foi de 169 milhões de sacas e os cinco maiores países produtores de café nesse período foram Brasil, em primeiro, com 61,66 milhões; Vietnã, segundo – 31,1 milhões; seguidos da Colômbia (13,9), Indonésia (9,8) e Etiópia (7,5). E, ainda, aponta que o consumo mundial, nos últimos cinco anos, foi de 151,22 milhões em 2014; 155,49 milhões em 2015; 158,64 milhões em 2016; 162,55 milhões em 2017; e 165,34 milhões em 2018. Com relação à participação brasileira na produção mundial, nos últimos cinco anos, a safra nacional correspondeu a: 2014 – 32%; 2015 - 28%; 2016 – 33%; 2017 – 27%; e 2018 – 36%. (Dados do ano-safra 2019-2020 ainda não estão disponíveis para todos esses países).
Finalizando, projeções do aumento da demanda por café em nível mundial indicam que até 2030 deverá ocorrer um crescimento médio anual próximo de 2%, o que elevará as atuais 168 milhões de sacas para aproximadamente 210 milhões. Assim, como o Brasil responde por um terço da produção mundial, para manter o market share desse mercado terá que elevar sua produção para pelo menos 70 milhões de sacas por ano.
Para tanto, os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação nos Cafés do Brasil, por intermédio das parcerias dos setores público e privado, no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, devem ser estrategicamente mantidos com foco no acompanhamento do ambiente interno e externo, prospectando tendências de mercado e sinais tecnológicos visando à sustentabilidade do setor.
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