Dólar em forte alta reflete nervosismo interno, porém, movimento tem vida curta, diz economista
Nesta terça-feira (26), o câmbio do dólar chegou à sua alta histórica frente o real, chegando a bater os R$ 4,27. De acordo com o economista Roberto Troster, alguns fatores internos fizeram com que a moeda americana avançasse tanto. O principal deles é o conturbado cenário político brasileiro, com depoimentos polêmicos e instabilidades no centro da base governista.
Os temores sobre a permanência das altas acentuadas da divisa norte-americana foram acentuados após o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizer que, diante da redução da taxa básica de juros no país, o câmbio de equilíbrio "tende a ir para um lugar mais alto".
Além disso, o economista considera que a estrutura do mercado cambial possui duas realidades: se no futuro, ela é sofisticada, no mercado à vista, é burocrático. Para Troster, uma solução seria a possibilidade de que se permitissem contas em dólar, o que poderia dimuir a volatilidade do câmbio. "Não faz sentido poder comprar dólar, negociar em dolár, mas não poder depositar esse mesmo dólar em uma conta sem ter a referência", considerou o economista.
Apesar das altas recentes, Troster ainda acredita que a variação cambial volte ao patamar dos R$ 4, mas para isso, as conjunturas políticas teriam que ser mais favoráveis.
BC pode repetir intervenções amanhã se vir novos gaps de liquidez, diz Campos Neto
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária poderá repetir na quarta-feira intervenções cambiais que fez ao longo da sessão desta terça se observar novos gaps de liquidez no mercado.
Em evento promovido pelo jornal Correio Braziliense, Campos Neto reforçou que o câmbio é flutuante e o BC age apenas em caso de problemas de liquidez ou para atenuar movimentos que estão fora do padrão normal.
"Se amanhã nós entendermos que de novo existe um movimento disfuncional e que o câmbio brasileiro está destoando de outros países... com gap de liquidez nós vamos voltar a fazer intervenção como fizemos hoje", disse.
O dólar até desacelerou a alta depois de dois leilões extraordinários promovidos pelo BC no mercado à vista, mas ainda assim fechou com folga em nova máxima recorde nesta terça-feira, depois de ao longo do pregão disparar a quase 4,28 reais e cravar novo pico histórico também para o intradia.
Campos Neto disse que tem lido que suas declarações têm gerado controvérsia, mas defendeu que o BC "tem dito a mesma coisa sempre", seguindo o princípio da separação entre política monetária e cambial.
A visão é de que os juros são utilizados para política monetária, repetiu Campos Neto. O câmbio é flutuante e as medidas macroprudenciais são para garantir a solidez do sistema financeiro, frisou.
"É importante entender que nós acreditamos no princípio da separação. Isso significa que as intervenções não fazem com que o movimento de longo prazo seja revertido, a intervenção não tem capacidade de fazer com que o câmbio mude uma tendência natural que é feita por variáveis macroeconômicas, e sim atenua movimento", complementou.
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Transformação do Estado é dolorosa e difícil, mas democracia no Brasil é vibrante, diz Guedes
BRASÍLIA (Reuters) - O governo está promovendo uma transformação do Estado, processo que é doloroso e difícil, mas tudo se dá no âmbito democrático, afirmou nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes.
"O que vocês ouvem fora é que é bagunça. Não prestem atenção, (Brasil) é uma democracia vibrante", afirmou ele em Conferência no Peterson Institute for International Economics, em Washington, um dia após dar declarações polêmicas sobre o AI-5.
Segundo Guedes, a economia está crescendo na margem mais de 2%.
O ministro afirmou que o Brasil não queimará florestas e respeitará o acordo de Paris. À plateia, ele disse ainda que muito do que é ouvido sobre o Brasil no exterior é ruído.
Na véspera, Guedes afirmou em entrevista coletiva que considera inconcebível a ideia de um novo AI-5 no Brasil, mas que as pessoas não devem se assustar com a ideia de alguém pedi-lo diante da radicalização de possíveis protestos.
Ibovespa recua com setor financeiro entre maiores pressões; alta do dólar repercute
SÃO PAULO (Reuters) - O tom negativo prevalecia na bolsa paulista nesta terça-feira, com ações de bancos entre as maiores pressões de baixa do Ibovespa, em sessão também contaminada pela forte valorização do dólar em relação ao real e com viés misto na cena externa.
Às 11:41, o Ibovespa caía 1,4%, a 106.903,42 pontos. O volume financeiro somava 4,05 bilhões de reais.
No mercado de câmbio, o dólar bateu nova máxima nominal recorde acima de 4,27 reais, com os investidores repercutindo declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, entre elas de que o câmbio de equilíbrio "tende a ir para um lugar mais alto".
"O mercado já vem operando com real mais desvalorizado e a fala de (Guedes de) ontem é mais uma razão para isso acontecer", destacou a corretora Tullet Prebon, em nota a clientes.
Para o gestor Ricardo Campos, sócio-fundador da Reach Capital, a ausência de potenciais notícias benignas pela frente corrobora também ajustes na bolsa paulista, com o desempenho do Ibovespa no acumulado do ano mostrando alta de mais de 20%.
"Na dúvida, melhor garantir do que correr o risco de estar exposto e sair algo negativo", disse.
Além disso, ele cita que o cenário social mais tenso em diversos países na América Latina, em meio a um quadro ainda positivo de bolsas nos Estados Unidos, mantém afastado um potencial fluxo de capital externo para o pregão brasileiro.
Em Wall Street, após renovar máxima histórica na véspera, o S&P 500 oscilava ao redor da estabilidade nos primeiros negócios, com investidores ainda atentos ao noticiário sobre comércio China-EUA.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN caía 1,6% e BRADESCO PN recuava 1,3%, com nova sessão negativa para o setor financeiro, também afetado pelos receios sobre eventual tributação sobre dividendos. BTG PACTUAL UNIT, melhor performance entre bancos do Ibovespa, cedia 3%.
- AZUL PN e GOL PN recuavam 5,4% e 4,6%, respectivamente, maiores quedas do Ibovespa, refletindo o efeito da valorização do dólar ante o real, que impacta os custos de companhias aéreas.
- PETROBRAS PN perdia 1,35%, apesar dos ganhos dos preços do petróleo no exterior, conforme agentes financeiros continuam atentos à mobilização de funcionários da petrolífera de controle estatal.. A Petrobras também encerrou negociações para vender unidades de fertilizantes.
- JBS ON valorizava-se 1,8%, favorecida pela valorização do dólar, além de perspectivas favoráveis relacionadas ao mercado chinês. BRF subia 0,94%, com analistas do Bradesco BBI reiterando 'outperform', embora tenha cortado preço-alvo.
- VALE ON tinha variação negativa de 0,16%, em sessão de queda do preço do minério de ferro na China, enquanto CSN ON avançava 1,9% apesar de notícias de abalo sísmico na região de Congonhas (MG) na noite da véspera que assustou moradores próximos de barragem de rejeitos de minério de ferro da empresa. GERDAU PN tinha elevação de 0,8%. USIMINAS PNA tinha acréscimo de 0,5%.
- KLABIN UNIT e SUZANO ON avançavam 1% e 0,4%, respectivamente, também reagindo ao movimento da taxa de câmbio, em razão do efeito positivo na receita das fabricantes de papel e celulose.
2 comentários
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Nilson B. Nunes
Economista/comentarista na rádio cbn defende que a valorização do dólar será considerada normal se voltar até o nível de 2002, quando a moeda estava cotada em torno de 7 R$ - é que está é a tendência. É tem candidato defendendo isso como o melhor para o País.
Tiago Gomes Goiânia - GO
Vixi, previsões quanto ao futuro do dólar... nos dois últimos dias li opiniões de uns doze economistas e de uns três jornalistas metidos a economistas e a divergência quanto ao que irá ocorrer é enorme... Mas nesse balaio de opiniões é possível chegar por enquanto somente a uma conclusão... não temos um horizonte muito claro a frente!
NUNCA TIVEMOS HORIZONTE CLARO