Consulta pública da Aneel pode retirar subsídios para a energia solar e eólica

Publicado em 20/11/2019 09:31

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados promove audiência pública hoje para discutir a mudança regulatória da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre energia solar e eólica. O pedido para realização do debate é do deputado Jorge Solla (PT-BA).

Em outubro, a Aneel abriu consulta pública sobre resolução normativa para retirar subsídios para a energia solar e eólica. Solla avalia que a mudança pode causar grande retrocesso e inviabilizar a modalidade "que permitiu aos brasileiros gerar e consumir a própria eletricidade em  residências, comércios, indústrias e propriedades rurais".

Pela regra atual, a energia gerada a mais pelo consumidor durante o dia é devolvida pela distribuidora, praticamente sem custo, para que ele consuma quando não está gerando a energia. Com a mudança proposta, o consumidor passará a pagar pelo uso da rede da distribuidora e também pelos encargos cobrados na conta de luz. A cobrança será feita em cima da energia que ele receber de volta do sistema da distribuidora.

Foram convidados para a audiência pública:
- superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição da Aneel, Carlos Alberto Calixto Mattar;
- a vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltáica (Absolar), Barbara Ferreira Viegas Rubim;
- o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Aurélio Madureira;
- o presidente da Associação Brasileira De Energia Solar (Abens), Ricardo Rüther; e
- o presidente da Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente (Abeama), Ruberval Baldini.

FPA trabalha em projetos que destravam o crescimento econômico e o estímulo à energia limpa

Por FPA

O relatório apresentado na tarde desta terça-feira (19) ao projeto de lei (7063/2017) que trata sobre as Parcerias Público-Privadas pretende reduzir o valor mínimo dos contratos por Estados, Municípios e Distrito Federal. Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), relator da proposta, esteve na reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e explicou que o texto busca resolver questões centrais que não garantem agilidade às concessões.

“A segurança jurídica, talvez, seja o problema mais citado e consensual nos vários diagnósticos realizados. Não haviam regras claras sobre caducidade e sobre intervenção também. É onde avançamos”, informou Jardim. O parlamentar disse ainda que o projeto incide diretamente nas áreas de infraestrutura e logística, necessárias para a ampliação de investimentos no Brasil. Para ele, é preciso criar condições, transparência, concorrência e competitividade para reduzir tarifas.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS) ressaltou a necessidade de debater e esclarecer o tema. “Estamos à frente de uma das peças mais complexas que já vimos aqui. São marcos para a sociedade, responsáveis por redefinir a economia e a respeitabilidade do parlamento. Devemos aprofundar o debate porque é uma grande ferramenta para o futuro”, defendeu.

De acordo com o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), vice-presidente da FPA, o Brasil tem uma série de problemas e desafios a vencer e um dos grandes problemas são os modais ineficientes que puxam para um custo de produção elevado. “A evolução desta legislação vem no intuito de investir e ter a segurança jurídica do retorno e da manutenção dos contratos. Também temos que dar garantia para os contratos que já existiam. Sabemos da importância e vamos trabalhar para votar ainda neste ano.”

Mais emprego e mais alimento – O senador Irajá (PSD-TO) também esteve presente à reunião e apresentou detalhes do projeto de sua autoria que trata de terras para mais emprego e mais alimento (PL 2963/2019). O parlamentar explicou que o objetivo é criar um novo ambiente de negócios tendo os investidores estrangeiros como bons parceiros para estimular a produção de alimentos e gerar oportunidades a milhões de brasileiros. “É um marco legal que estabelece regras claras, critérios, limites do que pode e do que não pode para que haja segurança jurídica para os investidores estrangeiros. ”

Irajá também ressaltou alguns limites inseridos na proposta.  “Tivemos cuidado com as faixas de fronteira, preservação do bioma amazônico e estabelecemos o limite de até 25% por município para que esses parceiros possam entrar no Brasil”, complementou. Na última reunião, senadores pediram vistas à proposta, que deve retornar à pauta de sessão conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos e da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado.

Compensação de energia – A Agência Nacional de Energia Elétrica abriu consulta pública para alterar a Portaria 482/12, sobre as regras que permitem ao consumidor gerar a própria energia, fornecer o excedente de geração para a rede pública e ganhar créditos na forma de desconto na conta de energia.

A proposta de alteração do órgão regulador é de que a energia gerada seja injetada na rede pública. Ao final do mês, a distribuidora fará o cálculo da diferença entre a quantidade de energia que foi consumida e a quantidade de energia gerada. Se o consumidor produzir mais energia do que consome, esse excedente será transformado em créditos que podem ser aproveitados em outro momento. Se, por outro lado, o consumo for maior do que a quantidade de energia gerada, o consumidor pagará a diferença na conta de energia.

Membros da FPA são contrários à proposta e travaram um verdadeiro debate na Câmara dos Deputados para que não haja alteração. De acordo com o deputado Zé Mário (DEM-GO), a avaliação desta portaria que visa taxar a energia solar é negativa. “É uma proposta que tira toda a coragem e o ânimo dos investidores, portanto é inaceitável. Nós temos discutindo em várias audiências públicas e junto ao governo federal. Esperamos que a Aneel possa ouvir aquilo que vem sendo falado. ”

Para Alceu Moreira, a proposta chega à insanidade e é profundamente desonesta. “A Aneel deu a oportunidade para que possam regulamentar este tema, mas esta cobrança unilateral não acontecerá. Se acontecer, o parlamento tomará posição enérgica para não permitir o desestimulo das energias limpas alternativas”, disse.

Domingos Sávio (PSDB-MG) ressaltou que é necessário reverter qualquer corrente que esteja pensando em uma tributação e uma carga tão absurda de algo que se chegou a cogitar em 60%, impactando naqueles que já estão contando com a energia solar como alternativa de matriz energética. “É importante lembrar que a energia solar representa menos de 0.5% da matriz energética utilizada no Brasil. Precisamos regulamentar, mas não para inibir o crescimento. Regulamentar para dar segurança jurídica e estimular o crescimento”, afirmou.

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Fonte:
Agência Câmara / FPA

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1 comentário

  • Anjoaugustos Silva

    ANEEL com essa postura de cobrança da energia fotovoltaica, cobrança inédita no mundo, se mostra com mais discrepância e ilógica que o presidente do STF atual, Tófolli. Claramente se tornou, de orgão fiscalizador e regulador, a ferramenta de opressão e defesa de interesses de lobi das concessionárias de energia, que, inclusive, se dizem quebradas, por causa dos preços artificiais, mantidos pela Dilmanta para se reeleger,e por isso, não estão fazendo investimentos previstos em contratos com o governo para aumento de demanda de energia, barateando tanto para consumidor residencial quanto para industria e comércio, impactando diretamente nos preços e inflação. Aí, o consumidor coloca a mão no bolso, faz o aumento da oferta de energia, obrigada por contrato as concessionárias e não cumprida, sem que as mesmas coloquem um centavo do bolso delas e a ANEEL vem com essa conversa de cobrar taxa. É como se um empresário fosse ao banco, pedir um empréstimo para expandir seu negócio e exigisse do banco, o pagamento de uma taxa de administração do dinheiro emprestado. KKKKK...

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