Estresse hídrico: Chuvas precisam ser bem distribuídas para garantir produtividade no RS
As chuvas intensas das duas últimas semanas no Rio Grande do Sul trouxeram alguns problemas para o produtor rural do estado. Após um volume excessivo de água no solo, produtores enfrentaram problemas para concluir o plantio da safra de soja 2019/20.
Nos últimos 15 dias foram registrados volumes entre 70 e 200 milímetros de precipitação em todo o estado. Segundo a Oráculo Meteorologia, os maiores volumes ficaram concentrados no norte do Rio Grande do Sul, local onde está concentrada maior produção de soja do estado.
Segundo Tiago Robles, meteorologista da Oráculo Meteorologia, na região norte do Rio Grande do Sul já choveu o esperado para o mês, que na média fica entre 150 e 175 milímetros. "As regiões de Passo Fundo, de Cruz Alta, de Palmeiras das Missões, de Santo Ângelo, Tupanciretã e proximidades já acumularam 25 a 50mm acima do esperado para Novembro", afirma o meteorologista.
Neste ano, as chuvas foram ocasionadas pelo índice negativo da Oscilação Antártica que, de acordo com o meteorologista, está respondendo ao estímulo do fenômeno raro, chamado Aquecimento Abrupto Estratosférico. "O que contribui para que os sistemas transientes atuem com maior frequência sobre o Centro-Sul do país e, consequentemente, resulte em mais chuva na Região Sul", explica Tiago.
Apesar dos das precipitações expressivas, o agrônomo e professor Alencar Júnior Zanon da equipe FieldCrops da Universidade Federal de Santa Maria, do Rio Grande do Sul, afirma que por se tratar do início do plantio, ainda não é possível fazer uma estimativa de perda para a safra 2019/20. Porém, destaca que a partir de agora é necessário que as chuvas aconteçam de forma bem distribuída para que o desenvolvimento nas lavouras seja positivo.
Segundo o professor, quando grandes volumes atingem as lavouras no início do plantio, acabam afetando diretamente o primeiro componente de produtividade da cultura da soja, que é o número de plantas por metro quadrado. Quando isso acontece, segundo o professor, as plantas podem morrer tanto pelo excesso hídrico ou por infecção de fungos, que geram doenças e consequentemente a perda da planta. "No momento que perder essa planta, estamos perdendo o primeiro componente de produtividade, consequentemente o potencial produtivo da lavoura", afirma Alencar.
Para que a safra tenha uma boa produtividade, são necessários 800 milímetros de água ao longo do cultivo, desde que planta até a data da colheita. "A chuva precisa ser bem distribuída ao longo do ciclo, principalmente na fase produtiva", explica Alencar.
De acordo com Alencar, os produtores podem tomar algumas ações e estratégias que ajudam a minimizar os impactos do estresse hídrico. A primeira delas é na escolha das sementes, o ideal é que o produtor escolha por sementes que tenham boas qualidades fisiológicas e principalmente, que tenham bastante rigor. "Depois escolha uma cultivas que seja tolerante ao excesso hídrico e as doenças de solo", afirma.Segundo Alencar, é importante ainda que o produtor faça um bom tratamento de sementes com uso de bons fungicidas.
Veja o mapa de precipitação acumulada em três períodos no Rio Grande do Sul:
Fonte: Oráculo Meteorologia
Previsão para os próximos dias
Nos próximos dias os produtores do Rio Grande do Sul terão uma trégua significativa nas chuvas com grandes acumulados. Segundo dados da Oráculo Meteorologia, apenas o extremo oeste do estado deve receber grandes volumes. Porém, na semana que vem são esperadas bons volumes para todo do Rio Grande do Sul.
"A boa notícia é que a chuva não será persistente, ocorrendo em um dia e seguido de, pelo menos, sete dias de tempo firme. Como as chuvas passam a ocorrer mais no Centro-Norte do país, a tendência é de diminuição da frequência no Rio Grande do Sul, o que passa a garantir condições favoráveis para o desenvolvimento das lavouras e trabalhos de campo", afirma o meteorologista.
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