Eu vi!!! O ouro saindo com facilidade da Raposa Serra do Sol, em Roraima
Do avião é fácil perceber que a Amazonia não é uma coisa só... você voa horas e horas e raramente encontra uma árvore, muito menos a floresta... Lá embaixo só o terreno liso, com lagoas formadas no meio do capinzal.
É o lavrado, uma sucessão coberta por um vegetação rala, que vai desde o sul do estado, até a divisa com a Venezuela e a Guiana.
Roraima integra a Amazonia Legal e tem, sim, uma parte tomada por árvores (o lado direito do Rio Branco une-se com a floresta amazonica, moradia do povo ianomami).
Já o lado esquerdo é essa sequencia de campos savanicos, que termina nos pés do Monte Roraima, ... que se destaca num interminável conjunto de montanhas, ... a Raposa Serra do Sol.
Se o lado esquerdo pertence aos ianomamis, o lado direito é território macuxi -- (indios descendentes de povos montanheses, como os Incas, por exemplo).
Esses indigenas, de há muito aculturados, sabem sobreviver nessas montanhas íngremes, quase sem vegetação, e de solo estéril, coberto por cascalho pedregulhoso, lembrando o fundo de um imenso leito de mar de tempos imemoriais.
Há 10 anos a Raposa Serra do Sol ficou famosa pela intervenção "manu militari" do governo petista. A policia Federal de Lula retirou do lavrado os arrozeiros e pecuaristas que produziam ali a pouca sobrevivência econômica de Roraima.
Lula interditou a área de mais de 1 milhão e 800 mil de hectares, entregando as montanhas para a Funai e para religiosos.
Desde os anos de administração petista somente membros da igreja católica ligada ao CIMI (Conselho Indigenista Missionário) é que tem permissão para entrar no territorio Ianomami/Macuxi. ... Não só entrar, como andar por todos os lados, e sair sem ser incomodados por ninguém, sem alfandega, sem controle.
A falta de controle atraiu os garimpeiros, muitos bandoleiros vindos de todas as partes, que se infiltraram nas partes leste e oeste de Roraima.
A Raposa Serra do Sol se transformou numa verdadeira terra sem lei...
Ali dentro a Lei é definida por quem se diz tuxaua, o chefe - o seo Pedro é um deles. Casou com uma índia e seus descendentes sobrevivem sobre os mais valiosos minerais existentes no subsolo terreste...
No entanto, os legitimos proprietários dessas montanhas - os indios - vivem em extrema miséria em suas aldeias. Os Ianomami, por exemplo, tiveram de deixar de esmolar pelas esquinas de Boa Vista, vencidos pela concorrencia dos refugiados venezuelanos, uma horda de miseráveis que tomam a capital de Roraima.
Ali não há mais esmolas para tantos deserdados.
Só que a menos de duas horas de avião está depositado uma imensa concentração do que há de mais rico no mundo mineral.
NÃO AGUENTEI 3 HORAS NO GARIMPO DO IGARAPÉ DO SOL; AFINAL, NÃO SOU ÍNDIO NEM GARIMPEIRO...
Fiquei poucas horas dentro da serra, tempo suficiente para comprovar que é facil encontrar o ouro nos barrancos dos igarapés da Serra do Sol; e que também é fácil sair com ouro puro para fora do território, contrabandeado de todas as formas.
Já os outros minerais que estão ali é outra história.. Por enquanto vamos nos concentrar no ouro..
O aviãozinho que nos levou pra dentro da Serra é daquele tipo que não cai nunca... Principalmente quando no manche está o comandante Peruca, piloto veterano, personagem de reportagem internacional da National Geografic.
Peruca fala pouco, vê muito. Cachoeiras lindíssimas, por exemplo
Pra pousar precisa ver a direção do vento. No alto das montanhas as pistas são essas picadinhas aí, abertas a mão...
Comigo estão o tuxaua Altevir de Souza, legitimo representante de 150 mil macuxis, e o cinegrafista Eli dos Santos, que, além de ótimo profissional, é excelente companheiro... Graças ao Eli não morri lá embaixo..
Do alto do morro até ao barranco dos garimpeiros, mais uma hora de caminhonete, enviada antes para servir de apoio... Ainda bem...
Quando o caminho embicou para o fundo do vale, o sossego acabou. Dali pra baixo, só a pé e escorregando (às vezes caindo)... tente descer se equilibrando sobre pedregulhos...
Lá embaixo, o igarapé do Sol e... garimpeiros...
Esse grupo estava em meio à uma despescagem, lavagem de cascalho, a procura de ouro. Dois dias de trabalho se resumiram a esse monte de areia aí,
Chegou a hora do vamos ver..
Lava daqui, apura dali e as primeiras fagulhas aparecem...
Na ultima bateada, o acumulo de um metal dourado, de brilho forte, ressaltado pela luz do sol..
Hora de ir embora, de subir o morro. Hora do "quase morro"...
Na Serra do Sol resiste quem tem preparo. Ali não é lugar pra jornalista de 68 anos, sem preparo, barrigudo,,. e acostumado à redação com ar condicionado...
Na terceira parada, achei que não ia conseguir. Chamaram o socorro. O carro veio, mas não subia... Os indios, mais práticos, agiram como se tivessem num atoleiro.. só que de cascalhos...
Com essa mão na roda, o carro saiu.. e eu saí voando de lá...
(ufa!!!)...
AMANHÃ, COM EXCLUSIVIDADE NO NOTÍCIAS AGRÍCOLAS:
RIQUEZAS MINERAIS ESTÃO DEBAIXO DAS RESERVAS DOS ÍNDIOS
4 comentários
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Elvio Zanini Sinop - MT
Que vergonha!!!... para os dominadores das inverdades, que tentam esconder a realidade da Raposa Serra do Sol (RR) e Suiá-Missú (MT), retirando os conterrâneos gauchos que lá chegaram para plantar arroz e matar a fome de que tinha.
Rafael Antonio Tauffer Passo Fundo - RS
Parabéns pela reportagem João Batista,e desse jeito logo vai virar piloto.
Telmo Heinen Formosa - GO
Como dizem os americanos, você só pode falar de "boca cheia" e convicção sobre qualquer tema ou assunto quando tiver a vivência do mesmo! Parabéns meu amigo João Batista!
Ezequiel Calgaro Mariópolis - PR
Excelente reportagem João Batista, nos confins do Brasil nos mostrando as riquezas desta terra abençoada por Deus, cobiçada por muitos, mas explorada por poucos.
E' muito trabalhoso ir ate' a fonte da noticia, mas ele vai, jornalista exemplar...
Putz, tem sujeito no "fala produtor" que negativa até elogio ao trabalho do João Batista? vai ser recalcado assim nas passeatas do "Lula Livre"...