Força-tarefa da Lava Jato em SP denuncia Lula e irmão por corrupção

Publicado em 09/09/2019 19:51

A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou hoje (9) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu irmão, Frei Chico, por corrupção passiva continuada. Emilio e Marcelo Odebrecht, donos da empreiteira Odebrecht, e Alexandrino de Salles Ramos Alencar, ex-diretor da empresa, foram denunciados por corrupção ativa continuada.

Segundo a acusação, entre 2003 e 2015, o irmão de Lula teria recebido mais de R$ 1,13 milhão por meio de pagamentos mensais que variavam de R$ 3 mil a R$ 5 mil em troca de benefícios diversos obtidos pela Odebrecht junto ao governo federal.

De acordo com nota do Ministério Público Federal (MPF), a empresa participava do setor petroquímico e vinha tendo problemas com sindicatos. O MPF sustenta que, desde a década de 1990, o então presidente da companhia, Emilio Odebrecht, teria buscado uma aproximação com Frei Chico, sindicalista do setor, para intermediar o diálogo com os trabalhadores. A companhia era representada nas reuniões por Alexandrino Alencar.

Segundo o MPF, em 2002, com a eleição de Lula, a Odebrecht entendeu por bem rescindir o contrato da consultoria prestada por Frei Chico, mas teria decidido manter uma “mesada” ao irmão do presidente eleito, “visando a manter uma relação favorável aos interesses da companhia”. Os pagamentos teriam começado em janeiro de 2003 e cessaram somente em meados de 2015, com a prisão de Alexandrino pela Lava Jato.

O Ministério Público Federal aponta que a “mesada” era feita de forma oculta, por meio do “Setor de Operações Estruturadas” da Odebrecht, responsável por processar os pagamentos de propina feitos pela companhia. Esses pagamentos ocultos foram, inicialmente, autorizados por Emílio, e foram mantidos por decisão de Marcelo, mesmo com o término do mandato de Lula, em 2010.

Os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa têm pena de dois a 12 anos de prisão e multa. Na modalidade continuada, as penas podem ser aumentadas de um sexto a dois terços. Segundo a nota da PGR, se condenados, Lula e Frei Chico poderão receber sentenças de dois anos e quatro meses a 20 anos de prisão.

Procurada, a Odebrecht se manifestou por nota: “A Odebrecht, com atuação ética, íntegra e transparente, tem colaborado com as autoridades de forma permanente e eficaz, em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado.”

Cristiano Zanin Martins. advogado de Lula, afirmou também por nota que a denúncia “repete as mesmas e descabidas acusações” já apresentadas em outras ações penais contra o ex-presidente. “Lula jamais ofereceu ao Grupo Odebrecht qualquer ‘pacote de vantagens indevidas', tanto é que a denúncia não descreve e muito menos comprova qualquer ato ilegal praticado pelo ex-presidente”.

Desde abril do ano passado, o ex-presidente Lula cumpre provisoriamente, na Superintendência da Polícia Federal no Paraná, pena de oito anos, 10 meses e 20 dias por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá (SP).

Lula sugeriu que Emílio Odebrecht contratasse Frei Chico (O Antagonista)

denúncia contra Lula e Frei Chico também narra que o irmão do ex-presidente foi contratado pela Odebrecht quando o PT nem estava no poder, nos anos 90.

O próprio Lula sugeriu a Emílio Odebrecht que chamasse Frei Chico para prestar um serviço de “consultoria sindical” — o objetivo era frear greves e protestos contra o programa de privatizações do setor petroquímico, na qual a empresa começava a atuar.

Segundo o MPF, os serviços foram efetivamente prestados, mas a construtora continuou pagando Frei Chico depois de 2003, quando Lula assume a Presidência, para manter a boa relação e obter favores do governo.

“Ao contrário do que ocorria com os citados pagamentos por serviços de consultoria (feitos, como visto, por vias ordinárias de transferência bancária ou cheque), esta “mesada” recebida por FREI CHICO não apenas era paga em espécie, como ainda era processada pelo denominado “Setor de Operações Estruturadas” do Grupo ODEBRECHT , sabidamente idealizado e colocado em funcionamento para realizar pagamentos, do modo mais discreto possível, de propinas a agentes públicos”, diz trecho da denúncia.

Mesada para Frei Chico era parte de um ‘pacote’ de propinas, diz MPF

Na denúncia contra Lula e Frei Chico, o MPF-SP diz que a mesada paga pela Odebrecht ao irmão do ex-presidente fazia parte de um “pacote de vantagens indevidas” aceitas pela dupla.

Entre os outros itens do pacote, estão as reformas no sítio de Atibaia (SP), pagamentos por palestras e uma doação de um terreno para o Instituto Lula.

A construtora desembolsou um total de R$ 1,1 milhão entre 2003 e 2005 para Frei Chico, que recebia pagamentos mensais em dinheiro vivo das mãos do ex-diretor Alexandrino Alencar.

Em troca, a Odebrecht mantinha a proximidade com Lula para obter favores como edição de medidas provisórias (como a do Refis da Crise), a venda do Parque da Cidade e o programa de
desenvolvimento de submarinos (Prosub).

ODEBRECHT: VINGANÇA EM FAMÍLIA E NOVAS REVELAÇÕES PARA A LAVA JATO. CONFIRA
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Fonte:
Agência Brasil/O Antagonista

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