Produtores argentinos favorecem soja ao invés de milho em meio à incerteza política
Produtores argentinos, ansiosos em meio a um cenário político obscuro e uma turbulência econômica, têm se voltado para a soja, ao invés do milho, mais caro, para cortar cursos, uma mudança que pode impactar a colheita da próxima temporada em um dos principais exportadores globais de grãos.
Os fazendeiros dizem que a situação econômica volátil da Argentina e a probabilidade de uma nova administração ao final do ano, após o presidente Mauricio Macri ter sido esmagado em eleições primárias, significam que a soja parece uma aposta menos arriscada que o milho.
Os custos para produção de milho estão em cerca de 500 dólares por hectare, cerca de 70% mais que os da soja, disseram consultores locais, uma vez que o cereal exige mais investimento em fertilizantes e novas sementes a cada temporada.
A tendência pode pesar sobre a colheita de milho da Argentina em 2019/20 e elevar a produção de soja, disseram analistas.
O país, agora no começo da temporada de plantio, é o maior exportador global de soja processada e o terceiro em exportações de milho, atrás do Brasil e dos Estados Unidos.
Temores sobre a direção política do governo aumentaram desde que o pró-mercado Macri foi amplamente derrotado em uma primária em 11 de agosto pelo rival peronista Alberto Fernandez, chacoalhando os mercados. Fernandez está concorrendo em chapa com a ex-presidente Cristina Kirchner.
Cristina é altamente impopular entre os fazendeiros argentinos após ter restringido exportações e taxado vendas de produtos agrícolas para o exterior durante sua presidência, entre 2007 e 2015. A eleição é em 27 de outubro.
"O resultado (das primárias) gerou incerteza e os produtores vão mudar seus portfólios para incorporar culturas de menor custo", disse o chefe da consultoria AgriPac, em Buenos Aires, Pablo Andreani.
O diretor da consultoria Agritrend, Gustavo López, estimou que os agricultores provavelmente reduzirão a área destinada ao milho nesta temporada em 200.000 hectares, para 6 milhões de hectares. Já a soja, que avançaria sobre essa área, atingiria 17,7 milhões de hectares.
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