Cooxupé considera que opções públicas são a melhor alternativa para produtor enfrentar os preços baixos do café
Visando buscar alternativas que possam ajudar o produtor do café a enfrentar os preços baixos, o Notícias Agrícolas conversou com Carlos Augusto Rodrigues de Melo - Presidente Cooxupé para fazer uma análise em cima dos dados que mostram que a cafeicultura além de sofrer com os preços baixos de mercado, também poderá ter uma safra abaixo do esperado.
Para a Cooxupé, opções públicas são a melhor alternativa para o produtor enfrentar os preços baixos do café. "Precisamos ter uma polícia pública mais a longo prazo. No nosso entendimento, para nos atender é necessário que possamos ter como mecanismo a questão das opções públicas", afirma. Diante de um cenário com os valores baixos, a prorrogação de dívidas é uma das soluções que precisam ser avaliadas pelo governo, afirma o presidente. "Neste momento, com preços nesses patamares são necessários", afirma.
Ele ressalta ainda que caso o mercado não tenha uma safra frustadas, como já indicam os números, é importante que as questões públicas fiquem prontas para quando for necessário e reaquecer o mercado, que atualmente não cobre os preços do produtor . "Para isso é preciso que as ferramentas estejam prontas para podermos então executá-las, naquele momento oportuno, se necessário", disse.
Futuros do café encerram agosto em terreno negativo (CNC)
Cooperativas alertam sobre impacto do clima e CNC aponta as consequencias dos baixos tratos culturais (BALANÇO SEMANAL — 26 a 30/08/2019)
Os contratos futuros do café oscilaram pouco nos mercados internacionais nesta semana e, assim, encerram o mês de agosto acumulando perdas. Do final de julho a ontem, o vencimento dezembro do contrato "C" acumulou queda de 7,8% na Bolsa de Nova York, fechando a US$ 0,9525 por libra-peso. Na ICE Europe, o vencimento novembro do café robusta encerrou a quinta-feira a US$ 1.325 por tonelada, com declínio mensal de 3,1%.
Em agosto, segundo analistas, as cotações foram pressionadas pelo avanço dos trabalhos de cata da safra 2019 do Brasil e por especulações sobre o tamanho da colheita 2020. As cooperativas cafeeiras brasileiras, contudo, lançaram manifesto afirmando que o país não colherá volume recorde no ano que vem.
Conforme as instituições, a produção de 2020 será inferior à de 2018 em função do impacto do clima. O cinturão cafeeiro nacional enfrentou falta de chuvas no período de enchimento dos frutos e precipitações na colheita, impactando a safra 2019, além das geadas em julho, que causaram perdas na temporada atual e reduzirão a oferta em 2020.
O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, alerta que os baixos tratos culturais também interferirão na produção do país no ano que vem.
"A redução nos cuidados com os cafezais se dá pelos fracos preços que perduram ao longo dos últimos anos. Somando-se isso ao impacto das adversidades climáticas, certamente não passaremos nem perto de uma safra recorde”, argumenta.
“Esse cenário, porém, poderá gerar uma recuperação nas cotações em breve, mas prever qual será a escalada que veremos no mercado é trabalhar com o ‘cabalístico’", completa.
Também do lado negativo está o desempenho do dólar comercial, que vem se fortalecendo ante moedas dos países produtores e pressionando o valor das soft commodities, como o café. De 31 de julho (R$ 3,8173) até ontem, a divisa acumula valorização de 9,3%, cotada a R$ 4,1717.
Em relação ao clima, a Somar Meteorologia informa que o tempo muda em parte do Sudeste no domingo, com uma frente fria chegando a São Paulo e, acompanhada por área de baixa pressão atmosférica, aumenta as instabilidades.
Há previsão de chuva no fim do dia, mas sem volumes significativos, na maior parte paulista, no sul de Minas Gerais e na maioria do Rio de Janeiro. O restante da Região fica com tempo firme e seco.
No mercado físico, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que as cotações do café arábica avançaram nos últimos dias, impulsionadas pela retração vendedora e pelas altas do dólar. Os ganhos, principalmente no início de semana, atraíram vendedores ao mercado, cenário oposto ao verificado na maior parte da semana anterior.
Para o robusta, os preços também subiram nos últimos dias devido à apreciação do dólar e à maior demanda pela variedade, contexto que aumentou a liquidez interna, com negócios sendo fechados tanto no mercado físico – inclusive para a exportação – quanto no futuro.
Os indicadores calculados pela instituição para os cafés arábica e conilon encerraram a quinta-feira a R$ 415,64/saca e a R$ 292,08/saca, respectivamente, com valorizações de 1,4% e 1,9%.
Funcafé: 25 agentes assinam contratos para operar recursos
Volume liberado até o momento é de R$ 4,256 bilhões. CNC informa que novos contratos serão assinados em breve
Na quarta-feira, 28 de agosto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, no Diário Oficial da União (DOU), mais cinco extratos de contratos para a operação dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), elevando para 25 o total de agentes que já assinaram com a Pasta para repassarem esse capital destinado à cafeicultura na safra 2019.
O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, anota que a assinatura dos contratos por parte da ministra Tereza Cristina é resultado do trabalho que a entidade realiza junto ao Governo Federal ao longo dos últimos meses.
"Diante da demora para o lançamento do Plano Safra, fato que retardou o trâmite para o início da liberação dos recursos do Funcafé, mantivemos reuniões com o Mapa, que demonstrou conhecimento da realidade e também sua parceria com a atividade cafeeira, possibilitando que essas instituições pudessem, o mais rapidamente possível, disponibilizar o dinheiro aos cafeicultores e a nossas cooperativas", comenta.
O valor total do repasse até o momento é de R$ 4,256 bilhões. "O Funcafé conta, para aplicação na safra 2019, com um total de R$ 5,063 bilhões. Os R$ 807 milhões restantes desse orçamento deverão ser repassados muito em breve a outros 10 agentes credenciados, conforme nos comunicou o Governo Federal", revela Brasileiro.
O presidente do CNC orienta produtores e cooperativas a contatarem suas instituições para fazer a tomada do crédito. "Com os recursos do Funcafé podemos nos programar e diluir as vendas, aproveitando os picos do mercado e não nos vendo obrigados a comercializar em momentos de pressão", explica.
CENÁRIO DE MELHORAS
Silas Brasileiro anota que estar dotado dos recursos para melhor negociar a colheita é fundamental atualmente, haja vista que o cenário cafeeiro induz que os preços deverão se recuperar em breve. Ele reforça esse sentimento apontando algumas projeções que instituições vêm divulgando recentemente.
“O Rabobank estimou que, com o aumento da demanda pela variedade e perspectivas para as safras da América Central e Brasil, prevê um déficit de 5,5 milhões na safra 2019/20 do café arábica. Mesmo considerando o aumento previsto para a safra de conilon, o déficit total na safra mundial de café será superior a 4 milhões de sacas”, expõe.
Diante desse prognóstico e citando o impacto do clima na safra brasileira e os baixos tratos culturais ocasionados pelos baixos preços que perduraram ao longo dos últimos anos, o presidente do CNC acredita em melhoras nas cotações do café ainda neste ano.
“As chuvas em períodos praticamente invertidos, a ocorrência de geadas em algumas áreas do cinturão e os tratos culturais reduzidos em função da descapitalização do produtor afetaram a qualidade da safra atual e impactarão a próxima. Juntando isso à baixa na oferta, as cotações passarão a se recuperar em breve. Prever qual será a escalada que veremos no mercado, contudo, é trabalhar com o ‘cabalístico’. Certo é que veremos uma melhora adiante”, conclui.
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