Brasil busca fatia em mistura de etanol na China, mas grandes volumes são improváveis

Publicado em 30/08/2019 10:15

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Por Marcelo Teixeira

SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de etanol do Brasil está buscando conquistar uma fatia do mercado chinês do biocombustível, à medida que a nação asiática coloca como meta uma mistura de 10% na gasolina para melhorar a qualidade do ar, embora um salto nas exportações no curto prazo seja improvável, segundo pessoas que acompanham o assunto.

A China visa adicionar 10% de etanol em toda a gasolina utilizada no país até 2020, uma política que pode impulsionar acentuadamente o mercado do biocombustível no país e possivelmente elevar as importações, uma vez que a capacidade de produção doméstica é pequena para atender à meta.

Representantes da indústria brasileira de etanol fizeram parte da missão comercial organizada pelo governo do Estado de São Paulo que visitou a China neste mês. Na pauta, reuniões com autoridades chinesas e uma visita à sede da comercializadora de commodities Cofco, que possui quatro usinas de etanol no Brasil.

São Paulo é o principal Estado produtor de etanol no país. O secretário de Agricultura paulista, Gustavo Junqueira, que também esteve na missão, disse que a abertura do mercado chinês de etanol foi discutida, acrescentando que acredita que as usinas de São Paulo possam aumentar significativamente seus negócios.

Felipe Vicchiato, diretor financeiro da São Martinho, uma importante produtora brasileira de etanol, disse que as autoridades chinesas aparentaram falar seriamente a respeito dos planos durante as conversas. O presidente do Conselho da São Martinho, Marcelo Ometto, participou da missão comercial.

Uma fonte na Cofco, no entanto, afirmou à Reuters que é improvável que a China implemente a mistura nacionalmente no próximo ano.

"A implementação tem sido lenta... Até agora, o E10 foi implementado apenas em algumas regiões", disse a fonte, que pediu para não ser identificada por não estar autorizada a falar publicamente sobre a questão.

A fonte acrescentou que o governo chinês muito provavelmente buscará equilibrar o uso do etanol com a produção local, recuando de uma pressão pela implementação imediata da E10, que necessariamente estimularia as importações.

"Também existe pressão das empresas de petróleo, então acredito que isso não vá ocorrer", disse, referindo-se à implementação no ano que vem.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) estima que a China continuará distante de alcançar a meta nacional de E10 no próximo ano, projetando que o volume total de etanol em mistura com a gasolina no país fique entre 3% e 3,5% em 2020.

Se as importações chinesas avançarem, porém, o Brasil estará em uma boa posição em relação ao maior produtor mundial do biocombustível, os EUA, já que a China impôs neste ano uma tarifa adicional de 25% sobre as importações de etanol norte-americano em meio à guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

(Por Marcelo Teixeira em São Paulo; com reportagem adicional de Dominique Patton em Pequim)

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Fonte:
Reuters

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