Crédito do Plano Safra: "leve a sério a CPR pois ela vai financiar a sua safra", diz Antônio da Luz
O plano Safra 19/20 já está em vigor, e para entender melhor as mudanças com relação às novas formas de crédito, o jornalista João Batista Olivi entrevistou Antônio da Luz (economista da Farsul), principalmente em relação às CPR's (Cédula de Produto Rural), que agora podem ser dolarizadas e colocadas no mercado na forma de CRA's (Certificado de Recebíveis do Agronegócio).
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Antônio explicou que as CPR's são papéis recebíveis, mas que ainda não chegaram ao nível de serem ativos no mercado financeiro. Portanto, a solução para o produtor é transformá-las em CRA's, através de bancos securitizadores. O banco então irá avaliar a taxa de risco do papel, fará o lastreamento em dólar e por fim, lançará o papel no mercado, que poderá interessar tanto a investidores brasileiros quanto a estrangeiros.
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Com essa modalidade de negócio, Antônio da Luz diz que o produtor poderá ter mais liberdade de negociação, já que poderá entrar em contato direto com os investidores. Por outro lado, os investidores também ficarão mais interessados na cadeia do agronegócio, já que terão investimentos no setor. De acordo com ele, esse processo já é realizado através das revendas de insumos, mas que pode ser realizado pelo próprio produtor rural, garantindo assim mais economia.
Agora entrarão em cena as securitizadoras, empresas que procurarão investidores para os CRAs dos agricultores. Antes as CPRs deverão ser registradas, tornando-se assim recebíveis do agronegócio. O valor do financiamento deverá diminuir quanto menos riscos tiver o lançador (o produtor rural). Enfim, as CPRS sairão da gaveta para ser o lastro do crédito agricola brasileiro, explica Antonio da Luz.
“Para o produtor rural, oferece crédito mais barato por causa da maior concorrência. Para as pessoas das cidades, possibilita investir no setor sem a necessidade de comprar terras ou maquinário agrícola. Essa união entre o urbano e o rural é o futuro do crédito rural”, argumenta o economista.
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Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS
Se esse dispositivo (CPR dolarizada/CRAs) não for atrapalhado com a inserção de "jabuticabas" jurídicas de última hora, será realmente muito importante e deverá diminuir o custo de captação do crédito, retirando incertezas para os investidores no que se refere aos riscos cambiais. Entretanto, é preciso que os produtores se conscientizem da necessidade de aprimorar o conhecimento sobre ferramentas financeiras e de comercialização, pois uma dívida em dólares requer a proteção através do hedge e existem outras salvaguardas que precisam ser consideradas. Oxalá que o mecanismo se estabeleça, se fortaleça e não seja objeto da sabotagem dos caloteiros
Eduardo, o senhor tem toda a razão.
Li em algum lugar que a Fiagril, agora comandada pelos chineses, quer ter todo seu recebimento de grãos em até dois anos fechados em "barter". Eles querem receber, num cálculo superestimado ao meu ver, até 1,5 milhão de toneladas/ano de soja ! Isso mostra que ainda o "barter" vai continuar sendo um dos principais mecanismos de financiamento do produtor do Centro Oeste. Mas ao mesmo tempo temos noticias das grandes tradings levando calote de produtores do Mato Grosso, o famoso "devo não nego pago quando puder, se puder"!!