Wall St fecha em forte queda por preocupação com economia

Publicado em 04/01/2019 03:23

NOVA YORK (Reuters) - As ações norte-americanas despencaram nesta quinta-feira, com o S&P 500 recuando mais de 2 por cento após a desaceleração da atividade manufatureira nos EUA e um alerta da Apple para receita alimentarem temores de desaceleração econômica global.

Com base nos dados preliminares, o índices Dow Jones  recuou 2,83 por cento, para 22,686.22 pontos, o S&P 500  perdeu 2,28 por cento, a 2,452.84 pontos, enquanto o Nasdaq caiu 2,78 por cento, a 6.480,84 pontos.

O índice do setor de tecnologia do S&P  caiu 5,1 por cento, a maior queda percentual em um dia desde agosto de 2011.

Na noite de quarta-feira, o presidente-executivo da Apple, Tim Cook, escreveu em uma carta a investidores que a empresa não previu a extensão da desaceleração econômica da China, que foi exacerbada pelas tensões comerciais entre EUA e China. As ações do fabricante do iPhone caíram 10 por cento.

Um relatório do Institute for Supply Management mostrou que a atividade manufatureira nos EUA em dezembro sofreu a maior queda desde outubro de 2008, o auge da crise financeira.

Em meio a tensões, EUA alertam cidadãos sobre viagens à China

WASHINGTON (Reuters) - O Departamento de Estado dos Estados Unidos renovou nesta quinta-feira um alerta para que cidadãos norte-americanos em viagem à China redobrem os cuidados devido a uma “imposição arbitrária das leis locais”, em meio a tensões diplomáticas causadas pela detenção de uma executiva chinesa no Canadá.

A reedição do aviso de viagem mantém o “Nível 2” de alerta e também chama atenção sobre checagens de segurança extras e para um aumento da presença de policiais nas regiões autônomas de Xinjiang e do Tibet.

O alerta ocorre em seguida à detenção, por autoridades chinesas, em dezembro, dos canadenses Michael Kovrig, um ex-diplomata e atual consultor para a organização International Crisis Group (ICG), e Michael Spavor, um empresário.

A China alega que ambos são suspeitos de ameaçar a segurança nacional.

As tensões com a China se agravaram depois que a polícia canadense deteve, em Vancouver, no 1º de dezembro, a chefe financeira da empresa de tecnologia chinesa Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos.

Promotores norte-americanos a acusaram de esconder dos bancos transações ligadas ao Irã, colocando as instituições financeiros em risco de violar sanções impostas pelos EUA.

Nesta quinta-feira, o procurador-geral da China disse que os dois canadenses tinham “sem dúvida” infringido a lei.

Em seu alerta de viagem para China anterior, emitido em 22 de janeiro do ano passado, o Departamento de Estado dos EUA pediam aos cidadãos norte-americanos que tivessem “cuidados maiores” ao ir para o país asiático, por causa da “imposição arbitrária das leis locais e das restrições especiais em relação a binacionais sino-norte-americanos”.

Atividade manufatureira nos EUA cai em dezembro para menor nível em dois anos

WASHINGTON (Reuters) - A atividade manufatureira nos EUA atingiu o menor nível em dois anos em dezembro, com queda em novas encomendas e contratações, sugerindo provavelmente que a economia norte-americana não ficou imune à desaceleração na China e na Europa.

A pesquisa do Institute for Supply Management (ISM) divulgada nesta quinta-feira mostrou um cenário pessimista do setor fabril, com quase todos os componentes caindo no mês passado. Preocupações sobre a saúde da economia estão aumentando, apesar do mercado de trabalho permanecer forte.

"A economia vai ter um fraco crescimento em 2019 se acreditarmos no relatório dos gerentes de compras", disse Chris Rupkey, economista-chefe do MUFG em Nova York. "Os novos pedidos secaram e isso vai prejudicar o investimento e o crescimento das empresas em 2019."

O Institute for Supply Management (ISM) informou que seu índice de atividade manufatureira dos EUA caiu 5,2 pontos, para 54,1 no mês passado, a menor leitura desde novembro de 2016.

A queda foi a maior desde outubro de 2008, quando a economia estava no meio de uma recessão. Uma leitura acima de 50 no índice ISM indica expansão da atividade manufatureira, que responde por cerca de 12 por cento da economia dos EUA.

O ISM apontou que o consumo continuou a se fortalecer, com a produção e o emprego ainda em expansão, mas "em níveis muito mais baixos em comparação com períodos anteriores".

O subíndice de novos pedidos do ISM despencou 11 pontos, para 51,1, o piso desde agosto de 2016. O indicador do emprego da pesquisa caiu para 56,4, de 58,4 no mês anterior.

As tarifas impostas pela administração Trump às importações de aço e alumínio e a uma gama de produtos chineses estão prejudicando a indústria. Fabricantes de equipamentos de transporte disseram que "a demanda do cliente continua a diminuir devido a preocupações com a economia e as tarifas".

Fabricantes de máquinas reclamaram que "os problemas das tarifas entre EUA e China estão causando preocupações de longo prazo sobre custos e estratégias de fornecimento para nossas operações de manufatura". Fabricantes de computadores e produtos eletrônicos disseram que "o crescimento parece ter parado".

O presidente Donald Trump defendeu tarifas para proteger a indústria norte-americana do que chama de concorrência injusta. O protecionismo da Casa Branca levou a uma guerra comercial com a China e à imposição de tarifas no comércio com outros parceiros, incluindo União Europeia, Canadá e México.

Além das tarifas, que aumentaram custos de insumos para fabricantes, a atividade fabril também está sendo prejudicada pelo dólar forte, escassez de mão-de-obra qualificada, estímulo fiscal menor e desaceleração em economias como a da China.

 

DESACELERAÇÃO ECONÔMICA

Em contraposição, a criação de vagas de emprego no setor privado dos Estados Unidos registrou o ritmo mais forte em dois anos em dezembro, sugerindo força sustentada no mercado de trabalho apesar da atual volatilidade no mercado financeiro.

Enquanto outros dados desta quinta-feira mostraram que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA aumentou mais do que o esperado na semana passada, a tendência geral seguiu indicando baixa. Os dados de pedidos tendem a ser voláteis nos dias próximos dos feriados de final de ano.

Os dados do mercado de trabalho estão sendo acompanhados de perto para detectar se o aperto das condições financeiras pode estar impactando as decisões de contratação das empresas. Fortes vendas generalizadas no mercado de ações têm alimentado temores sobre a saúde da economia.

O Relatório Nacional de Empregos da ADP mostrou que foram criadas 271 mil vagas de trabalho no mês passado, após criação de 157 mil em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 178 mil postos de trabalho no mês passado, após 179 mil em novembro.

O relatório da ADP saiu antes do relatório de emprego mais abrangente do governo para dezembro, na sexta-feira.

De acordo com pesquisa da Reuters com economistas, a criação de vagas de emprego fora do setor agrícola provavelmente atingiu 177 mil empregos no mês passado, ante 155 mil em novembro. A taxa de desemprego foi estimada perto da mínima de 49 anos de 3,7 por cento, não muito longe da previsão do Federal Reserve de 3,5 por cento até o final de 2019.

Em relatório separado, o Departamento de Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 10 mil, para 231 mil pedidos, em dados ajustados sazonalmente na semana encerrada em 29 de dezembro. Os dados da semana anterior foram revisados para mostrar mais 5 mil solicitações recebidas em relação ao relatado anteriormente.

Economistas consultados pela Reuters projetavam aumento para 220 mil de pedidos na última semana.

Democratas assumem Câmara e desafiam Trump por paralisação do governo dos EUA

WASHINGTON (Reuters) - Os democratas não demoraram a demonstrar seu recém-adquirido comando da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e já se articulavam para aprovar leis com o potencial de encerrar a paralisação parcial do governo dos EUA, em seu 13º dia, sem atender ao presidente Donald Trump, que demanda 5 bilhões de dólares para construção de um muro na fronteira.

Esta quinta-feira é o primeiro dia, desde que Trump assumiu a Presidência em janeiro de 2017, de uma divisão de poderes em Washington, depois que os democratas assumiram o controle da Câmara no lugar dos republicanos, que permanecem à frente do Senado.

A legislatura para os anos 2019 e 2020 do Congresso dos EUA abriu os trabalhos em meio a uma interrupção nos serviços de cerca de um quarto do governo, o que afeta em torno de 800 mil servidores, paralisação provocada pela exigência de Trump de que recursos para a construção de um muro na fronteira com o México sejam incluídos em qualquer legislação orçamentária aprovada daqui em diante – os democratas se opõem à liberação da verba.

Líderes congressistas de ambos os partidos não conseguiram avançar nas conversas com Trump na quarta-feira na Casa Branca, e devem retornar para mais uma rodada de negociação na sexta, numa indicação de que a paralisação deve se prolongar até o fim da semana.

Na Câmara, a veterana democrata Nancy Pelosi foi eleita presidente, no que será a segunda passagem da deputada liberal de San Francisco por um dos cargos mais poderosos de Washington. A expectativa é de que sejam logo votadas leis orçamentárias feitas pelos democratas.

"Eu prometo que este Congresso será transparente, bipartidário e unificador, que buscaremos alcançar o outro lado do corredor (outro partido) nesta Câmara e em todas as divisões do nosso país", disse Pelosi.

O pacote em duas partes elaborado pelos democratas inclui um projeto de lei para financiar o Departamento de Segurança Interna nos patamares já praticados até 8 de fevereiro, com a previsão de 1,3 bilhão de dólares para cercas nas fronteiras e 300 milhões de dólares para outros itens de segurança fronteiriça, incluindo equipamentos e câmeras.

A segunda parte do pacote seria destinada ao financiamento de outras agências federais que encontram-se sem recursos, incluindo os departamentos de Agricultura, Interior, Transporte, Comércio e Justiça. Nesse caso, as verbas estão previstas para durar até 30 de setembro, quando se encerra o atual ano fiscal.

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, indicou que os senadores não devem aprovar a legislação dos democratas, a qual chamou de “teatro político, não legislação produtiva”.

“Não vamos desperdiçar o tempo”, disse ele no plenário do Senado. “Não vamos começar com o pé errado com os democratas da Câmara, que usam sua plataforma para apresentar posições políticas em vez de soluções sérias”.

McConnell disse que o Senado não vai votar nenhuma proposta que não tenha uma chance real de ser sancionada por Trump.

Depois das eleições parlamentares de novembro, os republicanos mantiveram maioria de 53 senadores, ante 47 dos democratas, enquanto estes obtiveram 235 assentos na Câmara, ante 199 dos republicanos.

O muro é uma das principais promessas feitas na campanha de Trump em 2016, quando ele disse que o México pagaria pela obra, que diz ser necessária para combater a imigração ilegal e o tráfico de drogas. Para os democratas, o muro é imoral, ineficaz e medieval.  

“Não, não. Nada para o muro”, disse Nancy Pelosi em uma entrevista veiculada nesta quinta-feira pelo canal NBC.

EUA alertam Irã a evitar lançamento de foguetes espaciais e mísseis balísticos

WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos emitiram um alerta prévio ao Irã nesta quinta-feira aconselhando o país a não ir adiante com três lançamentos de foguetes espaciais planejados, que disse que violariam uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) por usarem tecnologia de mísseis balísticos.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que o Irã anunciou planos de lançar nos próximos meses três foguetes, chamados de Veículos de Lançamento Espacial, que afirmou incorporarem uma tecnologia que é "virtualmente idêntica" àquela usada em mísseis balísticos intercontinentais.

"Os Estados Unidos não ficarão assistindo as políticas destrutivas do regime iraniano colocarem a estabilidade e a segurança internacionais em risco", disse Pompeo em um comunicado.

"Aconselhamos o regime a reconsiderar esses lançamentos provocadores e cessar todas as atividades relacionadas a mísseis balísticos para evitar um isolamento econômico e diplomático mais profundo."

No final de novembro o vice-ministro da Defesa do Irã, general Qassem Taqizadeh, disse que seu país planeja lançar três satélites no espaço em breve, segundo citações da mídia iraniana.

"Os satélites foram feitos por especialistas locais e serão colocados em várias órbitas", disse Taqizadeh.

Pompeo argumentou que tais lançamentos de foguetes violariam a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que endossou um acordo nuclear entre Teerã e potências mundiais em 2015. Ela faz um apelo para que o Irã não desenvolva atividades relacionadas a mísseis balísticos capazes de transportar armas nucleares, inclusive lançamentos que empregam tal tecnologia, mas não chega a proibir explicitamente tais atividades

Em maio o presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu retirar os Estados Unidos do acordo nuclear.

Pompeo disse que o Irã disparou mísseis balísticos diversas vezes desde que a resolução foi adotada e que o regime testou um míssil balístico de alcance médio capaz de transportar várias ogivas nucleares em 1º de dezembro.

"Os Estados Unidos alertaram continuamente que lançamentos de mísseis balísticos e VLS do regime iraniano têm um efeito desestabilizador na região e além", disse Pompeo. "França, Alemanha, Reino Unido e muitas outras nações de todo o mundo também expressaram profunda preocupação."

Em julho de 2017 o Irã lançou um foguete que disse ser capaz de levar um satélite ao espaço, um gesto que o Departamento de Estado dos EUA qualificou como uma provocação

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Fonte:
Reuters

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