Dólar cai no último pregão do ano, mas sobe 16,94% ante real em 2018

Publicado em 28/12/2018 17:50

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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou o último pregão do ano em queda e abaixo de 3,90 reais, mas fechou dezembro e 2018 em alta, sob influência principalmente do mercado internacional, que deve seguir impactando os negócios no início de 2019 em meio às preocupações com o desfecho da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

O dólar recuou 0,48 por cento, a 3,8757 reais na venda nesta sexta-feira, encerrando dezembro em alta de 0,52 por cento. Em novembro, a moeda havia subido 3,58 por cento.

No ano, o dólar ficou 16,94 por cento mais caro ante o real. Foi o segundo ano seguido de elevação: em 2017, a moeda havia avançado 1,99 por cento.

Na mínima desta sexta-feira, a moeda foi a 3,8306 reais e, na máxima, a 3,8964 reais. O dólar futuro rondava a estabilidade.

"A expectativa do mercado em relação ao governo Bolsonaro segue positiva... se o exterior deixar, há espaço para o dólar se acomodar mais para baixo", avaliou o economista-chefe do UBS Brasil e ex-diretor do Banco Central, Tony Volpon.

O exterior foi uma das principais razões a pressionar a alta do dólar ante o real, diante das preocupações com a guerra comercial entre Estados Unidos e China e seus impactos sobre o crescimento econômico mundial.

Indicadores recentes mostraram arrefecimento na China e os dados dos EUA também começam a indicar alguma indecisão, o que pode levar o banco central norte-americano a ser ainda mais dovish na sua ação do que foi em sua retórica no último encontro de política monetária deste ano.

Na ocasião, o Fed reduziu a duas, de três, o número de altas de juros em 2019, mas o mercado espera que a autoridade possa reduzir esse número ou até mesmo nem subir os juros no ano que inicia na próxima semana.

Esse também é um dos assuntos no foco do mercado em 2019, enquanto que, do lado doméstico, os trabalhos do novo governo também estão na mira e podem ajudar o câmbio a se acomodar num patamar mais baixo.

Nesta sexta-feira, declarações do vice-presidente eleito, General Mourão, ajudaram nesse sentido. Em entrevista a dois jornais, ele defendeu o aproveitamento da proposta de reforma da Previdência que já tramita no Congresso pelo governo Jair Bolsonaro, a fim de que a medida seja aprovada pelo parlamento ainda no primeiro semestre de 2019. Também defendeu que a proposta seja aprovada de uma única vez.

"A declaração de Mourão sobre a votação da reforma da Previdência única, e não fatiada, tem grande importância. O mercado tem pressa, quer ação", destacou o operador de câmbio da corretora Advanced Corretora Alessandro Faganello.

O desempenho do dólar ante o real também acompanhou a trajetória de queda global da moeda norte-americana ante outras divisas nesta sexta-feira, em dia de recuperação dos ativos com algum alívio na cautela recente.

O dólar cedia ante a cesta de moedas e também ante as divisas emergentes, como o rand sul-africano, num movimento também ajudado pelo avanço dos preços do petróleo no mercado internacional.

Dólar fecha 2018 com alta de 17% sobre o real, a R$ 3,876 (no Poder360)

Começou o ano em R$ 3,12; No pico, atingiu R$ 4,20; Incerteza eleitoral pesou

O dólar fechou o último pregão do ano em queda de 0,47%, a R$ 3,876. No ano, entretanto, acumulou alta de 17% frente ao real.

No final de 2017, a moeda estava cotada a R$ 3,312. Incertezas internas e externas pressionaram o real ao longo do ano e levaram à valorização da divisa norte-americana.

O 1º pico de desvalorização do real em 2018 foi registrado nos meses de maio e junho. O auge foi atingido em 13 de setembro, durante o processo eleitoral, quando o dólar chegou a R$ 4,196.

Nesse período, houve uma escalada dos temores em relação ao processo eleitoral, além de uma piora no cenário para economias emergentes, como o Brasil.

Durante a campanha, de agosto a outubro, pesaram, principalmente, as dúvidas causadas no mercado pelo processo eleitoral, com o enfraquecimento do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, e a forte polarização entre os candidatos do PSL, Jair Bolsonaro, e do PT, Fernando Haddad.

Na avaliação dos investidores, estava em jogo nas eleições a continuidade da agenda de reformas econômicas, como a da Previdência e a tributária.

O cenário internacional também não deu alívio neste ano. Nesse sentido, influenciou a desvalorização do real o aumento da taxa básica de juros em economias avançadas, principalmente nos EUA, e as tensões comerciais causadas pelos conflitos entre China e EUA.

Para 2019, investidores estão de olho na condução da agenda de reformas pelo novo governo. Está no radar, principalmente, a aprovação do projeto de reforma da Previdência, considerado essencial para o equilíbrio das contas públicas e retomada do crescimento da economia.

Seguem atentos também às movimentações no comércio global e às decisões do Fed (Federal Reserve) –Banco Central norte-americano–, que sinalizou que podem ser duas altas dos juros em 2019 e não mais 3 como esperado.

Analistas de mercado consultados pelo Banco Central no Boletim Focus esperam que a moeda feche 2019 a R$ 3,80.

IBOVESPA

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, fechou o último pregão do ano aos 87.887 pontos, com alta acumulada de 15%.

A Bolsa seguiu trajetória parecida do dólar ao longo do ano. Nos 5 primeiros meses de 2018, o índice rondou os 85.000 pontos, mas chegou a despencar para os 70.000 pontos durante a greve dos caminhoneiros. Nos meses seguintes, o indicador recuperou-se, chegando a fechar no nível recorde de 89.820 pontos em 3 de dezembro.

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Fonte:
Reuters/Poder360

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