Unica vê próxima safra de cana semelhante à atual; mix "muito" alcooleiro
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A próxima safra de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil (2019/20) deverá ter um volume semelhante ao da atual, que será encerrada em março de 2019 com uma moagem de cerca de 570 milhões de toneladas, afirmou nesta quinta-feira o diretor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
Segundo ele, a exemplo do que ocorreu em 2018/19, a próxima safra também será "muito alcooleira", com usinas tirando proveito de melhores preços do etanol em relação ao açúcar.
Padua evitou apontar um volume de moagem para a nova safra. O número indicado para 2018/19, de aproximadamente 570 milhões de toneladas, representaria uma queda de cerca de 4 por cento ante a temporada anterior.
A jornalistas, ele disse achar "difícil" que a próxima safra seja menor em relação à atual.
"Deve ser semelhante à atual, não volta ao nível de 2017/18", destacou, frisando também que novamente o etanol será privilegiado, já que não há no radar qualquer mudança nos fundamentos de mercado.
A projeção de uma certa estabilidade para a safra futura foi indicada apesar de o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) ter avaliado, na mesma conferência de imprensa, que o clima até o momento tem sido muito favorável para a cana do centro-sul, que responde por cerca de 90 por cento da colheita do Brasil.
O gerente de Marketing e Negócios do CTC, Luiz Antonio Dias Paes, disse acreditar que a produtividade dos canaviais deverá crescer em 0,5 tonelada por hectare em média, com uma lavoura menos envelhecida.
Espera-se um canavial com 3,66 anos, em média, ante 3,72 anos na temporada atual.
A produtividade possivelmente maior seria compensada por eventual queda de área de colheita, de cerca de 1 por cento, uma vez que a cana deverá perder algum espaço para grãos e outras áreas recém-plantadas só começarão a produzir em 2020, segundo o executivo do CTC.
Conforme Paes, há perspectiva de aumento na renovação de canaviais.
"Até agora a coisa está indo muito bem, se tivermos um verão normal, a expectativa é de que tenhamos uma safra mais produtiva que a deste ano", comentou.
RENOVABIO
A presidente da Unica, Elizabeth Farina, aproveitou o evento para fazer um balanço de sua gestão à frente da entidade. Ela deixará o cargo em 31 de março, conforme já anunciado.
Segundo ela, o RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis) pode ser considerado uma das principais conquistas do setor sucroenergético e está alinhado com a visão de governo liberal do presidente eleito Jair Bolsonaro.
"A estrutura do RenovaBio converge para esse recorte mais liberal, não tem subsídio, não tem renúncia fiscal... Acredito que terá convergência com o tipo de política que será aplicada (pelo nove governo)", afirmou ela.
(Por José Roberto Gomes; edição de Roberto Samora)
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