Brasil levará quase 120 anos para aproveitar potencial da bioeletricidade canavieira
Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o potencial de produção de energia elétrica pela biomassa em geral (bagaço da cana, resíduos de madeira, biogás etc.) para a rede está subestimado conforme o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE). Segundo o documento, que é divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e que está em consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia (MME) até o dia 27 de novembro, a oferta de bioeletricidade para a rede, partindo de 25 TWh produzidos em 2017, chegará a 38 TWh em 2027. Neste mesmo período, o setor sucroenergético deverá gerar para a rede 32 TWh em 2027, um crescimento de pouco mais do que 1 TWh ao ano sobre os 21 TWh entregues à rede no ano passado.
Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA, avalia que nesse ritmo, o Brasil levará quase 120 anos para aproveitar o potencial atual da eletricidade obtida da biomassa canavieira, sem considerar o crescimento natural da capacidade de produção ao longo do tempo, apenas pensando no que está atualmente disponível nos canaviais. "Em 2017, a bioeletricidade sucroenergética ofertada para a rede representou quase 5% do consumo total de energia elétrica no país. Contudo, se houvesse o seu pleno aproveitamento, poderíamos ofertar quase sete vezes mais do que o registrado ano passado (21TWh), o que corresponderia a mais de 30% do consumo nacional", observa.
O PDE, por ser redigido inicialmente com a visão do Governo Federal, acaba tornando-se muito importante para influenciar decisões de investidores no segmento elétrico. "Por isso, é necessário que sejamos mais ousados no aproveitamento da bioeletricidade, até por conta da importância estratégica que ela terá para o sucesso do Renovabio, uma política de Estado fundamental para segurança energética, o estímulo ao etanol e a redução das emissões de gases de efeito estufa", pondera Souza.
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