Venda de hidratado no mercado doméstico bate novo recorde na 2ª quinzena de outubro
O volume de etanol hidratado comercializado no mercado interno pelas unidades do Centro-Sul somou 1,07 bilhão de litros na segunda quinzena de outubro, crescimento de 26,54% em relação a mesma quinzena do ano anterior (849,48 milhões de litros). Esse volume representa um novo recorde de vendas do biocombustível no mercado doméstico em uma única quinzena.
No total do mês, as vendas de hidratado atingiram 2,02 bilhões de litros, registrando crescimento de 33,62% em relação ao volume observado em setembro de 2017 (1,51 bilhão de litros).
Esse crescimento se deve, mais uma vez, a manutenção da competividade do biocombustível frente a gasolina no mercado doméstico, a qual tem alavancado o aumento da participação do hidratado na demanda de combustíveis leves no País. Com efeito, dados compilados pela UNICA a partir de pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam uma paridade média de 63% entre os preços de bomba do etanol hidratado e a gasolina no Brasil na semana de 04 de outubro a 10 de novembro de 2018. Esse valor é muito aquém do rendimento técnico médio de 73%.
No caso do etanol anidro, o volume comercializado ao mercado doméstico na última metade de outubro atingiu 383,74 milhões de litros, montante inferior aos 443,80 milhões observados na mesma quinzena do último ano. Apesar da queda decorrente do crescimento do consumo de hidratado, da retração na demanda de combustíveis do ciclo Otto e do início da safra no Norte-Nordeste, o volume vendido nesta quinzena foi o maior desde a 1ª quinzena de setembro, resultado do decréscimo do volume de etanol importado.
No total de outubro, o volume de etanol vendido pelos produtores do Centro-Sul atingiu 2,89 bilhões de litros, sendo 154,11 milhões destinados ao mercado externo e 2,74 bilhões vendidos domesticamente.
Desde abril até o final de outubro, o volume comercializado alcançou 17,82 bilhões de litros de etanol, sendo 12,35 bilhões de hidratado e 5,46 bilhões de anidro. Deste total, apenas 1,01 bilhão de litros (ou seja, menos de 6%) destinou-se às exportações e 16,80 bilhões foram direcionados ao mercado interno – crescimento de 17,95% em relação ao mesmo período de 2017, com destaque para as vendas internas de hidratado, que somaram 11,93 bilhões e registraram aumento acumulado de 37,66% em comparação ao último ano-safra.
Moagem
A quantidade de cana processada no Centro-Sul totalizou 24,86 milhões de toneladas na segunda quinzena de outubro, 17,53% inferior ao apurado no mesmo período do último ano - 30,14 milhões de toneladas. No acumulado desde o início da safra 2018/2019 até 1º de novembro, o processamento chegou a 508,34 milhões de toneladas, queda de 4,35% se comparado ao mesmo período do ciclo anterior (531,44 milhões de toneladas).
Para o diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, "a queda no ritmo de processamento nas unidades produtoras decorre da oferta reduzida de cana nesse ciclo, além da maior incidência de chuvas nas principais regiões produtoras nas últimas semanas, inviabilizando a operacionalização da colheita".
A maior precipitação pluviométrica registrada alterou o cronograma previsto para encerramento de moagem, postergando a data de término da safra. Com efeito, até 1º de novembro deste ano, 52 unidades encerraram a safra 2018/2019. Essas empresas registraram uma redução de 9,1% na moagem. Na próxima quinzena, a expectativa é de que outras 79 usinas interrompam as operações no ciclo 2018/2019.
No ciclo 2017/2018, 53 unidades produtoras haviam encerrado a safra até 31 de outubro e apenas 32 unidades terminaram nos primeiros quinze dias de novembro.
Produção de açúcar e de etanol
A produção de açúcar somou 957,66 mil toneladas na segunda metade de outubro, com expressiva queda de 49,35% sobre o resultado em igual período da safra 2017/2018. Por sua vez, a fabricação de etanol reduziu apenas 11,16%, alcançando 1,40 bilhão de litros, sendo que 405,08 milhões correspondem ao anidro e 995,18 milhões ao hidratado.
Esses números retratam o maior direcionamento da matéria-prima processada para a fabricação do etanol. Nos últimos quinze dias de outubro, o indicador registrou 69,82% de cana direcionada à produção do biocombustível. Esse percentual é significativamente superior aos 57,15% observados na mesma quinzena de 2017.
Padua acrescenta: "Os dados reforçam a tendência observada ao longo de todo ciclo em que as empresas indicaram a preferência pela fabricação de etanol. Caso as usinas não tivessem alterado o mix de produção, teríamos registrado até agora uma produção de açúcar 7,5 milhões de toneladas superior àquela efetivamente apurada".
Nesse período, a produção de etanol de milho totalizou 30,57 milhões litros. No acumulado desde o início da safra foram fabricados 367,60 milhões de litros, incremento de 78,29% em relação ao volume produzido em igual período do ano passado.
Desde o início da safra até 1º de novembro, a produção de açúcar atingiu 24,35 milhões de toneladas frente as 33,22 milhões no mesmo período de 2017. No caso do etanol, a produção acumulada alcançou 27,26 bilhões de litros, dos quais 8,40 bilhões de anidro e 18,86 bilhões de hidratado. Este último apresenta crescimento de 45,96% em relação ao acumulado da safra 2017/2018.
"Apesar da redução esperada para a moagem, o aumento na qualidade da cana e o menor direcionamento da matéria-prima para açúcar irão permitir uma produção elevada de etanol, garantindo o abastecimento em todo período de entressafra", explicou Padua.
Produtividade e qualidade da matéria-prima
A concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) atingiu 133,96 kg por tonelada de cana na segunda quinzena de outubro, com retração em relação aos 153,64 kg na mesma quinzena do último ano – queda de 12,81%. No acumulado desde o início do ciclo 2018/2019 até 1o de novembro, esse indicador atingiu 140,13 kg por tonelada, aumento de 1,73% em relação à safra 2017/2018.
Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), baseado em uma amostra de 148 usinas, indicam que o rendimento do canavial alcançou 60,22 toneladas por hectare colhido no mês de outubro, contra 66,47 toneladas no mesmo período 2017 (queda de 9,39%).
No acumulado do atual ciclo até 1º de outubro, a produtividade atinge 74,45 toneladas de cana por hectare, frente as 77,62 toneladas registradas até a mesma data da safra passada – retração de 4,1%.
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