"Quer dizer então que Bolsonaro é ameaça maior do que o PT?", por Rodrigo Constantino
A tática já é bastante manjada: o sujeito é esquerdista até a medula, mas finge ser um analista independente que “critica” tanto a esquerda como a direita. Mas basta ler nas entrelinhas para ver o verdadeiro alvo: é sempre a direita, enquanto a esquerda, mesmo em sua versão mais radical, acaba sendo poupada.
Hoje tivemos um caso claro disso na coluna de Pablo Ortellado. Quem não conhece o autor, não perde nada. Quem o conhece sabe se tratar de um esquerdista que simula imparcialidade para sempre defender a esquerda. E é esse sujeito que tem poder e influência sobre a “checagem de fatos”.
Mas vamos focar na coluna de hoje. Nela, Ortellado solta a bomba: Bolsonaro produz declarações preocupantes para defensores do regime democrático. E lá no meio consta sua principal mensagem, colocada sem mais nem menos, de forma sub-reptícia: o PT pode ser corrupto, mas nunca atentou contra a democracia. Diz ele:
Em vídeo recentemente divulgado, Bolsonaro reafirmou sua posição de que não reconhecerá a eventual vitória de um adversário. Um pouco antes, o general Mourão, vice em sua chapa, declarou que considera legítimas tanto a possibilidade de autogolpe quanto a de uma revisão da Constituição realizada por constituintes não eleitos.
A ameaça é tão grave que é preciso um compromisso dos principais atores em defesa das instituições democráticas. Para começar, precisam reconhecer a legitimidade do adversário.
A direita, de um lado, tem tratado Lula e Bolsonaro como expressões diferentes do mesmo fenômeno populista que não respeitaria as regras da democracia liberal —isso, a despeito dos governos petistas terem observado rigorosamente esses limites (má gestão econômica e corrupção são problemas de outra natureza).
Os governos petistas observaram rigorosamente os limites democráticos? Só mesmo na cabeça do autor! O PT fez de tudo para destruir nossa democracia, a começar pelo mensalão, que não foi apenas corrupção, mas uma tentativa de golpe contra a democracia, ao comprar deputados diretamente, subvertendo as funções do Congresso.
Mas não foi “só” isso. Há inúmeros indícios de uso da máquina estatal para fins partidários, de tentativa de calar a imprensa, de recursos ilícitos do exterior para campanha, de descaso para com as leis eleitorais, de aparelhamento das instituições republicanas etc. A lista é bem grande, mas basta lembrar do seguinte: o PT defende oficialmente o regime venezuelano, que matou a democracia em seu país com essas táticas perversas, usando a própria democracia para tanto.
Logo, a essência da mensagem do texto, que é colocar Bolsonaro como perigo à democracia, sendo que há apenas falas infelizes, enquanto livra o PT dessa ameaça, sendo que há atos petistas no governo claramente contra a democracia, é fruto de uma “análise” a serviço de uma ideologia. Ortellado até “critica” o PT, vejam só. Mas é para, no fundo, defende-lo de sua principal acusação: mais do que corrupto, o “partido” é uma quadrilha totalitária que rejeita os pilares da democracia.
Para Ortellado, os problemas do PT são a má gestão econômica e a corrupção. Sobre seu constante desrespeito às leis, sobre seus infindáveis ataques às instituições republicanas, sobre sua oficial reverência aos regimes ditatoriais de Cuba e da Venezuela, nem uma só palavra. O cara de pau quer convencer o leitor de que Lula é apenas um pouco incompetente e corrupto, como tantos outros por aí. A natureza antidemocrática do partido é deixada de fora. Muito conveniente, não?
Rodrigo Constantino
No ESTADÃO: Guerra entre petismo e antipetismo (por ELIANE CANTANHÊDE)
O segundo turno está sendo antecipado e por uma disputa voto a voto entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, o que caracteriza ou a chegada da extrema direita ou a volta do PT ao poder. O eleitorado de Bolsonaro e de Haddad é bastante diferente. Enquanto o capitão atinge 41% com renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos, o petista dispara de 10% para 27% entre os que têm renda de até um mínimo. A curva dos dois também se cruza quando se fala em escolaridade. Enquanto Bolsonaro sobe de 29% para 36% entre os mais escolarizados, Haddad pula de 6% para 24% entre os menos escolarizados. Grosso modo, um é preferencialmente candidato dos “ricos com diploma” e o outro, dos “pobres e mais ignorantes”.
A pergunta é se Bolsonaro e Haddad bateram ou não no teto. Se é para apostar, a resposta é não, pois o candidato do PSL sobe de pesquisa em pesquisa e, com 28%, logo bate 30%. E Haddad, que deu salto de 11 pontos, ainda está com 19%, bem longe do porcentual de Lula com sua candidatura fake. O resultado prático do Ibope é que o PT já despacha emissários para os partidos adversários, especialmente PDT de Ciro, PSDB de Alckmin e MDB de Meirelles, em busca de compromissos e apoios no segundo turno. E, obviamente, no governo.
O segundo turno é uma segunda eleição, com tempo de TV igual, busca de alianças e embate cara a cara entre os candidatos. Isso tudo fará diferença, até porque, pelo Ibope, o segundo turno está ainda mais indefinido do que o primeiro foi durante todos esses meses, com empate entre Bolsonaro e Haddad. Mas uma coisa é certa: vai ser uma guerra entre petismo e antipetismo.
Mercado analisa riscos de Bolsonaro e Haddad (por VERA MAGALHÃES)
Em rodadas de conversas nas últimas semanas com representantes de bancos, fundos de investimentos, corretoras de valores e empresários do setor produtivo, passei a ouvir ponderações sobre os riscos de vitória de Bolsonaro ou de Haddad – os dois cenários mais presentes em relatórios e gráficos. Operadores de São Paulo e do Rio avaliam, com pouca dissonância, que Haddad traria risco mais imediato de disparada do dólar e reversão de decisões de investimentos, dada a questão do futuro de Lula. Para esses agentes, o PT explicitou, mais do que Bolsonaro, a intenção de dar um cavalo de pau institucional, se preciso, para livrar seu líder maior. As palavras mais amenas do candidato nos dois últimos dias, depois do “liberou geral” dos aliados, foram vistas como pouco confiáveis. Sobre Bolsonaro, o temor maior recai sobre suas condições de saúde e os sinais de desentendimento no núcleo mais próximo, a começar pelo vice, general Hamilton Mourão.
O 'rali Bolsonaro', por FABIO ALVES, no ESTADÃO
A reação do mercado financeiro a cada pesquisa que aponta para uma maior possibilidade de vitória do candidato Jair Bolsonaro, do PSL, nas eleições presidenciais é um sinal claro da aposta em um candidato de direita. É o “rali Bolsonaro”.
E até onde chegariam a Bolsa brasileira e a cotação do dólar ante o real em caso de vitória de Bolsonaro?
Os investidores consideram, neste momento, que o “rali Bolsonaro” num cenário de eventual vitória dele na eleição presidencial seria apenas um “relief rally”, ou seja, um rali de alívio e, por tabela, temporário.
O sentimento de alívio seria mais pela derrota da esquerda, personificada na candidatura de Fernando Haddad (PT), do que propriamente pela empolgação com um eventual governo Jair Bolsonaro.
Tanto que chamou atenção na pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, divulgada na terça-feira, a disparada de 11 pontos porcentuais de Haddad, que se consolidou em segundo lugar com 19%. É verdade que o mercado já esperava Haddad subir mais nas pesquisas de intenção de voto e ficar em segundo lugar, mas um crescimento de 11 pontos em apenas uma semana não pode ser minimizado.
Para os investidores, mais importante do que Bolsonaro passar de 26% para 28% no primeiro turno foi a melhora do seu desempenho nas simulações de segundo turno na pesquisa Ibope.
Mas o cenário do “rali Bolsonaro” não será apenas de céu de brigadeiro até o final das eleições.
Isso porque muitos investidores não descartam a probabilidade de que Haddad consiga mesmo até ultrapassar Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto na virada do primeiro para o segundo turno, o que vai injetar uma grande dose de nervosismo.
Mais ainda: nessa trajetória de crescimento de Haddad nas pesquisas de intenção de voto, se o candidato petista ficar, pelo menos, 5 pontos porcentuais à frente de Bolsonaro nas simulações de segundo turno, não se descarta o Ibovespa recuando fortemente, caindo do patamar atual ao redor de 78 mil pontos para até 70 mil pontos, e o dólar subindo até R$ 4,50.
Mas, afinal, como seria o “rali Bolsonaro” caso o candidato do PSL venha a ser eleito presidente?
Investidores acreditam que o dólar possa recuar até R$ 3,80 e o Ibovespa volte para um patamar de 85 mil pontos.
E por que esse rali pode ser temporário?
Porque, na fotografia de hoje, muitos investidores ainda se mostram céticos em relação à capacidade de Bolsonaro implementar as reformas estruturais necessárias, em especial a da Previdência.
Sobre essa reforma, inclusive, há dúvidas por parte dos investidores sobre a qualidade do projeto de reforma elaborado por Paulo Guedes, o coordenador do programa econômico de Bolsonaro e tido como futuro ministro da Fazenda num eventual governo do candidato do PSL.
Além disso, o “rali Bolsonaro” dependerá de notícias sobre a formação de um eventual governo dele. Como seria a composição ministerial? Esse ministério abrangeria uma coligação de partidos que pudesse garantir os 308 votos necessários para aprovar uma reforma da Previdência?
Também será atentamente monitorado pelo mercado – com impacto nos preços dos ativos – quem seria o coordenador político num eventual governo Bolsonaro.
Teria esse coordenador a habilidade para costurar uma aliança para garantir uma base fiel e sólida no Congresso?
Dependerá da resposta a essas perguntas o quanto o “rali Bolsonaro” conseguirá durar e levar os preços dos ativos brasileiros a outro patamar.
4 comentários
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Edilson Roberto Pedrozo Campinas - SP
Bolsonaro é uma ameaça sim, mas aos corruptos, ao PT e aos vagabundos que mamam nas tetas do Brasil...
Carlos Urach
Olavo de Carvalho: ""Bolsonaro vai ser, na história do mundo, o primeiro candidato presidencial que se elegeu sem participar da própria campanha." B17
Samoil Ivanoff Querencia - MT
Para mim Bolsonaro é a solução e ameaça para essa quadrilha que está aí, sugando a população que ainda esá conseguindo trabalhar...
Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR
Anualmente a Oxford Dictionaries, departamento da universidade de Oxford responsável pela elaboração de dicionários, elege uma palavra para a língua inglesa. A de 2016 é "pós-verdade" ("post-truth"). Além de eleger o termo, a instituição definiu o que é a "pós-verdade": um substantivo "que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais".
A palavra do ano de 2017, foi "Youthquake", O substantivo " tremor de juventude" é definido como "uma mudança cultural, política ou social significativa decorrente das ações ou influência dos jovens". Veja que eles elegem uma nova palavra para a língua inglesa. Mas, nós brasileiros, qual palavra podemos eleger em 2018, na língua portuguesa? Ouso eleger a palavra "Atentado". O líder da intenção de voto para o cargo da Presidência do país, está impedido de fazer campanha eleitoral por causa de um covarde "Atentado" contra a sua pessoa. Um outro "falso" candidato, está impedido pela Lei em participar da campanha eleitoral, por causa do "Atentado" em enriquecer ilicitamente, roubando o erário público. Veja que a palavra "Atentado" está em voga, definindo os caminhos para um Novo Brasil.