Operadores tranquilos com suas posições, por Rodrigo Costa
Os índices de ações americanos reagiram com especulações sobre o governo eventualmente aguardar uma reunião com a China para a implementação de nova tarifas às importações, mas o entusiasmo está em xeque diante das palavras de Trump reforçando sua vontade (ou blefe?) de seguir adiante com seu plano.
No Brasil o Real voltou a desvalorizar e a volatilidade da moeda deve continuar acentuada até os investidores se sentirem mais seguros com o rumo que a população quer dar ao país.
O café em Nova Iorque fechou abaixo dos US$ 100.00 centavos por libra-peso falhando em segurar uma breve alta de míseros US$ 2.00 centavos, como tem acontecido há algum tempo.
Baixas sucessivas do robusta em Londres não contribuem para qualquer retomada de alta dos preços, ainda que a arbitragem entre os dois mercados de café possa favorecer o arábica.
O aumento sucessivo dos cafés certificados das duas bolsas, uma recebendo cafés suaves antes do começo da safra dos suaves e outra atraindo vendedores que tenham disponibilidade para aproveitar o spread invertido, de certa forma também desestimula os fundos a mudar suas apostas negativas para os preços.
Os embarques brasileiros de 3,404,498 sacas em agosto, quarto maior da história, incluindo 537,428 sacas de conilon – o terceiro maior e o mais alto desde julho de 1993 – são fatores adicionais para manter a pressão vendedora dos especuladores.
Os fundos provavelmente já têm um novo recorde de posições vendidas, mas sem nenhuma novidade do lado do fundamento apontando para uma nova tendência a tranquilidade impera nas mesas destes operadores.
Os diferenciais vão fazendo os ajustes necessários para cada origem, ainda que insuficientes para ajudar os produtores da maior parte dos países que cultivam café arábica, incluindo as áreas não mecanizadas e de montanha brasileira.
Torradores ouvem da maior parte dos agentes que os armazéns brasileiros têm muito grão para ser vendido, embora estima-se que 45% da safra atual do Brasil já tenha sido comercializada, entretanto os exportadores são incapazes (e mais importante: tem sido bem responsáveis) em não baratear suas ofertas em um cenário apertado de ofertas.
Com o fim da colheita a necessidade de gerar caixa diminui e o risco político está tão elevado que os produtores preferem dosar suas vendas segurando seu ativo-real, sacas de café, já que os juros que podem ser recebidos dos bancos estão baixos historicamente. Em um cenário de caos – sugerido por alguns analistas caso um Haddad ou Ciro sejam eleitos – a sensação é de ser melhor ter café guardado do que dinheiro no banco.
Talvez o ideal seja voltar a escrever algo apenas em novembro, quando saberemos finalmente o que pode vir pela frente no Brasil, o nível da moeda “justo” e como consequência a resposta ao contrato “C”, que tem sido muito influenciado pelas flutuações cambiais.
Tecnicamente precisamos de um fechamento acima de US$ 104.15 centavos para dissipar o sentimento de que novas baixas venham acontecer.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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