Etanol competitivo limita oferta de açúcar, mas NY ainda aguarda boa disponibilidade chegando
Os fundos e grandes tradings lutam para trazer o açúcar de volta acima do nível de 10.50 c/lp, tentando se aproveitar de pequenas e rápidas janelas para a commoditie buscar novos suportes – como foi nesta sexta (24) na ICE Nova York. Mas é quase como enxugar gelo, pelo menos até outubro, ou até novembro.
E o Brasil ainda tem sua contribuição a dar jogando mais pressão no açúcar, mesmo com a possibilidade do etanol continuar subtraindo alimento do mercado.
O ponto de baixa ainda não está devidamente claro, abaixo ou próximo dos 10.23 c/lp do outubro neste último dia útil da semana (na quinta/23, havia caído 6 pontos), quando subiu 11 pontos. O alívio externo com o FED (Banco Central americano) reafirmando sua política de aumento gradual dos juros por lá e o dólar ligeiramente mais fraco aqui jogaram panos quentes nos preços do alimento.
Mas Maurício Muruci, da Safras & Mercado, registrou também um grande volume de ordens de compra, com indústrias de alimentos tentando assegurar estoques baratos, o que teria ajudado o açúcar a se manter no modo de sobrevivência.
O que vem ainda pela frente, nas contas da Canex Exportação, é um número razoável de fixação de açúcar brasileiro, inflando uma oferta asiática – desta e da safra 18/19, em vias de começar -, que ninguém sabe mais o que fazer com ela. “Ainda tem usinas no Brasil com 50% da safra por fixar preços”, disse a trader da empresa, Ana Cláudia Cordeiro.
Para completar, segundo Ana Cláudia, o mercado está esperando uma forte “entrega” da Tailândia, descarregando maior disponibilidade de açúcar no contrato de outubro.
Um ponto fora da curva, que pode acabar sendo um limitador da queda, é o fôlego do etanol vis-à-vis o valor do barril do Brent e o carrego para a gasolina, como a escalada da gasolina vista nesta sexta. O analista da Safras & Mercado chama a atenção para isso.
O petróleo está em alta e a paridade do hidratado (em produção no pico) com o combustível fóssil chegou a patamares de 52% em São Paulo, por exemplo, em postos de bandeira. A demanda segue firme.
Isso tira matéria-prima destinada ao açúcar, na prática. Na teoria, é esperar para ver os próximos passos da escalada da guerra comercial EUA X China e a insegurança com as eleições brasileiras, e o efeito cambial, que aliás já está freando as importações de petróleo.
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