EUA devem destinar recorde de 145,6 mi t de milho para etanol em 2018/19, diz Datagro
SÃO PAULO (Reuters) - Os Estados Unidos deverão destinar um recorde de 145,6 milhões de toneladas de milho para a produção de etanol na safra 2018/19, a partir de setembro, contribuindo para a redução dos preços da gasolina naquele país, avaliou nesta terça-feira a consultoria especializada Datagro.
O volume representaria 40 por cento de toda a colheita norte-americana de milho, estimada pela Datagro em 364 milhões de toneladas, ante uma fatia de 38,2 por cento em 2017/18. O percentual já foi superior em anos anteriores, quando os EUA, maiores produtores globais do grão, registraram quebras de safra.
Segundo o presidente da consultoria, Plinio Nastari, o maior uso de milho para etanol incorpora uma redução nas cotações domésticas do cereal e permitiria uma queda também nos preços da gasolina, que registraram patamares elevados nos últimos meses.
"A mistura de etanol nos EUA está contribuindo para reduzir o preço da gasolina ao consumidor", afirmou ele no intervalo de evento promovido pela Datagro e pela XP em São Paulo.
Nos EUA, a mistura de etanol à gasolina é regulada pelo governo, que estipula metas de uso para cada ano. Citando dados da Administração de Informação de Energia (AIE, na sigla em inglês), Nastari comentou que a produção de álcool no país irá a 60,44 bilhões de litros em 2018, de 59,88 bilhões em 2017.
A maior produção de etanol neste ano ampliou a diferença de preços entre o biocombustível na Bolsa de Chicago e a referência RBOB da gasolina. O spread entre ambos, que chegou a bater 30 centavos de dólar por galão em fevereiro, está agora em torno de 65 centavos de dólar.
GUERRA COMERCIAL
Nastari também comentou sobre a escalada de tensões comerciais entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo.
Em meio à disputa, a China elevou as tarifas de importação de etanol dos Estados Unidos, dentre outros itens, após Washington ter aplicado taxas sobre bilhões de dólares em bens chineses.
"A tensão entre EUA e China, para o etanol, não é positiva como um todo... Significa atraso no programa de expansão de etanol na Ásia", explicou Nastari.
(Por José Roberto Gomes; Edição de Luciano Costa)
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