Ibovespa cai e acumula maior série de perdas semanais desde 2014 com incertezas locais e exterior

Publicado em 15/06/2018 18:05

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa, principal índice de ações da B3, fechou em queda nesta sexta-feira, acumulando a quinta semana seguida de quedas, maior sequência de perdas semanais desde janeiro de 2014, em meio a contínuas preocupações com o cenário político-eleitoral e o quadro macroeconômico no Brasil.

Nesta sessão, o Ibovespa encerrou em baixa de 0,93 por cento, a 70.757 pontos, também afetado pelo cenário externo negativo para mercados emergentes. Na mínima, alcançou 69.582 pontos, queda de 2,57 por cento e menor patamar intradia desde 22 de agosto do ano passado.

O volume financeiro neste pregão somou 16,494 bilhões de reais.

Na semana, o índice acumulou queda de 3 por cento. Foi a quinta queda semanal seguida, maior sequência de perdas semanais desde janeiro de 2014. Em 2018, o declínio já soma 7,4 por cento.

Profissionais da área de renda variável citaram que a bolsa permanece sem catalisadores para melhoras, mas principalmente sem defesa para movimentos que refletem a piora da percepção de risco em relação ao Brasil, dado o cenário político-eleitoral nebuloso e as incertezas sobre o quadro macroeconômico.

"O dólar tem esse efeito amortecido pelos leilões de contratos de swap cambial do Banco Central e os juros futuros têm o movimento atenuado pelos leilões do Tesouro Nacional. A bolsa fica largada, sem referência", disse um gestor.

A saída de estrangeiros também segue enfraquecendo a B3. No último dia 13, o saldo ficou novamente negativo, em 431,3 milhões de reais. No ano, as saídas líquidas já superam 8 bilhões de reais, sendo mais de 4 bilhões de reais apenas no mês de junho.

Além de aspectos domésticos, o cenário de alta de juros nos Estados Unidos também continua afetando mercados acionários emergentes em geral, e o Brasil não fica de fora. Nesta sexta-feira, o MSCI de ações de mercados emergentes caiu 1,06 por cento.

Em Wall Street, a última sessão da semana foi pressionada por novas medidas comerciais dos Estados Unidos contra a China, enquanto o vencimentos de opções e de futuros em Nova York adicionou volatilidade. O S&P 500 fechou em baixa de 0,11 por cento.

O chamado 'vencimento quádruplo' em Nova York também contaminou as operações domésticas, de acordo com o operador Alexandre Soares, da BGC Liquidez, em razão de arbitragens decorrentes dos vencimentos de opções nos ETFs (fundos de índice) de Brasil e dos futuros do MSCI, disse.

Na Bovespa, a segunda-feira reserva vencimento dos contratos de opções sobre ações.

DESTAQUES

- VALE fechou em baixa de 4,99 por cento, maior componente negativo no Ibovespa na sessão, apesar do avanço do preço do minério de ferro na China, conforme prevalecia o tom pessimista nos negócios e o dólar recuou mais de 2 por cento em relação ao real.

- PETROBRAS PN caiu 0,86 por cento, pressionada pela queda do petróleo, enquanto também continua vulnerável a dúvidas sobre a autonomia da petrolífera de controle estatal. PETROBRAS ON cedeu 1 por cento.

- ELETROBRAS ON e ELETROBRAS PNB desabaram 8,39 e 8,2 por cento, respectivamente. O BNDES publicou edital do leilão de privatização de seis distribuidoras de energia da companhia, mas há preocupação sobre o interesse pelo certame. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que um projeto de lei sobre a desestatização que pode aumentar o apetite de investidores pelas empresas deve ser avaliado pelos deputados na semana que vem.

- BRASKEM saltou 21,4 por cento, grande destaque positivo da sessão, após divulgar que a Odebrecht entrou em negociações exclusivas para vender a totalidade de sua fatia na petroquímica para a holandesa LyondellBasell. A alta garantiu um ganho de 5,4 bilhões de reais em valor de mercado para a Braskem nesta sessão.

- VIA VAREJO UNIT caiu 6,51 por cento, com o cenário mais adverso nos mercados justificando alguma realização de lucros, após os papéis se valorizarem 10,56 por cento na semana até a véspera.

- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,97 por cento e BRADESCO PN fechou em alta de 1,78 por cento, revertendo a fraqueza do começo da sessão e afastando o Ibovespa das mínimas. Banco do Brasil ainda recuou 1,19 por cento. SANTANDER BRASIL UNIT subiu 0,65 por cento.

Wall Street cai após sessão intensa com nervosismo comercial

NOVA YORK (Reuters) - As ações em Wall Street fecharam em queda nesta sexta-feira, encerrando um dia de negociações pesadas, com investidores recuando de preocupações iniciais com a crescente disputa comercial entre os Estados Unidos e a China.

O presidente dos EUA, Donald Trump, divulgou uma lista inicial de produtos estrategicamente importantes que seriam sujeitos a uma tarifa de 25 por cento em 6 de julho, uma medida que o Ministério do Comércio da China chamou de "ameaça ao interesse econômico e segurança da China".

A China emitiu sua própria lista de importações dos EUA sujeitas a tarifas, visando soja, aviões, automóveis e produtos químicos.

Desde o início de maio, os dois países mantiveram várias rodadas de negociações, mas ainda não chegaram a um acordo, já que os Estados Unidos pressionam a China para reduzir o déficit comercial de 375 bilhões de dólares.

"Muitas pessoas podem ter reagido demais no início do dia", disse Robert Pavlik, estrategista-chefe de investimentos da SlateStone Wealth LLC.

"Eu não acho que uma guerra comercial será inevitável", disse Pavlik. "Eu acho que (o presidente é) orgulhoso, acho que ele está batendo no peito, eu acho que ele está fazendo exatamente o que acha que foi eleito para fazer."

Sexta-feira também marcou o dia de vencimento trimestral simultâneo dos contratos de opções e futuros dos EUA, o que tende a aumentar o volume de negociações à medida que os investidores substituem as posições com vencimento.

O volume atingiu o ponto mais alto desde 8 de fevereiro, quando o S&P 500 caiu para o menor nível do ano até agora.

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Fonte:
Reuters

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