"Falta de paciência" dos importadores com o País pode complicar futuro das exportações de proteínas animal
O que estão por vir no futuro das exportações brasileiras de proteína animal e açúcar não serão surpresas se os compradores endurecerem nos novos contratos e/ou alguns descontinuarem as importações. Os embarques atrasados na semana passada e a paralisação total de muitos itens agora, deixando os destinatários entre certos que receberão as mercadorias fora do prazo ou sem saber quando, devem estar terminando por minar a “paciência com o Brasil”.
Expressada por Pedro de Camargo Neto, um dos mais experientes negociadores do comércio internacional – tanto enquanto governo (secretário de Produção e Comercialização do Mapa), quanto representante das principais entidades setoriais -, a perda de paciência já vem de longe. “Sim, é algo notório e os últimos episódios deixam isso claro”, afirmou o vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e também consultor.
Camargo Neto se refere ao caso do embargo de frango pela União Europeia (UE), como desdobramento das irregularidades na BRF, a Operação Trapaça, continuidade da Operação Carne Fraca, que terminou por arrastar 20 plantas para fora das gôndolas do varejo daquele continente. Crítico da falta de gerenciamento do sistema produtivo e do governo, nos controles, e da reincidência do Brasil, por sinal, como ele havia dito aqui também no Notícias Agrícolas (Há motivo para entrar na OMC contra a UE por barreiras ao frango, mas só iria piorar com “credibilidade” brasileira em xeque, em 19/4).
O endurecimento, por exemplo, pode-se dar por contratos impondo cláusulas mais draconianas ao Brasil ou mesmo exigindo descontos. Dimensionar os prejuízos futuros é mais importante que contabilizar os de agora.
Os contratos internacionais até dispõem de cláusulas de problemas por “justa causa”, na qual a situação atual com os produtos de suínos, aves e bovinos não estão chegando aos portos – no caso do açúcar, em particular, os estoques na beira do cais também deve estar secando -, e naturalmente multas por atraso, mas há um limite para contemporização futura.
E por mais que o Brasil represente um fornecedor de peso sem substituto a altura, em volume e preços, os importadores já estão há muito se mobilizando para encontrar mercados mais pulverizados, que juntos somem volumes, ou mesmo tentando voltar a dar uma revigorada em suas produções locais.
O caso da Rússia, que parou de comprar suínos do Brasil em dezembro, também alegando questões sanitárias (uso da ractopamina), e há semanas a UE, argumentando contra salmonela animal nas aves foram cortinas de fumaça.
Como Pedro de Camargo Neto lembrou, assim como outros, é que esses mercados querem voltar a ter mais autonomia produtiva. E não só cortar pedaços do Brasil em suas praças, como, se possível, cortar outros em outros mercado. Os franceses, por exemplo, outrora um dos grandes produtores mundiais, estão de olho no Oriente Médio.
No mês em que o Brasil conseguiu o atestado de País livre da febre aftosa com vacinação, há que não se descartar também que os riscos sanitários nas granjas é factível, como nos disse o ex-secretário de Defesa Sanitária, Ênio Marques, e o mundo está atento, claro.
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