"Deixaram de ser exportadas 25 mil toneladas de carne de frango e suínos, o equivalente a uma receita de 60 milhões de dólares que deixa de ser gerada para o país. No caso da carne bovina, são cerca de 1.200 contêineres que deixam de ser embarcados por dia", disseram as associações em nota.
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carnes do mundo e começa a sentir também problemas na oferta doméstica em virtude das manifestações.
"Os estabelecimentos menores e de cidades pequenas ou regiões metropolitanas --que mantém um ciclo de entrega de produtos a cada dois dias-- já estão com o abastecimento comprometido. Essa dificuldade pode atingir os grandes centros nos próximos dias."
Com efeito, cooperativas produtoras de carnes do Paraná e até empresas maiores, como BRF, Aurora e Marfrig, alertaram entre terça-feira e esta quarta sobre a suspensão de atividades em diversas unidades.
"A suspensão da operação de abate e industrialização tornou-se inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impossibilita a passagem de caminhões com insumos necessários para abastecer as indústrias, aves vivas para o abate, expedição dos estoques para atender clientes e mercados a nível regional e nacional...", afirmou Irineo da Costa Rodrigues, presidente da cooperativa Lar, de Medianeira (PR).
Os protestos dos caminhoneiros, contrários à alta do diesel começaram na segunda-feira e ganharam corpo no decorrer dos dias, abrangendo mais de 20 Estados. Representantes do movimento se reuniram com autoridades do governo na tarde desta quarta-feira, mas não chegaram a um acordo e afirmaram que vão manter a greve.
Combustível mais consumido no país, o diesel acumula alta de mais de 45 por cento desde julho do ano passado nas refinarias da Petrobras, na esteira de uma nova política de formação de preços da estatal que visa seguir o mercado internacional e o câmbio, entre outros fatores.
A empresa adotou uma política mais agressiva após perder mercado para importadores.
COMBUSTÍVEIS
Outro segmento da economia nacional fortemente afetado pelos protestos dos caminhoneiros é o de combustíveis, com muitas cargas não chegando aos postos em diversas cidades.
"Os postos têm capacidade de armazenamento em média de três dias, parece que já tem revendedor com os estoques no final, a partir de hoje provavelmente a situação se agrava", afirmou à Reuters o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda Soares.
O diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral, acrescentou que há bloqueios em polos de distribuição, estocagem e mistura de diesel e biodiesel em alguns pontos do país, mas a situação é mais delicada no Rio de Janeiro.
Os protestos também começam a afetar as usinas de cana-de-açúcar, que deram início à safra 2018/19 no mês passado e estão focadas na fabricação de etanol, concorrente direto da gasolina e atualmente mais remunerador que o açúcar.
"Pontualmente, hoje, existem unidades paradas por falta de diesel e de peças, e unidades que começaram a reduzir o ritmo de moagem", afirmou a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). Uma eventual restrição na oferta de etanol adicionaria ainda mais pressão em um eventual cenário de falta de combustíveis.
SOJA TAMBÉM AFETADA
No caso da soja, principal item da exportação brasileira, os sinais de alerta já acenderam, com diversas unidades processadores interrompendo as atividades, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que tem entre suas associadas gigantes como ADM, Bunge e Cargill.
A associação disse temer que a continuidade da greve "prejudique ainda mais" o abastecimento doméstico e a exportação de produtos, "impactando diretamente no cumprimento dos seus contratos".
Dado o atual cenário, a Abiove orientou suas associadas a se manifestarem junto a fornecedores e clientes, "explicando que atrasos podem ocorrer na recepção e expedição de produtos fruto da manutenção da greve, sendo estes motivos de força maior e fora do controle das empresas".
A situação é delicada porque o Brasil, maior exportador mundial de soja, acaba de colher uma safra recorde, de quase 120 milhões de toneladas, com previsão de embarques também históricos em 2018, acima de 70 milhões de toneladas.
A CitrusBR, que reúne exportadores de suco de laranja do Brasil, o maior exportador global da commodity, informou que conta com estoques em terminais no porto de Santos (SP) para manter os compromissos de exportação.
Já o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) destacou que, até o momento, não registra problemas nos embarques. O país também é o maior produtor e exportador global de café e prepara-se para uma safra recorde neste ano, de cerca de 58 milhões de sacas.
OUTROS SETORES
A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) informou que a paralisação de caminhoneiros gerou desabastecimento em farmácias e drogarias de todo o país.
Um dos principais problemas referem-se aos medicamentos termolábeis, que devem ser mantidos refrigerados e necessitam de temperatura estável até o seu destino final --algo impossível de ser garantido com um veículo travado nas estradas, disse a Abrafarma.
No setor de alimentos a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) afirmou que, mesmo com o esforço do setor de supermercados para garantir o abastecimento, "alguns Estados já começaram a sofrer com o desabastecimento de alimentos, e isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias".
JOSÉ DONIZETI PITOLI CORNÉLIO PROCÓPIO - PR
A reivindicação dos caminhoneiros é muito justa... E o preço dos combustíveis está realmente muito alto, isto porque a Petrobras decidiu modificar sua política de formação de preço no momento em que o petróleo estava nos mais baixos níveis de preço, do mercado internacional. Agora, sobe o preço do petróleo e/ou a taxa de câmbio, e os aumentos de preços do combustíveis são automáticos. Afora isto, o governo aumentou a CIDE - Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico. Pois bem. A Petrobrás mantêm o monopólio dos combustíveis no Brasil, adota política de preços predatória e espúria, assim como também o Governo Federal. O que precisa ser aprovado urgentemente pelo Congresso é uma lei que ponha fim ao monopólio da Petrobrás e também permitindo a importação de combustíveis (gasolina, diesel, etc ...). E ao judiciário, ao invés de ficar despachando liminares para desbloqueio das estradas, que conceda liminares para desoneração da CIDE aos combustíveis, especialmente ao óleo diesel.
Quanto à comentar os permissivos desvios na Petrobrás, acho desnecessário visto que a mídia os cita todos os dias. Uma coisa é certa, o rombo deixado na Petrobrás vai ser custeado pelo povo brasileiro.Caro Pitoli, tem uma frase que o João Batista costuma usar: ... "Em casa que falta pão..todos reclamam e ninguém tem razão"...também acho justo o diesel mais baixo...e quem vai pagar a diferença??? todos nós... Quem são os donos da petrobras...o maior acionista é o governo... e quem são os acionistas do governo...nós, o povo... logo, o prejuízo quem paga?...nós, o povo.. vão retirar redução de impostos na folha de alguns setores... quem vai pag? ...nós, o povo... para o governo seria fácil...cede e resolve... vai deixar o poder em dezembro e dane-se quem assume... e quem vai pagar a conta, aumentando o rombo do governow...nós, o povo...
SRS. O problema que nossos politicos não se preocuparam em diminuir "despesas" ou sangrias, achavam que acontecer uma greve desse tamanho não seria capaz...agora não sabem apagar o estopim. não tem um administrador em Brasilia, estão lá so pra fazer pacotão e malas de dinheiro.!!!
Senhor Dalzir. Por ser exatamente o povo é quem vai pagar a conta, nós (o povo) podemos escolher quando é que queremos pagar esta conta... o que não podemos permitir é que uma empresa mal gerida sacrifique a todos. Que um governo de mandato tampão, administre a bel prazer o país, elevando as alíquotas de tributos e impostos, com uma única finalidade de aumentar a arrecadação. Cadê o dever de casa do governo, como: a redução de custos com pessoal e custos administrativos, especialmente as mordomias e benesses dos políticos?.
Privatizar esse monstrengo é a única saída!!!!
Angelo Miquelão Filho Apucarana - PR
Estou aqui ouvindo a chiadeira de alguns setores, em especial a de produtores de leite e criação de suínos, gado e frangos. Entendo que a situação é crítica, também sei das dificuldades de cada um, pois também vivo da roça. Porém, eles reclamam de um jeito que joga para as costas dos caminhoneiros uma espécie de culpa, como se esta classe (os caminhoneiros) fosse obrigada a trabalhar com prejuízo..., criadores e os demais só vêem os seus prejuízos, os outros que se danem. Eu sou agricultor, eu também estou sendo lesado pelos altos custos de produção, e parte (boa parte) destes custos provém do diesel. Aqui nós estamos na beira da estrada há 30 horas, estamos juntos estamos buscando soluções... Eu acho que ao invés de reclamar vocês deveriam também se ajuntar aos produtores e caminhoneiros..., ou então caminhem sozinhos e não reclamem.
Prezado Angelo Miguelao . A chiadeira dos produtores de leite é o clamor pela sobrevivência na atividade. Eu queria ver a chiadeira dos produtores de grãos se tivessem que colher e jogar a soja e o milho no barranco. Leite na fazenda não aguenta saco ou pilha nem armazém graneleiro. O que nos estamos pedindo e o direito de levar a nossa colheita para as nossas industrias aonde este leite e transformado e pode ser estocado. Nos, em nem um momento estamos falando em deixar o produto acabado sair da indústria.
Raimundo você quer se beneficiar da redução do preço do diesel sem fazer nada só aproveitando a luta dos outros que também estão perdendo dinheiro de frete parado--
Raimundo...cada um só olha seu umbigo..os outros se explicam..
cordelio antonio lacerda Cristais - MG
Caminhoneiros, parabens pela luta; Sou agricultor; e devemos muitos do que temos de conforto em nossas casas a voces!!! "OS CAMINHONEIROS TRANSPORTAM NOSSAS RIQUEZAS"