BP vê "shale" dos EUA e produção da Opep esfriando mercados de petróleo

Publicado em 18/05/2018 09:41

LOGO REUTERS

Por Ron Bousso e Dmitry Zhdannikov

SÃO PAULO (Reuters) - O CEO da BP, Bob Dudley, prevê que uma "inundação" de petróleo "shale" dos Estados Unidos e a retomada de produção da Opep vão esfriar o mercado de petróleo depois de a commodity subir acima de 80 dólares por barril nesta semana.

A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de sair de um acordo nuclear internacional com o Irã e lançar sanções ao país integrante da Opep, bem como a forte queda de produção na Venezuela, ajudaram a elevar os preços do petróleo a máximas desde 2014.

Mas a BP vê o preço do petróleo caindo para entre 50 e 65 dólares por barril devido à crescente produção de "shale" e à capacidade de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de aumentar a produção, disse Dudley à Reuters.

"Claramente, a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã trouxe muita incerteza ao mercado", disse ele em uma entrevista.

As exportações de petróleo do Irã, o terceiro maior membro da Opep, podem cair entre 300 mil a 1 milhão de barris por dia (bpd) como resultado das sanções dos EUA, disse o CEO, citando previsões internas da BP.

Dudley disse esperar que esse número fique "na extremidade inferior" do intervalo.

POUCO SAUDÁVEL

A recuperação de 30 por cento nos preços do petróleo desde fevereiro deu forte apoio a companhias petrolíferas como a BP, cujos lucros se recuperaram no ano passado após três anos de derrocada no mercado.

A Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) aumentou neste mês sua previsão de crescimento para a produção nacional de petróleo em 2018, para um recorde histórico de 11,17 milhões de bpd, uma vez que as perfuradoras de "shale" têm acelerado a atividade.

O aumento na produção dos EUA foi compensado por cortes profundos na oferta realizados pela Opep e outros aliados, incluindo a Rússia, há mais de um ano.

A líder de fato da Opep, Arábia Saudita, assegurou aos consumidores que o mundo teria suprimentos adequados mesmo se as exportações do Irã caíssem drasticamente.

Até agora, os mercados conseguiram absorver o aumento do preço do petróleo sem afetar o crescimento da demanda, mas Dudley disse que um preço sustentado acima de 80 dólares por barril não seria saudável.

"Dois anos atrás, quando o preço era 27 dólares, era ótimo para o crescimento global, os motores das economias consumidoras, mas era terrível para os países produtores e isso levou esses países a não poderem comprar coisas também. Isso não foi um preço saudável."

"Acho que quando você chegar acima de 80 dólares (o barril), não é um preço saudável também."

Embora a Agência Internacional de Energia tenha cortado sua perspectiva para o crescimento da demanda por petróleo em 2018 devido à alta nos preços, a BP ainda espera que o consumo se expanda em 1,7 milhão de barris por dia, estendendo um período de forte crescimento.

O mundo experimentou uma década sem precedentes de crescimento econômico que provavelmente continuará mesmo com sanções e tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, disse Dudley.

"Estamos prestes a ver fatores políticos criando deslocamentos comerciais, sanções e coisas do tipo. Eles terão impactos aqui e ali, mas as taxas de crescimento econômico geral parecem não estar superaquecidas", disse.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário