BRF enfrenta desafios com aumento dos custos de ração e proibição da Europa, diz CEO
SÃO PAULO (Reuters) - O aumento no preço dos grãos e as suspensões comerciais em importantes mercados frustraram os esforços da gestão para colocar a BRF no azul, disse o presidente-executivo da companhia, Lorival Nogueira Luz, após a empresa de alimentos registrar prejuízo pelo segundo trimestre consecutivo.
Por volta das 15:15, as ações da BRF recuavam 2,21 por cento, a 23,47 reais, após o resultado na quinta-feira ficar abaixo do consenso dos analistas. Executivos disseram que os preços de ração para animais continuaram a subir no segundo trimestre, elevando os custos de produção para a maior exportadora de frango do mundo.
"Desde o terceiro trimestre do ano passado, o preço da ração subiu cerca de 20 por cento", disse Luz a analistas e investidores em uma teleconferência para discutir os resultados, referindo-se ao milho e ao farelo de soja. "Isso deve continuar a impactar nossos custos de produção no segundo trimestre", disse.
A BRF também enfrenta restrições para exportar carne de porco e de frango à Rússia e à Europa, respectivamente, o que levou a empresa a dar férias coletivas a empregados em cinco de suas unidades. Mais medidas para adaptar a capacidade à demanda podem ser anunciadas, disse Luz.
"Estamos monitorando a situação europeia de perto e talvez precisemos nos adaptar às novas condições do mercado", disse.
A Europa restringiu as exportações do Brasil, principalmente de frango, citando deficiências nos serviços de inspeção de saúde do País, na esteira de uma investigação sobre irregularidades na fiscalização de alimentos que acusou a empresa e os auditores do governo de conspirar para fraudar análises de saúde e qualidade.
A BRF reportou prejuízo líquido de 114 milhões de reais no trimestre passado, contra estimativas de analistas que apontavam lucro líquido de 14,99 milhões de reais.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou 783 milhões de reais, cerca de 7 por cento abaixo das expectativas.
"Esperamos resultados desafiadores daqui para frente", disseram os analistas do Credit Suisse, liderados por Victor Saragiotto, em uma nota a clientes, apontando questões que incluem grãos mais caros, a proibição europeia e a queda dos preços dos alimentos no Brasil. Mais exigências de capital de giro devido a níveis mais altos de estoque de produtos acabados também poderiam pesar sobre a empresa, uma situação exacerbada pelo fechamento temporário de certas unidades.
Não está claro se a BRF será capaz de redirecionar qualquer excesso de capacidade de produção resultante das suspensões para mercados alternativos, mantendo preços similares.
Isso já se mostrou difícil no primeiro trimestre, quando a empresa aumentou o volume de vendas no Brasil em 9,6 por cento, impulsionado principalmente por frango in natura, que tende a ter margens e preços mais baixos do que os alimentos processados.
(Por Ana Mano)
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