Trump autoriza aumento da mistura de etanol à gasolina o ano inteiro

Publicado em 10/05/2018 12:36

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai permitir durante o ano todo vendas de gasolina com uma mistura de 15% de etanol, conhecida como E15. A autorização resultou de discussões sobre o chamado Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS). O RFS estabelece os volumes de combustíveis renováveis que deverão ser misturados a combustíveis fósseis em cada ano. Senadores republicanos e a Casa Branca anunciaram o acordo na terça-feira, após uma reunião a portas fechadas.

Atualmente, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) proíbe a mistura de 15% de etanol durante o verão no Hemisfério Norte, por temores de que ela contribua para aumentar a fumaça em dias quentes. Normalmente, a gasolina no país contém 10% de etanol.

Legisladores de Estados agrícolas vinham pressionando o governo por vendas maiores de E15, já que isso impulsionaria a demanda por etanol. Nos EUA, o biocombustível é feito principalmente com milho e a indústria consome cerca de um terço da safra doméstica do cereal.

O senador Chuck Grassley, de Iowa, principal Estado produtor de milho do país, disse que o acordo é uma boa notícia para agricultores e motoristas, já que vai resultar em maior produção de etanol e aumentar as opções dos consumidores nos postos de combustíveis.

Para o senador Ted Cruz, do Texas, o acordo vai salvar o emprego de milhares de trabalhadores em refinarias no Texas, na Pennsylvania e em outros Estados. "É uma situação benéfica para todos", publicou Cruz no Twitter. O acordo vai ajudar refinarias porque limita o preço dos créditos de etanol que elas precisam comprar caso não consigam cumprir as exigências.

Além de Grassley e Cruz, participaram da reunião a senadora Joni Ernst, de Iowa, o senador Pat Toomey, da Pennsylvania, o administrador da EPA, Scott Pruitt, e o secretário de Agricultura, Sonny Perdue.

O RFS foi criado em 2005 com o objetivo de diminuir as emissões de carbono e reduzir a dependência norte-americana do petróleo estrangeiro, num momento em que os preços do combustível fóssil começavam a subir. No entanto, a exigência não tem funcionado como se pretendia, e os níveis de produção de combustíveis renováveis, principalmente etanol, costumam ficar abaixo dos volumes estabelecidos por lei.

Muitas refinarias de petróleo estão recorrendo diretamente à EPA para serem desobrigadas da exigência. Desde que Scott Pruitt assumiu a agência, o número de concessões vem aumentando. Pequenas refinarias com capacidade inferior a 75 mil barris por dia, mesmo se controladas por uma grande empresa, podem obter isenções se comprovarem que a exigência está causando "dificuldades econômicas desproporcionais", segundo o site da EPA.

Ernst e Grassley se disseram animados com a promessa do governo de analisar mais cuidadosamente essas isenções, que estariam afetando a produção de biocombustíveis e enfraquecendo o RFS.

Cruz disse que o presidente também concordou em estudar sua proposta para que o etanol que é produzido nos EUA e exportado seja contabilizado para o cumprimento das exigências do RFS. Mas a Associação de Combustíveis Renováveis disse que isso vai reduzir consideravelmente a demanda doméstica e pode resultar em barreiras comerciais retaliatórias de países que importam etanol dos EUA. 

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Fonte:
Associated Press e Dow Jones

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