Preços em reais no maior nível desde janeiro, por Rodrigo Costa
Indicadores econômicos saudáveis, como os pedidos de bens duráveis e o crescimento do PIB americano no primeiro trimestre acima do esperado, assim como os resultados das empresas listadas também melhores, ajudaram os índices de ações dos Estados Unidos a recuperar durante o mês de abril
Os juros dos títulos de 10 anos do país, negociados acima de 3% pela primeira vez desde o começo de 2014, contribuíram para o índice do dólar apreciar, ao mesmo tempo que colocou pressão na moeda brasileira.
O Real desvalorizou na última semana, rompendo 3.50, em um misto de fluxo negativo gerado pelo spread mais estreito de juros e, imagino, bastante influenciado pelo quadro político incerto e retrocessos constantes das instituições que deveriam ser independentes.
O CRB se manteve firme, com um pouco mais de volatilidade, é verdade, mas todos os seus componentes caminham para fechar positivamente no mês, com exceção ao açúcar demerara que está em queda acentuada.
Os contratos de café esboçaram uma reação, com destaque a Nova Iorque que encerrou a semana acima da média-móvel de 40 dias, o que não acontecia desde fevereiro último.
Curioso notar a reação dos participantes frente à alta de sexta-feira de US$ 2.55 centavos por libra, com um entusiasmo como se tivéssemos tido um rally de 600 pontos. Claro que este sentimento é fruto dos movimentos mais estreitos que o mercado vem tendo por algum tempo.
Para o Brasil o terminal voltou aos níveis de janeiro, convertendo as cotações para centavos de Reais por libra-peso, um alívio para quem precisa vender e comprar café, mas que traz um ceticismo entre uns e uma certeza de oportunidade de venda para outros.
O começo da colheita do conilon e em pontos isolados do arábica na maior origem do mundo se junta com o argumento dos baixistas da necessidade de os produtores venderem cafés que estão segurando há algum tempo (e também do volume que logo vai chegar de safra nova).
Outro ponto ainda relativamente desfavorável é a cobertura de mais de 11 mil lotes da posição vendida dos fundos, tendo o “C” apreciado apenas US$ 4.60 centavos no período da liquidação.
Por outro lado, os especuladores continuam com 106 mil lotes vendidos, ou o equivalente a 30 milhões de sacas de sessenta quilos, e a proximidade de alguns pontos técnicos importantes poderia desencadear uma recompra mais agressiva.
No mercado interno brasileiro alguns sinais trazem esperança para quem quer acreditar que as mínimas estão estabelecidas, como a recuperação do preço do conilon, e uma corrente de altistas (que alguns chamam de otimistas) mencionando uma pré-comercialização acima de 20% para o ciclo de 2018/2019.
Ainda tem muito chão até o fluxo intenso da safra entrar e, portanto, me parece mais provável a bolsa voltar a cair, mesmo que não seja de forma acentuada, formando uma base provavelmente entre 105 e 110 centavos por libra-peso, caso, obviamente, se o real não afundar ainda mais.
É assimétrico, entretanto, o risco de ficar vendido a descoberto nos atuais patamares, comparado com uma posição comprada, dado que ao primeiro final de semana de frio que tivermos durante o hemisfério sul, naturalmente os produtores retrairão sem seus interesses de venda em um cenário onde os fundos estão muito vendidos e a volatilidade implícita achatadíssima.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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