Disponibilidade global de açúcar sugere cenário baixista no mercado internacional
O mercado internacional de açúcar deve começar a direcionar seu foco para a safra global 2018/19, que começa em outubro. Novamente, a expectativa de aumento na produção da Índia é o principal fator baixista, embora esta possibilidade dependa do resultado da temporada das monções no país, que ocorre entre junho e setembro.
Quem afirma é a consultoria INTL FCStone, que nesta semana divulgou seu Relatório Trimestral de Perspectivas para Commodities Agrícolas. “Com aumento tão rápido da produção da Índia, o mercado de açúcar está tendo de enfrentar uma questão que não era esperada para este ano: a possibilidade de exportações de grandes volumes de açúcar branco pelo país asiático nos próximos meses”, alerta o Analista do grupo, João Paulo Botelho.
A possível entrada da Índia neste mercado deve aumentar ainda mais a sobreoferta da variedade, uma vez que tanto Paquistão como a União Europeia também passaram a ser grandes exportadores este ano. Com o aumento da oferta de açúcar, as refinarias também frearam suas compras, afetando exportadores de açúcar bruto como a Tailândia.
“As vendas do segundo maior exportador mundial ainda devem ter impacto fortemente baixista sobre o mercado desta variedade de açúcar, uma vez que a safra do país já bateu o recorde de produção semanas antes do término da colheita, e as usinas reduziram a produção de açúcar branco, reagindo ao mercado depreciado para este”, avalia Botelho, da INTL FCStone.
Em meio a esse cenário baixista no mercado internacional de açúcar, as usinas do Centro-Sul brasileiro (onde a safra de 2018 está começando) devem reduzir ao máximo o direcionamento do mix para o adoçante, dedicando a maior proporção possível da matéria-prima para o etanol.
“No caso do biocombustível, os elevados preços do petróleo no mercado internacional, o dólar valorizado e a recuperação econômica brasileira devem dar sustentação para as cotações”, ponderou a consultoria, em relatório.
Apesar disso, a região ainda deve continuar exportando mais do que qualquer outro país do mundo, e grande parte deste volume ainda não foi negociada nos mercados físico ou futuro. “O timing destas vendas será importante tanto para o resultado das usinas, como para o direcionamento do mercado de açúcar. Por outro lado, a região deve ter efeito majoritariamente altista sobre o mercado internacional do adoçante, sendo a redução do mix o único motivo pelo qual o superávit não deve superar as máximas históricas”, alerta João Paulo Botelho.
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