Safra 2017/2018 encerrada no Centro-Sul atinge 596,31 milhões de toneladas
Dados finais da safra 2017/2018 da região Centro-Sul do Brasil indicam uma moagem de 596,31 milhões de toneladas de cana-de-açúcar entre 1 de abril de 2017 e 31 de março de 2018. Este resultado representa uma ligeira retração de 1,78% sobre as 607,14 milhões de toneladas processadas no ciclo 2016/2017.
A produção final de etanol totalizou 26,09 bilhões de litros do renovável, cerca de 1,72% superior ao volume registrado na safra anterior (25,65 bilhões de litros). Deste volume total de etanol produzido, 10,42 bilhões de litros foram de etanol anidro e 15,67 bilhões de litros de etanol hidratado – este último, com aumento de 4,49% em relação aos 14,99 bilhões de litros registrados no ano safra anterior.
Do volume total de etanol produzido na safra, 521,58 milhões de litros foram fabricados a partir do milho, registrando crescimento de 123% em relação ao volume produzido em 2016/2017.
A produção de açúcar, por sua vez, somou 36,05 milhões de toneladas na safra 2017/2018, contabilizando crescimento de 1,21% sobre as 35,62 milhões de toneladas observadas na safra anterior.
Para o diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “o maior destaque nessa safra foi o crescimento na produção de etanol hidratado. Mesmo com retração no volume de cana-de-açúcar, o setor ampliou a oferta do renovável em mais de 650 milhões de litros”.
Em relação ao número de unidades em operação no Centro-Sul, levantamento da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) indica 278 unidades com atividade produtiva no ciclo 2017/2018.
Produção e moagem na 2ª quinzena de março de 2018
Na 2ª metade de março de 2018, a moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul atingiu 7,76 milhões de toneladas.
A produção de açúcar somou 173,12 mil toneladas na última metade de março de 2018. Neste mesmo período, o volume produzido de etanol totalizou 428,70 milhões de litros, com a hidratação (volume de etanol anidro reprocessado e convertido em etanol hidratado) atingindo expressivos 72 milhões de litros.
A produção de etanol de milho somou 31,35 milhões de litros na quinzena, sendo 23,42 milhões de litros de etanol hidratado e 7,92 milhões de litros de anidro.
Em relação ao número de unidades em safra, 78 registraram moagem na região Centro-Sul até 31 de março de 2018, contra 84 computadas na mesma data de 2017. Até o final da primeira quinzena de abril, este valor deve alcançar 200 empresas em operação.
Qualidade da matéria-prima
No acumulado da safra 2017/2018, o teor de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima alcançou 136,60 kg, maior índice desde a safra 2011/2012, assinalando aumento de 2,68% frente aos 133,03 kg por tonelada verificados na safra 2016/2017.
Rodrigues esclarece que “esse aumento na concentração de açúcares por tonelada de cana-de-açúcar permitiu que a safra 2017/2018 atingisse uma oferta total de 81,46 milhões de toneladas de ATR, compensando a queda na moagem e superando a oferta de ATR do ciclo 2016/2017 em 1,72%”. Em termos de produtos fabricados, a safra atual foi maior do que o ciclo passado, acrescentou o executivo.
De acordo com dados levantados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a produtividade agrícola da lavoura colhida atingiu 75,99 toneladas por hectare nesta safra, indicando queda de 1,02% em relação às 76,78 toneladas por hectare observadas em 2016/2017.
Vendas de etanol
No agregado da safra 2017/2018, as vendas de etanol totalizaram 26,41 bilhões de litros, alta de 1,71% quando comparada aos 25,97 bilhões de litros comercializados no ciclo 2016/2017. Desse volume, 1,51 bilhão de litros foi direcionado para exportação e 24,90 bilhões de litros ao mercado interno.
Nesse mercado, o destaque cabe ao etanol hidratado. O volume vendido do biocombustível, 15,46 bilhões de litros, supera em 7,88% àquele apurado no ciclo 2016/2017 (14,33 bilhões de litros).
No último mês, março de 2018, as vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul continuaram aquecidas. O total comercializado pelas empresas somou 2,23 bilhões de litros, sendo 79,02 milhões de litros para exportação e 2,15 bilhões de litros para o mercado doméstico.
No mercado doméstico, as vendas de março alcançaram 773,41 milhões de litros de etanol anidro produzido no Centro-Sul do País. As vendas internas de hidratado, por sua vez, totalizaram 1,38 bilhão de litros de etanol hidratado, registrando impressionante crescimento de 29,69% em relação aos 1,06 bilhão de litros vendidos no mesmo mês de 2017.
A última ocasião em que o volume de etanol hidratado comercializado no mês de março superou 1,38 bilhão de litros foi na safra 2014/2015.
É oportuno mencionar que as vendas de etanol anidro não incorporam as importações totais do aditivo à região, mas apenas o volume registrado via SAPCANA (Sistema de Acompanhamento de Produção Canavieira) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Rodrigues explica que “geralmente, as vendas de hidratado se reduzem na entressafra e a demanda demora várias semanas para se restabelecer após o início da moagem de cana-de-açúcar. Nesse ano, entretanto, as vendas do produto em março continuaram elevadas e isso deve garantir um mercado de etanol aquecido desde a primeira semana da safra 2018/2019”.
Com efeito, dados apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), mostram que o valor médio recebido pelas unidades do Estado de São Paulo apresentou forte queda de R$ 0,25 por litro entre os dias 12 de março e 6 de abril, reduzindo de R$ 1,90 por litro de etanol hidratado para R$ 1,65 por litro. Nesse mesmo período, informações publicadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que até o momento, essa redução dos preços não chegou aos postos de combustíveis, visto que o preço médio pago pelos consumidores no Estado diminui apenas R$ 0,01 por litro, permanecendo praticamente estável em R$ 2,87 por litro.
“Esse cenário de consumo está alinhado com a expectativa de safra 2018/2019 mais alcooleira e deve ampliar a garantia de suprimento de combustível limpo e renovável no mercado doméstico”, conclui o executivo.
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