RAW e Alvean comercializaram quase 40% do açúcar exportado pelo Brasil em 2017

Publicado em 21/03/2018 15:50

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Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - A RAW e a Alvean, duas joint ventures de originação e exportação de açúcar formadas nos últimos anos, dominaram os embarques brasileiros do adoçante em 2017, respondendo por quase 40 por cento de todas as vendas do país ao exterior, em meio a uma consolidação presente também em outros segmentos do agronegócio dada a busca por redução de custos e ganhos de margem.

Maior exportador mundial, o Brasil embarcou no ano passado 24,89 milhões de toneladas de açúcar. A RAW, união da trading Wilmar International com a Raízen, uma joint venture entre Cosan e Shell, respondeu por 21,1 por cento dessas vendas, ou 5,26 milhões de toneladas, conforme dados da agência marítima Williams compilados pela Reuters --o número leva em conta também negócios avulsos realizados por tais companhias.

Logo em seguida aparece a Alvean, joint venture entre as gigantes Copersucar e Cargill, que comercializou 4,43 milhões de toneladas, ou 17,8 por cento do total exportado pelo Brasil em 2017.

Destacam-se também entre os grandes exportadores de açúcar do país as empresas Sucden, ED&F Man, Copa Shipping, Bunge e Louis Dreyfus Company (LDC), segundo os números da Williams aos quais a Reuters teve acesso.

Na atual temporada, as usinas do centro-sul do Brasil, maior região produtora do mundo, fabricaram cerca de 35 milhões de toneladas açúcar, conforme o grupo da indústria Unica.

A RAW surgiu em 2016 e começou a operar no ano passado. A joint venture, que alia a produção da maior companhia sucroenergética do mundo, a Raízen, com as atividades de trading da Wilmar, tem sede em Cingapura.

Já a Alvean, cuja base é em Genebra, na Suíça, está há mais tempo no mercado. A joint venture foi anunciada em 2014 e une os trabalhos da Copersucar, maior comerciante de açúcar do mundo, com as práticas de trading da Cargill.

Procuradas para comentar os respectivos desempenhos no ano passado, RAW e Alvean não responderam de imediato.

GANHOS E PERDAS

Para o sócio-diretor da consultoria especializada em açúcar e etanol JOB, Julio Maria Borges, "a concentração do lado da oferta ajuda e facilita as vendas (ao exterior)", mas, por outro lado, as usinas passam a ter menos opções para comercialização.

"Tem a vantagem do lado da venda. Mas, do lado da compra, as usinas ficam sujeitas ao oligopólio dos grandes players", avaliou.

Borges, contudo, ponderou que essa concentração é um "movimento global". "O motivo está na economia de escala, redução de custos e poder de negociação", destacou.

Na mesma linha, o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, afirmou que essa concentração "é natural".

"Mas não será necessariamente impactante, porque o mercado não tem impedimentos para novos entrantes, tanto que se falássemos da Cofco há 10 anos, ninguém diria nada", comentou, referindo-se à gigante chinesa que nos últimos anos passou a rivalizar com tradings tradicionais no setor de grãos.

A Cofco foi a trading que mais elevou os embarques de milho, soja em grão e farelo do Brasil em 2017 na comparação com 2016, com uma alta de mais de quatro vezes, também segundo dados da Williams.

Em meio a uma consolidação de seus ativos com as aquisições da Nidera e da Noble Agri, a Cofco acentuou a agressividade nos últimos anos, o que a fez figurar como uma forte concorrente das tradicionais companhias conhecidas como ABCD (ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus).

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Fonte:
Reuters

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