Mudança no perfil de oferta do feijão nos últimos anos já interfere na formação dos preços e exige maior atenção com custo
De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), quase metade das lavouras do estado do Paraná estão prontas para a colheita do feijão mas, aparentemente, as chuvas não dão tréguas. Essa situação, contudo, não deve influenciar em uma "disparada de preços" do produto, como destaca Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (IBRAFE).
Segundo Lüders, a oferta ainda é superior à demanda em um mês que, com as férias, costuma ter uma movimentação mais tranquila de velocidade de vendas. O volume disponível no mercado é suficiente para atender o momento.
Os preços, por sua vez, tiveram uma leve disparada, girando em torno de R$80 a R$90 para a mercadoria 7,5 e de R$115 a R$120 para a mercadoria de nota 8,5 a 9. Os produtores que possuem um produto de melhor qualidade buscam valorizar essa mercadoria, ou ofertando primeiro mercadorias de qualidade inferior ou aguardando outros produtores com mercadoria inferior colocá-las no mercado.
O estado de São Paulo colheu uma boa safra e esta vem sendo negociada, mas sem enviar mercadoria para fora do estado. A região Nordeste já começa a buscar mercadorias em Minas Gerais e Goiás e os produtores de feijão preto do Rio Grande do Sul estão conseguindo preços por volta de R$120 a R$125, enquanto os do Paraná, de R$100 a R$110. A Argentina começa a colher feijão preto entre maio e junho, de forma que não é um fator baixista neste momento.
Mudança no perfil
O presidente comenta que há uma "mudança no perfil da oferta" do mercado de feijão carioca. A tendência é de um primeiro semestre com preços em alta, já que a primeira safra vem se tornando a "safrinha" e a segunda safra e a safra irrigada vêm obtendo um maior volume.
Do lado da produção, as pesquisas para o carioca também permitiram que ele alcançasse novos patamares, como o escurecimento lento, que modificou o abastecimento no Brasil. Com mais áreas irrigadas, o custo de produção também fica maior.
Lüders aponta para a necessidade de desenvolver estratégias para que o feijão carioca também seja consumido em outras partes do mundo e diz acreditar que a nova geração de produtores, que vem aplicando conhecimento e novas tecnologias, está capacitada para operar essas mudanças.
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