Venezuela liberta 36 opositores de Maduro na véspera do Natal

Publicado em 24/12/2017 18:16

CARACAS (Reuters) - Como parte de um benefício de Natal, três dúzias de opositores ao governo da Venezuela foram libertados da prisão neste domingo, informou um grupo local de direitos humanos.

Criticada dentro e fora do país por manter cerca de 270 ativistas na prisão, a administração do presidente Nicolas Maduro disse no sábado que libertaria 80 deles com penas alternativas, como serviços comunitários.

Destes, 13 foram exibidos para câmeras de televisão em encontro com a autoridade do governo, Delcy Rodriguez. Ela os criticou por violência e subversão, mas também desejou um feliz Natal.

Alfredo Romero, cujo grupo de fórum penal rastreia a detenção de ativistas políticos e manifestantes, disse que 36 pessoas foram libertados até a manhã de domingo. No entanto, ele criticou o governo por não dar a eles a anistia.

"Eles deveriam libertar não somente alguns, mas todos eles, e não prender mais", disse ele.

Veto a embaixador visa torpedear tentativa de diálogo na Venezuela (na FOLHA)

A chancelaria brasileira interpreta a expulsão de Ruy Pereira, embaixador do Brasil em Caracas, como uma manobra para torpedear o já débil diálogo entre a oposição e o governo. Manobra em princípio forçada por Diosdado Cabello, sempre considerado o segundo homem forte do chavismo, atrás (ou ao lado) do próprio presidente Nicolás Maduro.

diálogo foi lançado em setembro e, até agora, não passou de "conversas exploratórias", conforme o jargão diplomático para designar um estágio prévio à negociações propriamente ditas.

O que Ruy Pereira tem a ver com o diálogo, se o Brasil não é um dos dois países-garantidores escolhidos pela oposição para acompanhar as negociações? Pela sua expertise em Venezuela e pelos contatos que tem nos dois lados, o embaixador está participando de reuniões, em Santiago do Chile, entre representantes da oposição e os embaixadores de México e Chile - estes os garantes por parte da oposição - para estabelecer a agenda a ser levada ao diálogo com o governo, que se dá na República Dominicana.

Ruy Pereira foi designado embaixador em Caracas ainda no governo Dilma Rousseff, aliado próximo do chavismo. Tinha, por isso mesmo, bons contatos com o governo de Nicolás Maduro.

Quando Dilma caiu e, em seguida, o Brasil se tornou crítico feroz do regime venezuelano, a crise no relacionamento bilateral levou à convocação de Ruy Pereira a Brasília, em setembro de 2016. Só voltou a Caracas em julho passado, ainda cercado de alguma desconfiança pela oposição, por ter sido embaixador com Dilma.

Mas sua atuação a partir de então, com toda a discrição implícita na diplomacia, acabou criando a confiança necessária para ser admitido nas negociações da oposição com os embaixadores de Chile e México.

A vantagem do representante brasileiro é que ele não perdeu de todo os contatos com o governo venezuelano, inclusive com a própria presidente da assembleia constituinte, Delcy Rodríguez, exatamente quem anunciou que o embaixador estava sendo declarado "persona non grata", o que equivale a uma expulsão.

É claro que deve ter pesado na decisão venezuelana a troca de chumbo verbal entre os dois países nos últimos dias.

  Carlos Garcia Rawlins/Reuters  
FILE PHOTO: Ruy Pereira, Brazil's Ambassador in Venezuela, attends a session at the National Assembly in Caracas, Venezuela, August 7, 2017. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins/File Photo ORG XMIT: VEN04
O embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, em Caracas, declarado persona non grata

Mas torpedear o diálogo parece, para a diplomacia brasileira, um fator essencial: a oposição tem como item prioritário de sua pauta a recomposição do Conselho Nacional Eleitoral.

Hoje, trata-se de um apêndice do Executivo o que torna as regras eleitorais totalmente enviesadas em favor do governo. Diosdado Cabello já declarou que está fora de questão mexer no CNE.

O Itamaraty interpreta que há uma pequena nuance entre Maduro e Cabello: o presidente gostaria de passar um leve verniz democrático na ditadura, convocando eleições, ainda que viciadas. Cabello, ao contrário, não se preocuparia em assumir que o regime que ele considera revolucionário dispensa tais pruridos.

Alvejar Ruy Pereira acaba sendo, portanto, um tiro por elevação no eixo central da posição opositora, para cuja formatação o embaixador brasileiro deu alguma colaboração. 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário