Cenário de pressão nos preços do feijão pode ser mudado com postura mais retraída dos produtores na comercialização
Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (IBRAFE), conta que esteve presente em uma reunião organizada pela Cooperativa Frísia com cerca de 123 produtores de feijão do estado do Paraná. Esses produtores, como relata o presidente, estão preocupados com a produtividade mais baixa que vem sendo encontrada nessas áreas. Além disso, falta chuva para as lavouras e os preços baixos preocupam. Além do clima, a falta de uso de sementes certificadas e de boa origem também influencia no andamento dessas lavouras, que enfrentam problemas com doenças.
No grupo de produtores de feijão administrado por Lüders no WhatsApp, ainda foram relatados casos de perdas importantes no feijão preto, que tem uma participação substancial na primeira safra do Paraná, em função do granizo. A produtividade ainda tem risco de se agravar em função do clima daqui em diante e o clima mais seco, que incide majoritariamente sobre a Região Sul, é mais arriscado.
No caso específico do feijão carioca, os produtores vêm recebendo ofertas abaixo do custo de produção, este último que ficou maior em função da produtividade. As ofertas estão chegando até mesmo a R$80.
Para Lüders, está nas mãos dos produtores a mudança deste cenário, uma vez que o consumo segue normal. Informações a respeito de produtividade, área e decisões de venda influenciam diretamente na mudança desses patamares. Ele lembra que cerca de 35% a 40% da safra se concentra em janeiro e que os empacotadores não devem manter estoque sabendo dessa movimentação.
Ele lembra que muitos produtores dizem preferir segurar as vendas diante desses preços. Na reunião da Frísia, foi citado o exemplo dos produtores de milho, que conseguiram administrar sua produção e chegar a um preço médio melhor.
"Esconder o jogo no feijão custa caro", constata o presidente. Segundo ele, a situação poderia ter sido evitada se os números da intenção de plantio fossem divulgados corretamente. "Disponibilizar as informações dá uma transparência melhor para o mercado".
Por sua vez, o feijão preto gira em torno de R$120. Na visão de Lüders, uma mobilização deveria começar a ser feita para trabalhar esse feijão também para a exportação.
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