Chove, e o São Francisco se transforma num imenso rio de lama

Publicado em 08/12/2017 15:23 e atualizado em 08/12/2017 18:30

As fotos mostram o rio São Francisco nesta sexta-feira (8) no oeste da Bahia, região de Bom Jesus da Lapa. Mil quilômetros abaixo, no sul de Minas, a Serra da Canastra está jorrando água cristalina num volume espantoso, engrossando a nascente do grandioso (e outrora caudaloso) rio São Francisco.

Logo abaixo, não muito distante da cascata Casca D"Anta, a lama começa a escorrer rio dentro. O assoreamento é uma constante nos últimos anos, porém neste final de ano de 2017 o que se configura é a imagem de um imenso desastre ambiental. A Embrapa Solos, responsável pelo monitoramento dos solos e movimentos geologicos, estima que o País esteja perdendo cinco bilhões de dólares por ano somente pela ação da erosão. São 140 milhões de hectares degradados.

Pior é questão social. O rio Casca, na zona da mata mineira, saiu do leito e destruiu a cidade, causando mortes (5 pessoas, da mesma familia). Nesse momento o Inmet alerta que mais chuvas chegam sobre MInas, Bahia, Espirito Santo, além do o Matopiba.

O Instituto Nacional de Meteorologia prevê que caiam sobre a região central do País mais de 200 mm nas próximas horas.

Esse volume inevitavelmente irá correr para a calha do S. Francisco -- que, praticamente, já não tem mais profundidade. Com o leito raso, a água tenderá a vazar pelas margens, onde, sem os antigos barrancos, haverá imensas inundações na região ainda ressequida do sertão da Bahia.

Abaixo um vídeo de duas semanas atrás, mostrando a piracema no rio Cuaiba´. o  que chama atenção, além do cardume protegido, é a cor da água, embarreada...

rio são franciscoRio são franciscoRio são franciscoRio São Francisco

(Veja abaixo)

Chuvas no Parque Nacional da Serra da Canastra, nascente do Rio São Francisco - Foto: Reprodução/Redes Sociais Chuvas no Parque Nacional da Serra da Canastra, nascente do Rio São Francisco - Foto: Reprodução/Redes Sociais

O vídeo abaixo mostra ap piracema no rio Cuiabá

Muita chuva ainda em MG e ES

Além da previsão de tempestades, as chuvas também continuam sobre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O primeiro já conta com registro de mortes com alagamentos em diversas cidades em situação de emergência. O Sul da Bahia também deve ter chuvas.

Segundo a Climatempo, com base em dados do Inmet, somente entre o começo da noite de anteontem até 8 horas da manhã de ontem, a cidade de Pompeu (MG) teve 93,6 mm de chuva. Em Uberlândia (MG), choveu quase 46 mm entre 2 horas da madrugada e 8 horas da manhã.

No Espírito Santo, acumulados expressivos também foram registrados em Nova Venécia (ES). Entre 17h e 18h, foram acumulados cerca de 85 mm, segundo a Climatempo com base em informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN).

Em Minas o governador Fernando Pimentel se reuniu com os ministros das Cidades Alexandre Baldy e da Integração Nacional Helder Barbalho para discutir a situação das cidades afetadas.

Leia a notícia na íntegra no site da Folha de S. Paulo

140 milhões de hectares degradados

O Brasil paga um preço alto por não conhecer melhor seu solo: falta de água no campo em grandes metrópoles; intensos processos erosivos do solo na área rural, que agravam enchentes e provocam desperdício de insumos agropecuários, entre várias outras consequências.

Dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA) indicam que 140 milhões de hectares de terras brasileiras estão degradadas, o que corresponde a 16,5% do território nacional.

No mundo, 33% do solo sofre degradação de moderada a alta, segundo dados da  Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). São áreas que tiveram sua capacidade produtiva reduzida pela erosão, impermeabilização, salinização, poluição, entre outros.

A quantidade de solo perdida por ano, no mundo, chega a 24 bilhões de toneladas, ainda segundo dados da FAO. Para agravar, daqui a pouco mais de três décadas, o mundo terá 9,6 bilhões de habitantes, exigindo que a produção de alimentos aumente em 65%.

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3 comentários

  • jakson scherer Unai - MG

    Muito bem.. se não chove a culpa é do agricultor que usa pivô..., se chove a culpa é do agricultor que desmatou pra produzir..., será que até quando o agricultor vai ficar calado e vendo quem não faz nada por esse país continuar nos culpando , engraçado mesmo saber que sempre culpam o agronegocio mas todos nós dependemos , árvore que dá muitos frutos vai ser sempre atacado mesmo , e viva a agricultura que carrega esse país nas costas !!!!!

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  • Aloísio Brito Unaí - MG

    Aí está o que falo há anos... Os ambientalistas deveriam se preocupar mais em auxiliar tecnicamente esses processos erosivos e degradante. Há 30 anos eu mergulhava em rios da região do oeste de Minas Gerais e presenciei, após 2 anos de mergulho, que um determinado poço de um rio transformava-se em pouco tempo, de fundo rochoso e com profundidades de até 8 m (como exemplo o Rio São Domingos, afluente do Urucuia, em Buritis de Minas) passar a ter menos de 1 m de profundidade... e só lama no fundo. Eu avisei várias pessoas sobre esse fenômeno, e culpavam só aos agricultores... Vocês não têm ideia da quantidade de terra que estradas jogam em rios e córregos. Cansei de avisar que precisavam fazer recuperação de estradas de terra com projeto de pequenas bacias de contenção de água em nessas estradas. No entanto, eu mesmo as fiz na estrada que passava na frente de nossa fazenda e a prefeitura ia lá para recupera-las depois da chuva e destruía os quebra-molas que faziamos para conter a água e direciona-la para essas bacias de contenção, até que cansamos de gastar dinheiro. A ignorância e falta de planejamento é algo terrível nas atividades públicas desse País. Estamos destruindo nossos rios simplesmente por ignorância e falta de atenção de pessoas que deveriam estar corrigindo esses problemas e coordenando atividades essas necessárias para conter a degradação com simples atitudes e responsabilidades das prefeituras e órgãos ambientais locais. Esse País vive só de ideologia e sensacionalismo. Atividade séria e eficiente não existe. Eu cansei desse País. Cansei dessa ideologia e sensacionalismo sem resultados e com perda de patrimônios naturais gigantescos e com cenários cada vez mais alarmantes para as próximas décadas. Não vejo solução! Não vejo responsabilidade de órgãos ambientais e prefeituras como deveria ser. Não teremos solução.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Aloisio, os conceitos são vários, mas como o senhor falou em estradas de terra, vou citar só o conceito que visa "estrada". ... Toda estrada deve ser um divisor de águas e NÃO um condutor de águas... SIMPLES ASSIM !!!

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    • Valdomiro Rodante Junior Porangatu - GO

      Incrível!!!, hoje eu estava vindo da fazenda e observei os córregos que cruzei, todos assoreados..., as prefeituras não fazem nada, só passam a patrol, e a cada chuva a terra vai toda para o leitos dos rios... tenho observado a profundidade dos barrancos da estrada que já tinha mais de um metro de profundidade e imaginando que toda a terra que saiu da estrada está, agora, dentro do rio..., devido a isso, a cada ano que passa, mais rios estão secando e a falta d'água cada vez se exacerba mais..., é preocupante o descaso dos órgãos públicos que não vêem que a situação é de urgência.

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Aqui no Paraná não é diferente. Agora se o tanque de diesel tiver um vazamento, o agricultor vai pra cadeia. Mas as estradas rurais, que são escoadouros de terra para os rios, ninguém dá atenção. Os rios e córregos morreram faz tempo e nenhum órgão ambiental faz nada.

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  • LEDENIR PRESA são miguel do iguaçu - PR

    "Tão" contente agora? Muita chuva, muita água, aproveitem o que a natureza lhes oferece.

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