Temer pede apoio a líderes para aprovar reforma da Previdência e Brasil não virar Grécia
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer pediu apoio neste domingo aos líderes e presidentes de partidos da base para aprovar a nova versão da reforma da Previdência e destacou a importância de se votar a proposta a fim de que o Brasil não vire uma Grécia, segundo relatos de duas lideranças que participaram do encontro feitas à Reuters.
No jantar promovido na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo as fontes, Temer fez um contundente apelo aos dirigentes para apoiar o texto que não é para o governo dele, mas para o país.
Ficou decidido, no encontro, que os dirigentes vão fazer uma avaliação com as bancadas até a quarta-feira sobre o real apoio à reforma. Somente após isso é que o governo vai decidir se, caso tenha uma margem de segurança para apreciar a matéria, tentará colocá-la em votação na quarta-feira da próxima semana, dia 13.
Na reunião, conforme os relatos, o presidente disse que a delação da JBS e a atuação do Ministério Público Federal atrapalharam o calendário de votação da Previdência. Ele não citou nominalmente, porém, o empresário Joesley Batista e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, dois dos seus principais algozes.
Durante o encontro, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, defendeu que os partidos fechem questão em favor da versão enxuta apresentada pelo deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da reforma. Quando isso ocorre, parlamentares que votam contra a orientação partidária podem ser punidos internamente até mesmo com a expulsão da legenda.
Jefferson adiantou e disse que o PTB não vai receber, na janela do troca-troca partidário prevista para março, nenhum parlamentar que votar contra a reforma. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), manifestou-se na mesma linha de que pretende recomendar o fechamento de questão e barrar a entrada de quem votar contrariamente à reforma.
Conforme relatos, essa posição, contudo, não foi consensual. Representantes do PSD, do PR e do DEM, por exemplo, reconheceram as dificuldades internas para fechar questão.
O líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), afirmou à Reuters que disse ao presidente que considerava "muito difícil" garantir um fechamento de questão na votação. Ele avaliou que não deve conseguir repetir o apoio que a bancada deu, nas duas votações em que foram rejeitadas as denúncias contra Temer feitas por Janot, na reforma da Previdência.
O presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, disse que vai reunir a bancada tucana até a quarta-feira para tentar fechar questão. No mês passado, o partido --que poderá deixar formalmente a base de apoio a Temer em convenção no sábado-- já havia recomendado voto a favor do texto, embora deputados tenham apresentado sugestões de novas alterações à proposta do relator.
Na saída do encontro, o anfitrião Rodrigo Maia adotou um tom mais otimista para a votação da reforma do que na semana passada, quando disse que estava "muito longe" de se conseguir os 308 votos mínimos para apreciar o texto. “Há um compromisso dos presidentes de partidos, dos líderes, com a reforma, ficou claro isso hoje. Vamos trabalhar. Eu espero que a gente consiga votar a reforma ainda este ano”, disse.
À Reuters, o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), disse que o ambiente para a votação melhorou, mas destacou que é preciso alinhar o "pensamento" dos líderes e presidentes de partido com os deputados da base. "Nosso maior desafio é buscar os 40 votos que a gente precisa fora da base de apoio na votação da denúncia", calculou Efraim Filho, ao frisar que, no jantar, não houve qualquer contabilidade de apoios para a votação.
Mesmo com o jantar e o esforço do governo de tentar conquistar apoios, o líder do PR continua pessimista com a perspectiva de se votar a proposta. "Não mudou muito o apoio que precisamos para votar", confessou José Rocha, que dias atrás já havia dito que a reforma não será votada este ano.
O esforço do governo é tentar votar o primeiro turno da reforma no plenário da Câmara na próxima semana e o segundo, na semana seguinte, antes do início do recesso parlamentar. A ideia inicial era tentar votar o primeiro turno esta semana, mas o calendário foi adiado diante da constatação de que o governo não dispõe de votos para aprovar a matéria.
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