CNA apresenta resultados do Campo Futuro em 2017
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou nesta quinta (9) os resultados de 2017 do Campo Futuro, projeto que ao longo do ano levantou os custos de produção de 39 culturas nas principais regiões produtoras do país.
Lançado há 10 anos pela CNA e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) em parceria com centros de pesquisa e universidades, o Campo Futuro alia a capacitação do produtor rural com a geração de informações direcionadas ao gerenciamento de risco de preço e custos de produção.
Com isso, o produtor tem condições de tomar decisões melhores para administrar sua atividade e garantir uma boa gestão de seus negócios.
Na abertura do evento, o presidente da CNA, João Martins, destacou alguns resultados obtidos pelo projeto, que serviu como embasamento para pleitear políticas públicas para o setor agropecuário. “Foi um divisor de águas. O Campo Futuro não é respeitado apenas pelo governo, mas também pelos produtores rurais”, disse Martins.
O superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, falou sobre a importância do projeto para os produtores com o intuito de aprimorar a atividade agropecuária. “O produtor precisa de informações para gerenciar melhor sua propriedade. Isso vai contribuir bastante para o produtor comprar, comercializar, além de fornecer coeficientes técnicos que servem como um referencial ao produtor”.
O pesquisador responsável pela área de pecuária do Cepea, Sergio de Zen, enfatizou o nível das informações fornecidas pelo projeto. “Qual é o país do mundo que pode te responder instantaneamente o produto para produzir em cada microrregião, levando em consideração que o Brasil é um país continental? O Campo futuro te dá essa possibilidade”.
Resultados – Na primeira parte do Seminário Nacional do Campo Futuro, foram apresentados os resultados dos levantamentos das culturas agrícolas. A maioria dos resultados analisados mostra que os produtores tiveram receita suficiente apenas para cobrir o Custo Operacional Efetivo (COE), que engloba as despesas rotineiras da atividade.
Na parte de cereais, fibras e oleaginosas, o pesquisador Fernando Capello, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), a margem bruta foi positiva para a soja, milho, milho safrinha e trigo. Contudo, foi insuficiente para cobrir o Custo Operacional Total (COT), que inclui fatores como depreciação de patrimônio e o pró-labore do produtor, principalmente para milho safrinha, trigo e arroz.
“O preço do milho segunda safra caiu bastante por conta do excesso de oferta. Estamos aguardando o final da comercialização porque os preços estão reagindo, mas dificilmente teremos margens positivas. De forma geral, houve um alívio no fluxo de caixa no curto prazo, mas tem que continuar gerenciando e daí a importância do Campo Futuro”, explicou Capello.
Para o pesquisador Luiz Gonzaga de Castro Júnior, do Centro de Inteligência de Mercados da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA), que apresentou os resultados do café, os municípios analisados tiveram melhorias na comparação com anos anteriores, mas nem todos tiveram rentabilidade.
“Na parte do conilon, todos tiveram rentabilidade, mas isso não correu com o arábica, principalmente nas regiões tradicionais. Influenciaram o comportamento questões de produtividade, preços e tecnologias utilizadas”, justificou.
João Rosa, pesquisador do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), responsável pelos levantamentos de cana-de-açúcar, o produtor gastou mais e produziu menos na última safra. Mas a alta dos preços em torno de 40% ajudou a compensar parcialmente a alta dos custos nos últimos anos.
“Com os preços bons, é importante que o produtor faça um caixa porque o preço varia por causa da lei da oferta e da demanda e se planeje para as safras de preços ruins”.
Também foram apresentados os resultados dos levantamentos de fruticultura, horticultura e silvicultura.
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