Na FOLHA: Bolsonaro condiciona filiação ao PEN a retirada de ação do partido no STF

Publicado em 11/08/2017 05:24
Advogado amigo de José Dirceu estaria por trás de ação do partido que pode terminar com a Lava Jato. Jair Bolsonaro recua e segura formação do Patriotas

O deputado federal e pré-candidato à Presidência do país Jair Bolsonaro (PSC-RJ) causou saia justa em evento promovido pelo PEN (Partido Ecológico Nacional), ocorrido nesta quinta-feira (10), no Rio. O objetivo do encontro seria selar a intenção de que o político se filie ao partido com vistas à disputa de 2018.

O evento foi transmitido ao vivo nas redes sociais e chegou a ter pico de audiência de cerca de 20 mil espectadores simultâneos.

Bolsonaro iniciou o discurso dizendo que aquele evento marcaria o início de um relacionamento com o partido, mas não significaria um acerto definitivo ainda. A intenção é que o PEN passe a se chamar Patriotas.

"Hoje não será um casamento e nem vamos marcar a data para esse casamento. O que está em jogo é o futuro do país. Perco a eleição, mas não perco o caráter, não perco as calças. Não estou no meio de santos, mas não farei conchavo com o diabo", disse Bolsonaro.

O pré-candidato surpreendeu plateia e assessores ao condicionar sua entrada no partido à retirada de ação movida pelo PEN no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o entendimento da corte de permitir prisões de pessoas condenadas em segunda instância.

O PEN entrou em setembro do ano passado no STF contra a decisão, em uma ação declaratória de inconstitucionalidade. O partido foi assistido pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, conhecido por representar políticos em ações criminais.

Bolsonaro disse que o projeto de derrubar o entendimento do STF tinha como objetivo liberar presos em primeira instância na Lava Jato, em decisões proferidas na justiças dos Estados. O deputado disse que a ação na prática significaria o fim da operação. Criticou ainda a iniciativa que teria sido "patrocinada" por Kakay, que Bolsonaro disse ter sido advogado de José Dirceu.

O pré-candidato disse que só tomou conhecimento da ação há dez dias, quando a negociação de sua filiação já estava avançada. "É um noivado. Pode aparecer um problema, que será contornado ou não. Estamos buscando maneira de contorná-lo", afirmou.

LAVA JATO

"Com o fim da Lava Jato, essa verdade terá um pai. E esse pai se chamará PEN", disse Bolsonaro. "Ou o partido descobre uma maneira de desistir da ação... A gente não pode entrar numa possível campanha presidencial sendo atacado como o partido que enterrou a Lava Jato", disse.

Neste momento, a transmissão ao vivo tinha atingido o auge de espectadores, com 21,5 mil pessoas simultaneamente. "Aguardo a decisão do partido sobre a desistência dessa questão", finalizou Bolsonaro.

No fim do discurso, Bolsonaro pediu desculpas se "desapontei alguém". O presidente do PEN, Adilson Barroso, prontamente se justificou.

Ele disse que decidiu pela ação por ter lido relatório que mostrava que mais de mil pessoas poderiam ir para a cadeia com a medida aprovada pelo STF. E que pensava nos mais pobres que, sem recursos para bancar advogados de renome, teriam seu direito a ampla defesa cassados.

"A possibilidade de um cidadão comum, que não tem dinheiro, ser preso antes de chegar à última defesa é injusta. A Constituição é muito clara: todo cidadão tem direito à defesa. Eu entrei [com a ação] para soltar aqueles que são menos favorecidos, porque sabemos que em cinco anos na cadeia acabou a sua vida. Meu entendimento foi dessa forma", disse.

Bolsonaro rebateu o argumento: "Kakay não é advogado de pobre". Barroso, por fim, recuou e disse que o partido abriria mão da ação pelo interesse da aliança com o presidenciável. Com relação à viabilidade jurídica, Barroso disse que "nenhum dos dois é advogado", e que "vão tentar resolver".

"PRO BONO"

Kakay procurou a reportagem para rebater as críticas. Disse que não é advogado de rico e que atua muitas vezes sem receber. A ação no STF com o PEN teria sido feita, disse ele, "pro bono", sem, portanto, cobrança de honorários.

O advogado disse que o ex-ministro José Dirceu é seu amigo pessoal e que nunca o representou juridicamente, nem mesmo no processo do mensalão. Afirmou ainda que a maioria de seus clientes na Lava Jato tem foro privilegiado e não sofreria impacto da decisão do STF.

Terminou por acusar Bolsonaro de tê-lo procurado quando o deputado virou réu no STF por conta de ofensas à deputada Maria do Rosário (PT-RS). "Ele diz que sou advogado de rico porque me procurou para defendê-lo no STF. Não aceitei porque a causa era ruim".

Barroso chamou Bolsonaro de "presidente" a uma plateia formada por dirigentes da sigla que acompanhavam o pronunciamento ao vivo. A menção descumpre a lei eleitoral, que veda campanha antecipada. A lei diz que os candidatos só podem apresentar propostas e pedir votos a partir do dia 15 de agosto do ano eleitoral.

"Os presidentes [estaduais do PEN] não vieram do país todo para discordar de você, presidente. Vou chamá-lo de presidente porque estamos aqui para ajudar fazê-lo presidente. Lutei pela Justiça e estou pronto para retirar a ação se os advogados do presidente acharem necessário".

"O namoro continua", encerrou Bolsonaro.

TEMER

Bolsonaro aproveitou o discurso para fazer críticas ao presidente Michel Temer. Em trecho que criticava o sistema de urnas eletrônicas adotado no país, defendeu o voto impresso e disse que o modelo atual poderia ser fraudado. Acrescentou ao comentário o fato de o presidente ter liberado verba de emendas parlamentares em troca de votos para barrar a denúncia de corrupção passiva na Câmara dos Deputados.

"O Temer mostrou que democracia para ele é voto comprado. Será que em 2018 vamos fazer papel de palhaços comparecendo para votar em um presidente que estará eleito no segundo turno?".

Antes ele havia dito que o Brasil precisa ter um presidente patriota, que "tenha Deus no coração" e honesto. "Ouviu, senhor Michel Temer?", disse.

Bolsonaro criticou a forma como os grandes partidos fazem política e criticou que o PSDB continua no governo. "Esse tipo de política nós temos que combater".

A metralhadora também disparou contra o ministro da Defesa, Raul Jungmann. Bolsonaro disse que se eleito seu governo teria como ministro um general de quatro estrelas das Forças Armadas.

Ele disse que Jungmann era um "desarmamentista". "É a mesma coisa que colocar no centro cirúrgico alguém que fica apavorado ao ver sangue".

ADVERSÁRIO

Sobre a possível candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), à Presidência, disse que "ele chegou agora na política, é um direito dele [querer ser candidato]. Ou melhor, está sobrando apenas ele como candidato do sistema. Não tem um nome do PT, do PMDB, do PSDB, só o João Doria. Ele é de um partido grande, que tem uns 60 deputados, centenas de prefeituras, dirige um orçamento enorme. Eu só tenho o povo ao meu lado."

Bolsonaro também criticou o "distritão" –na noite de quarta-feira (9), a comissão da Câmara que analisa a reforma política aprovou a adoção do modelo nas eleições de 2018 e 2020, no lugar do modelo eleitoral atual, o "proporcional".

"É um acinte. Os partidos iriam lançar o menor número de candidatos possível para que não houvesse pulverização de votos. Ficaria, então, com toda certeza, na legenda, os atuais mandatários em Brasília e um ou dois em cada legenda. Estaríamos reelegendo, no mínimo, 90% da Câmara e o que é mais grave, com R$ 3,6 bilhões de um fundo democrático eleitoral", afirmou.

A comissão também aprovou, na noite de quarta, o texto-base do relatório que cria mais um fundo público de financiamento das campanhas, de R$ 3,6 bilhões.

BOLSONARO FAZ UM BOM DISCURSO ESTRATÉGICO PELO PATRIOTA, MAS QUESTÕES PERMANECEM (análise de rodrigo constantino)

Jair Bolsonaro fez seu primeiro pronunciamento como futuro candidato pelo Patriota, novo nome que adotará o Partido Nacional Ecológico (PEN). Foi, em resumo, um bom discurso do ponto de vista estratégico. Bolsanaro fala à classe média brasileira, cansada da roubalheira, da imoralidade, da degradação de valores e da agenda “progressista” que vem destruindo a família e as tradições.

Um primeiro ponto a destacar: seu pronunciamento já teve quase 500 mil visualizações pelo Facebook até agora, o que demonstra como a era das redes sociais mudou a política, retirando parte do excessivo poder concentrado na grande mídia. João Doria é outro que vem explorando esse contato direto com o público, o que esvazia a capacidade de distorção da “fake news”, com seu claro viés de esquerda.

O ponto mais fraco, sem dúvida, foi o próprio PEN. Com certeza uma decepção para os seguidores do deputado. Seu presidente é muito ruim, fala mal, não consegue articular bem seu raciocínio, sem falar da credibilidade questionável da sigla. O namoro recebeu uma ducha de água fria quando Bolsonaro disse que, hoje, não assinaria a parceria ainda, que isso seria prematuro. O próprio Bolsonaro disse que não está em meio de santos, mas que também não vai fazer conchavo com o diabo.

Tal realismo, porém, não esteve presente na hora de explicar como governaria com um Congresso dominado por pilantras. Bolsanaro disse que não tem partido, mas tem o povo, e que caberá a todos os eleitores mudar o quadro do Parlamento, ou seja, votar melhor para que, em 2019, outros políticos  melhores estejam no poder. É uma resposta retórica, sem substância.

O problema continua: obviamente o Congresso ainda terá uma grande parcela de picaretas, ou de deputados com outras pautas, o que é legítimo. O PMDB seguirá gigante. Democracia é negociar, fazer concessões, engolir sapos e nem sempre conseguir o que se quer. Não é local para o ideal, mas para o possível. Essas questões permanecem sem respostas: como o “exército de um homem só” poderia, de fato, mudar tanto assim o país? De cima para baixo? Na marra? Por decreto?

O fato de alguns seguidores mais fanáticos flertarem com a ideia de fechar o Congresso, de limpar a sujeirada toda da política, uma postura que o próprio Bolsonaro, de alguma forma, já fomentou com declarações passadas, é algo que preocupa, com toda razão. Podemos pinçar alguns comentários assustadores como este:

Aliás, o pior do “bolsonarismo” são sem dúvida os “bolsominions”, e acompanhar os comentários em tempo real era algo um tanto constrangedor: elegeram, parece, um Pai, um messias salvador, um Deus, não um bom candidato a presidente. Não são bem elogios, mas uma bajulação impressionante, digna de espanto, que expõe o fenômeno em curso: o povo está desesperado e precisa de uma tábua de salvação para manter as esperanças.

Bolsonaro explora bem esse sentimento, incorpora alguém que vai enfrentar com coragem toda a corja de marginais e comunistas do país (o que inclui, pelo visto, os tucanos também). Como deputado, travou o bom combate mesmo, apesar de não ter grandes resultados concretos para mostrar. Mas governar um país é diferente, o buraco é mais embaixo, e é preciso mais do que retórica, do que slogans patriotas, do que promessas. É aí que mora o perigo. Eis o calcanhar de Aquiles de Bolsonaro.

O deputado até tentou se defender da acusação de não entender de economia. Alegou que outros presidentes não entendiam, e que um presidente não precisa entender de saúde, de agronomia etc, pois vai se cercar de bons nomes para tanto. Está certo, claro, ainda que noções básicas de economia sejam desejáveis (vejam o que aconteceu com Dilma no poder). Mas eis o ponto: qual a equipe de Bolsonaro? Quais nomes o inspiram? Delfim Netto?!

Os presidentes do regime militar foram elogiados nessa área, mas o legado é sofrível, para dizer o mínimo. Especialmente o de Geisel, o nacionalista criador de estatais. Bolsonaro diz defender um estado menor, que interfira menos na vida do cidadão e na economia, o que é alvissareiro, mas logo em seguida fala de “vale do nióbio”, como se soubesse qual setor merece investimentos, como se flertasse com uma ideia estapafúrdia de uma Niobiobras da vida.

Para piorar, fez uma comparação com o centro de inovação tecnológica na Califórnia, perguntando porque não podemos ter um Vale do Nióbio se os americanos têm o Vale do Silício. Ora, Bolsonaro por acaso pensa que é o silício a razão da riqueza californiana? Essa mentalidade típica dos militares, de que o recurso natural é a riqueza em si, ainda está presente em Bolsonaro, um ranço ideológico lamentável.

Enfim, a necessidade de fechar com um partido pequeno e fraco como o PEN é um problema, e a visão econômica continua uma fraqueza evidente, além das questões complexas de governar na prática, caso eleito. Esse papo de que não precisa de partidos porque tem o povo soa muito jacobino para o gosto de qualquer liberal, conservador ou democrata.

Dito isso, Bolsonaro fez um bom discurso, pois captura como poucos a demanda popular, o grau de insatisfação geral com o establishment, com a política, com os intelectuais e com os “valores” vigentes, deturpados pela esquerda. O tom reacionário atrai nessas horas, ao prometer resgatar uma espécie de Éden perdido, com um passado inexistente que acaba sendo fantasiado, ou no mínimo maquiado. Quem está com raiva do presente e medo do futuro é presa fácil desse discurso.

Mas, justiça seja feita, se ele for bem dosado e equilibrado, pode servir como combustível para uma necessária luta patriota sim, desde que não escorregue para um nacionalismo tacanho e autoritário. Até porque o povo cansou justamente da frouxidão, da pusilanimidade, da conversinha fiada.

Em dia em que o PSDB solta uma peça de marketing que mais parece feita por um petista, pedindo desculpas por seus “erros”, e até Doria, o “tucano corajoso”, que bate sem dó em Lula e no PT e desafia a imprensa, resolve marcar conversa com o petista Suplicy, esse tipo de recado de Bolsonaro vai naturalmente conquistar mais aplausos:

 

“Não vou ficar broxa pra agradar eleitor!”, diz Bolsonaro. E uma grande parte do povo, cansada de tanta impotência, vibra, vai ao delírio, grita “mito”, mesmo que não tenha parado para pensar como exatamente o capitão vai fazer para transformar essa masculinidade toda em resultados concretos para construir um país mais próspero e livre. Essas são as tais questões que permanecem, que só liberais “chatos” levantam…

Rodrigo Constantino

ALUNO COM CAMISA DE BOLSONARO É ALVO DE ATAQUES COVARDES: PODE ISSO, ARNALDO?

A coisa mais rara de se encontrar no Brasil é alguém que defenda princípios em vez de partidos, valores em vez de tribos. Quando algo errado ocorre contra o seu “time”, a maioria sai em campo para protestar, chiar, espernear, mas quando é o seu próprio “time” a cometer o deslize, o malfeito ou o crime, aí impera a lei do silêncio, como a omertà mafiosa.

Isso ficou muito claro nos dias recentes, com um episódio envolvendo o deputado Jair Bolsonaro. Alunos de uma escola do Amazonas entoaram seu nome dentro das dependências escolares, sob a tutela de um policial que também é professor. Inaceitável, ou então “escandaloso”, para usar o termo de Miguel Nagib, do Escola Sem Partido.

Além de Nagib, eu mesmo escrevi um texto criticando a postura, que foi compartilhado por várias pessoas, entre elas Adolfo Sachsida. Somos todos, Nagib, eu e Sacshida, de direita, liberais com viés conservador. Certamente estamos bem mais próximos das bandeiras de Bolsonaro do que daquelas “progressistas” da extrema-esquerda.

No entanto, deixamos nossos princípios falarem mais alto, e fomos muito criticados por isso, pela ala mais fanática de seguidores do deputado, que chegaram a forçar a barra alegando se tratar apenas de uma “homenagem”. Esses são os partidários “do lado de cá”, que usam os mesmos métodos de seus inimigos. Eis o perigo de viver para derrotar o monstro: tornar-se como ele.

Mas claro que a canalhice maior vem sempre da esquerda mesmo. Muitos aproveitaram o caso para detonar Bolsonaro, acusá-lo de fascista, explorando politicamente o episódio. Só que esses não aparecem na hora que socialistas abusam do poder para doutrinar alunos, intimidar adversários ou fazer campanha partidária nas escolas e universidades. Eles não apoiam o projeto Escola Sem Partido, ou seja, não condenam a doutrinação, apenas aquela de direita.

Para cada episódio como esse no Amazonas, há mil do outro lado, mas isso nunca foi motivo de incômodo por parte da esquerda cínica e hipócrita. Esse caso abaixo, por exemplo, em que um aluno universitário foi agredido apenas por vestir uma camisa de Bolsonaro, demonstra quem são os verdadeiros fascistas: os vermelhos. Mas esse fascismo é “do bem”, pois condena o fascismo de direita, então não tem problema. É assim que pensam os canalhas. Vejam a reportagem:

Tudo muito bizarro! Só que tamanho grau de violência, abuso e intolerância é aceito quando vem da esquerda contra a direita. A grande imprensa se cala. Os professores se calam, ou até defendem seus colegas doutrinadores. Os alunos são livres para usar a camisa do político que preferirem. Quem não pode usar camisa de político é o professor!

Diante de tanto viés da mídia, de tanto abuso por parte dos esquerdistas, e de tantas agressões que a turma mais conservadora sofre, é apenas natural esperar uma reação, mesmo que ela seja inadequada e mereça ser criticada. Quem quer construir uma civilização precisa dar o exemplo e buscar a imparcialidade do julgamento.

De fato, é triste observar como tão pouca gente foca nos princípios, enquanto a maioria toma mesmo partido e, como num jogo de futebol, só quer saber do resultado, da vitória da “sua tribo”, ainda que seja preciso cuspir no adversário, rasgar as regras e corromper o árbitro. Desse jeito o Brasil não vai longe mesmo…

Rodrigo Constantino

Doria se diz 'feliz' com 'portas abertas' por DEM e PMDB (na FOLHA)

O prefeito João Doria (PSDB) confirmou nesta quinta-feira (10) que vem sendo sondado por PMDB e DEM para a eleição de 2018 e se disse "muito feliz" por ver que "as portas foram abertas" pelos partidos aliados.

Ao mesmo tempo, afirmou não pensar em deixar o PSDB, ao qual se filiou em 2001, e voltou a falar numa "amizade indivisível" com o governador Geraldo Alckmin.

Nos bastidores, cresce a especulação de que Doria vê o Palácio do Alvorada como futura morada, o que significaria uma batalha interna com seu padrinho político, já que o também tucano Alckmin fala abertamente em disputar a Presidência no ano que vem.

O prefeito tentou diminuir a proposta de antecipar as prévias partidárias já para dezembro, estratégia associada à turma de Alckmin –o movimento pressionaria Doria a abandonar o discurso ambíguo e dizer de uma vez por todas se pretende entrar no páreo para 2018.

Está fora de seus planos "desrespeitar o governador", disse o prefeito, que no entanto afirmou "ser cedo para fazer uma avaliação" sobre uma proposta que sequer "foi formalizada".

Doria criticou o vídeo que provocou cizânia dentro do PSDB, ao dizer que a sigla "errou" (sem especificar onde). A peça publicitária partiu do grupo do presidente interino do partido, o senador Tasso Jereissati.

"A forma talvez não tenha sido a mais feliz e nem, a meu ver, a mais justa", disse o prefeito, que apontou um desnecessário "grau de negatividade" na propaganda.

Se o PSDB não teria nada digno de autocrítica? "Todos têm erro, até Jesus Cristo errou", afirmou Doria.

A maior falha do cearense Tasso, segundo o paulistano, foi não compartilhar a mensagem com outros líderes tucanos, o que acabou por "enfraquecê-la".

"DOS OVOS, UMA OMELETE"

"Assim como do limão se faz a limonada, do ovo fiz a omelete."

Ovacionado no "mundo azul" de empresários que bebericavam taças de Veuve Clicquot na Casa Fasano, Doria relembrou a ovada que levou de opositores em Salvador e atacou militantes de "esquerda e extrema-esquerda" que ocuparam a Câmara Municipal de São Paulo para protestar contra seu programa de privatizações.

Doria aproveitou o evento, que celebrava o lançamento do livro de um escritório de arquitetura corporativa, para defender seu programa de desestatização e fazer um afago em outro convidado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Em tempos mais bicudos ele teve coragem de privatizar", disse sobre o grão-tucano.

Tudo aconteceu no "mundo azul", como definia um dos sócios da empresa anfitriã da noite, Ivo Wohnrath, evocando a cor do PSDB e a alergia ao vermelho petista.

"Tenho certeza que a São Paulo do mundo azul já tem alguém" em mente para liderar o país, disse Wohnrath. Doria entrou no palco ao som do "Tema da Vitória", trilha de sua campanha a prefeito.

Ele foi homenageado como "exemplo de empresário e homem público", e FHC participou de um debate em que o público se saciou de alfinetadas em Lula (PT), além do escalope de filé mignon ao molho de cogumelos e risoto de ervas (com zuppa gelada de frutas amarelas com sorvete de iogurte para arrematar).

Lava Jato e 2018 também estiveram no menu da noite.

Para FHC, é fato que há uma "operação abafa" para brecar a Lava Jato, como defende o ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso.

"Você tem dúvida?", rebateu o ex-presidente ao ser questionado sobre a declaração de Barroso, em debate com o cineasta Arnaldo Jabor e o jornalista Carlos Sardenberg.

Sem citar nomes, FHC disse que o sonho de virar presidente "muitas vezes não acontece" para "pessoas com ideia fixa".

"Tem que dar espaço para o acaso", afirmou o ex-presidente. Dentro de seu partido há dois ex-presidenciáveis com ambição de um dia chegar ao Planalto, Geraldo Alckmin e José Serra.

Já ele próprio não era obcecado por este cargo específico. Se dissesse que queria ser presidente desde sempre, contou FHC, estaria mentindo. "Eu queria ser papa."

Ao se dizer receoso com "a desgraçada possibilidade de Lula voltar", Jabor deu o tom anti-PT que preenchia o salão com 58 mesas iluminadas por velas.

"Se depender desse público, ele não volta", brincou FHC, que contudo buscou não antagonizar com seu sucessor petista.

O "Lula lá de trás", disse, era "inovador" e reconhecia que "a CLT amarrava o trabalhador".

E "fez o governo que tinha que fazer, não vou fazer críticas desnecessárias", afirmou o tucano.

Já o Lula de agora "está radicalizando" e "vai para o gueto" ao apostar num discurso polarizador, disse.

FHC também deu palpite sobre o atual titular do Planalto. Se fosse Michel Temer (PMDB), ele pediria para sair e adiantaria o pleito presidencial para 2017.

"Com toda franqueza, o que eu faria no lugar dele –e ainda bem que não estou: anteciparia as eleições", disse o ex-presidente

O jantar acabou com os maestros João Carlos Martins e Arthur Moreira Lima tocando "My Way" do Frank Sinatra no piano, acompanhados pelo tenor Thiago Arancam. Doria gravou em seu celular a apresentação da música que exalta o homem que fez "do seu jeito".

Desafeto de Temer no PMDB , Renan Calheiros vai recepcionar caravana de Lula em Alagoas (na coluna PAINEL, da FOLHA)

Tiete Crítico ferrenho do presidente Michel Temer, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) vai recepcionar a caravana de Luiz Inácio Lula da Silva em seu Estado, ao lado do filho, que é governador. O petista inicia o giro pelo Nordeste dia 16.

Classe média sofre O alagoano levou colegas de Congresso às gargalhadas ao chegar atrasado ao jantar oferecido pelo presidente do Senado para discutir a reforma política, na terça (8). Disse que seu voo demorou a decolar e emendou: “Ser baixo clero é um desastre!”

 
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Fonte:
FOLHA / GAZETA DO POVO

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3 comentários

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    A comissão Especial da Reforma Política aprovou na noite de ontem um novo modelo para a eleição de deputados federais, o chamado "Distritão". A aprovação vai totalmente na contramão dos interesses da população, que prega pela transparência no processo, pela redução nos custos de campanha, e também pela real representatividade do voto brasileiro. Esses anseios são atendidos pelo modelo Voto Distrital Puro, algo bem diferente do que foi aprovado pela comissão.

    (PS.: João e Alex, como leitor assíduo e comentarista do site Noticias Agricolas, quero sugerir que leiam esse artigo do Luis Phillipe Orleans e Bragança e façam um programa de provocações a respeito do tema, no momento que considerarem adequado. Uma grande abraço. http://lpbraganca.com.br/porque-o-voto-distrital-puro-e-melhor/).

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    João e Alex, como leitor assíduo e comentarista do site Noticias Agricolas, quero sugerir que leiam esse artigo do Luis Phillipe Orleans e Bragança e façam um programa de provocações a respeito do tema, no momento que considerarem adequado. Uma grande abraço. http://lpbraganca.com.br/porque-o-voto-distrital-puro-e-melhor/

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  • Carlos Alberto Erhart Sulina - PR

    Só mesmo Bolsonaro prá dar um pingo de esperança em nosso país!

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Exatamente Sr. Erhart, só Bolsonaro pode tirar o país do atoleiro moral onde se encontra. Ontem suas excrecências aprovaram o distritão e 4 bilhões do fundo partidário. Renan Calheiros e sua turma podem rir a vontade. E agora João Batista, o povo vai financiar as nulidades que irão se eleger com dinheiro público???. Dória, o bilionário varredor de ruas, não se pronunciou até agora, ele é Alckmin, Alckmin é Dória. É ou não tudo farinha do mesmo saco?

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