Comunidades indígenas plantam feijão sem defensivos químicos
Nesta quarta-feira (9.8) comemora-se o Dia Internacional dos Povos Indígenas ou apenas o Dia Internacional do Índio, uma data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reconhecer e dar voz aos índios do mundo inteiro. A nível regional, essa data ganha representativa tanto quanto o dia 19 de abril à medida que levamos em consideração o fato de que Mato Grosso do Sul é o segundo estado brasileiro com maior população de indígenas, 77 mil para ser mais exato, ficando atrás apenas do Amazonas que conta com 183 mil índios, dados do último Censo do IBGE.
Dentro deste contexto a gestão Reinaldo Azambuja vem desempenhando um papel inédito no segmento da agricultura familiar desde que implantou o Programa de Apoio às Comunidades Indígenas de Mato Grosso do Sul (Proacin). Há dois anos em execução o programa já calcula em suas atividades um investimento de R$ 1 milhão apenas por parte do executivo estadual para compra de sementes de milho e de feijão, conserto de tratores e compra de óleo diesel para operacionalização das máquinas.
Idealizado pela equipe da Agraer junto à subsecretária de Políticas Indígenas da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast), o Proacin foi criado no ano de 2015 e lançado oficialmente em 2016.
O programa tem a missão de atender 15 mil famílias indígenas que formam 72 aldeias espalhadas pelo Estado, sendo que muitas famílias já colhem com orgulho os frutos ou melhor os grãos de seus trabalhos nas lavouras como é o caso dos três produtores indígenas, Severino de Souza, Osmar Coimbra e Cafú de Souza da aldeia Ofaié, no município de Brasilândia. “A gente plantou feijão em seis hectares de terras com a ideia de utilizar uma parte para consumo e a maior parte para a venda”, informou Severino de Souza.
Os três decidiram somar forças para terem a melhor produção de feijão possível. Segundo o agricultor indígena Severino de Souza, a divisão da lavoura foi feita em partes iguais, dois hectares de terra cada e o acompanhamento técnico de toda a plantação ficou a cargo da engenheira agrônoma e coordenadora municipal da Agraer de Brasilândia, Francielle Louise Malinowski. “Enquanto técnicos, nosso papel é o de entrega dos materiais [sementes] do Proacin, do planejamento dos insumos e levantamento da manutenção de tratores. Além de visitas para acompanhamento da lavoura e orientação técnica dentro dos princípios da agroecologia”, informou.
A dedicação dos indígenas à agricultura familiar aliado ao conhecimento técnico da Agraer de Brasilândia é vista pela extensão e o verde da lavoura. “O Proacin foi muito importante pra gente porque viabilizou as sementes sem custos. A Agraer também esteve com a gente algumas vezes. Então, é uma ótima ajuda para a gente desenvolver um bom trabalho”, afirmou o produtor Severino.
Como o cultivo do feijão foi feito dentro dos princípios agroecológicos, sem o uso de defensivos químicos, o produto tem três vantagens: agregar maior valor e, consequentemente, maior renda aos três agricultores, e propiciar maior qualidade ao alimento que chega a mesa do consumidor. “Devemos comercializar o feijão na cidade. Depois é pensar em aumentar os compradores e quem sabe entrar em programas de venda para o governo mais para frente”, garantiu o indígena.
Tal medida beneficia, inclusive, as raízes agrícolas indígenas dos primórdios da história: a de cultivar alimentos com o mínimo de impacto ambiental possível, pois dados históricos apontam que o perfil de nosso povo indígena não se limitava a meramente caçadores-coletores. “O cultivo é agroecológico, e é minha postura como técnica sempre orientar e motivar o uso de práticas ecológicas, principalmente com o público indígena”, informou Francielle.
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