Café: Produtores não tem interesse em vender nas bases atuais e não há pressão vendedora
À medida que os trabalhos de colheita e benefício avançam, cresce a preocupação dos cafeicultores com a quebra na renda, volume menor de grãos de peneiras mais altas, 17 e 18, e porcentagem maior de frutos brocados. Esse quadro de safra menor do que esperavam, com menos peneiras e mais grãos brocados leva o produtor a não aceitar o patamar de preços oferecido pelo mercado.
O aumento do custo de produção, defensivos à frente, deteriora ainda mais a situação da cafeicultura. Como se não bastasse, hoje o governo federal aumentou os impostos PIS e Cofins para os combustíveis. A decisão representará um aumento imediato de preços nas bombas de cerca de 8%, conforme previsão oficial. Esse forte aumento em plena colheita, jogará os custos do cafeicultor ainda mais para cima. Impacta na colheita, no benefício, no transporte e na armazenagem da nova safra.
A contínua queda do dólar frente ao real é outro fator que dificulta os negócios no mercado físico brasileiro. Desde a máxima de R$ 3,3836 do dia 18 de maio, o dólar já acumula perda de 7,60%. Em dez pregões consecutivos de baixa, a cotação perdeu 5,28%. É a mais longa série de baixas desde 2010 e está entre as quatro mais duradouras de toda a história do real (fonte: jornal VALOR Econômico).
A forte frente fria que subiu do sul do Brasil nos últimos dias 18 e 19 foi realmente uma das maiores dos últimos 50 anos e só não atingiu com força os cafezais do norte do Paraná, São Paulo e Minas Gerais devido ao tempo nublado e de uma linha de instabilidade no sul e leste de São Paulo, que se estendeu até o sul de Minas Gerais, evitando temperaturas mais baixas e geadas nas regiões produtoras de café. Foi por pouco.
Coincidentemente, essa perigosa frente fria subiu no mesmo dia em que 42 anos atrás, no dia 18 de julho de 1975, tivemos a maior geada do século 20 sobre os cafezais brasileiros. Arrasou o Paraná e atingiu com força São Paulo e sul de Minas Gerais. Trouxe enormes prejuízos e levou a uma mudança radical no eixo produtor de café no Brasil.
Mesmo com o sério quadro descrito acima e o Brasil com seus estoques de café zerados, as cotações do café oscilaram pouco esta semana na ICE Futures US. Fundamentos do mercado físico influem pouco nas decisões dos operadores em Nova Iorque, cada vez mais focados em seus programas comandados por algoritmos. Os contratos com vencimento em setembro próximo acumularam alta de 285 pontos no período.
No mercado físico é grande a resistência dos produtores em vender nas bases atuais. Já se nota um estreitamento dos diferenciais nas novas ofertas que chegam do exterior.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 7.294.945 em 30 de junho de 2017. Uma alta de 180.422 sacas em relação às 7.114.523 sacas existentes em 31 de maio de 2017.
Até dia 20, os embarques de julho estavam em 783.486 sacas de café arábica, 11.867 sacas de café conilon, mais 99.548 sacas de café solúvel, totalizando 894.901 sacas embarcadas, contra 1.084.922 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 20, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.223.735 sacas, contra 1.593.133 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 14, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 21, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 285 pontos ou US$ 3,77 (R$11,83) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 14 a R$ 562,94 por saca, e hoje dia 21, a R$ 566,63 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 155 pontos.
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