Nos EUA, clima segue irregular e comprometendo produtividade dos grãos
O desenvolvimento da nova safra de grãos dos Estados Unidos está no centro da atenção do mercados internacional e nacional neste momento e esse deverá continuar sendo o principal fator de movimentação das cotações. No entanto, agora o que mais se ouve de analistas e consultores - sejam brasileiros ou estrangeiros - é que há "mais do mesmo" conduzindo as cotações, as quais apresentam, de fato, um movimento de alta mais contido.
"É só clima. E nas próximas semanas, o mercado vai depender disso também. Toda a expectativa está na previsão para as próximas duas semanas e, além disso, as previsões mostram ainda clima quente e seco durante todo mês de agosto", explica Steve Cachia, diretor da Cerealpar e consultor do Kordin Grain Terminal, em Malta, na Europa.
Embora ainda haja um tempo considerável para a conclusão da nova safra norte-americana - a maior parte das lavouras de milho, neste momento, está na fase de pendoamento, e as de soja, em florescimento - as adversidades climáticas observadas até este momento já indicam, ainda de acordo com especialistas, um menor potencial produtivo de ambas as culturas.
"Com tudo o que aconteceu até agora, a produtividade, no mínimo, deverá ser inferior às estimativas anteriores. O clima não está perfeito este ano", afirma Cachia. E a irregularidade das condições é o que mais tem sido reportado dos campos norte-americanos. Em seu último reporte semanal de acompanhamento de safras, afinal, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), na última segunda-feira (17), reduziu em mais um ponto percentual seu índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições para 61% e as de milho para 64%.
Segundo informações apuradas pelo portal internacional Farm Futures, "os produtores americanos continuam informando uma deterioração de sua safra, com muitos dizendo ainda que receberam chuvas demais ou chuvas de menos". Mesmo assim, segue o consenso de que as situações mais complicadas continuam a ser observadas nas Planícies do Norte, onde a seca pegou em cheio a soja, o milho e o trigo de primavera nas Dakotas.
Ao Farm Futures, um agricultor do sul de Mitchell, na Dakota do Sul, diz "não teremos nada de milho em um raio de 50 milhas. Outro, da Dakota do Norte, afirma que "as safras estão queimando, dia após dias no calor de mais de 37ºc. Precisamos de chuvas". Ao mesmo tempo, do sudoeste de Minnesota, vem a informação de que o stress causado pela seca foi - mesmo que ligeiramente - aliviado por uma boa chuva nos últimos dias.
Lavoura de soja em Wilmot, Dakota do Sul - Foto de Jason Frerichs
Milho em Shadehill, Dakota do Sul - Foto de Doug Ham
Em outro ponto do Corn Belt, em partes de Ohio e centro de Indiana, as chuvas foram muito volumosas. De Lafayette, Indiana, um produtor recebeu mais de 100 mm, o suficiente para tirar da terra a soja que já estava plantada. Há ainda muitos relatos e comentários de um início estressante de safra, com stands desiguais e muitos casos de replantio. "Essa é a sara de milho mais desigual de que tenho memória", diz um produtor de Kokomo, Indiana.
Lavouras de milho e soja em Northfield, Minnesota- Fotos de Carol Peterson
Milho em Monroe City, Missouri - Foto de Tyler Mudd
Milho em Maxwell, Iowa - Foto de Rhonda Birchmier
Besouros na soja em Daviess County, Indiana
Ainda de acordo com os dados do USDA do boletim da última segunda-feira, os cinco estados que têm as piores classificações para as lavouras de milho são das Dakotas, Indiana, Ohio e Colorado. Para a soja, a diferença fica por Nebraska no lugar de Ohio.
Ainda segundo Cachia, o clima nas próxima seis semanas será o ponto-chave para determinar a safra e, portanto, a direção dos preços também. "Tudo depende do tamanho das perdas que poderão haver. Eu não descarto momentos de volatilidade elevada e oscilações bruscas nas cotações futuras", diz. "O mercado está precificando isso desde o o fim de junho, saímos de US$ 9,00 para quase US$ 10,50, isso é um ganho de quase 15%. A correção veio devido às previsões de chuvas e o último relatório do USDA (mensal de oferta e demanda do dia 12) mostrando uma safra maior", completa.
Em visita aos Estados Unidos, o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Endrigo Dalcin, visitou áreas produtoras no Meio-Oeste americano e pôde constatar a preocupação dos produtores norte-americanos neste momento, que é determinante para as duas culturas.
"É uma fase crítica e se esse tempo mais seco persistir, teremos quebra de safra com certeza. O potencial produtivo não se expressa com essa falta de água nesse período crucial para determinar a produtividade das lavouras", relata Dalcin. E nos locais que sofrem com esse tempo mais quente, o presidente da Aprosoja MT acredita que precipitações de 20 a 30 mm já poderiam amenizar essa situação. "Há um período seco, mas as chuvas podem, rapidamente, solucionar esse quadro. O produtor brasileiro, portanto, precisa de cautela e planejamento", completa.
No link abaixo, veja a íntegra da entrevista de Endrigo Dalcin, direto de Washington, para o Notícias Agrícolas
Com informações do Farm Futures e do Agriculture.com
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